Leia Tiago 4
Eu me recordo de dois artigos que li há muitos anos atrás, ainda adolescente no Jornal do Palavra da Vida. Ambos tratavam de aspectos sobre Paulo, no primeiro de forma irônica, Paulo era recusado na Junta de Missões por conta do seu comportamento. No segundo havia uma análise em tom sério sobre controvérsias e se elas eram boas ou não. Em ambos os casos o comportamento de Paulo como alguém que se empenhava em apologias do Evangelho de forma veemente eram o ponto principal. Recentemente li um livro de John Stott, As Controvérsias de Jesus, onde o autor traz a lume vários momentos nos quais Jesus confrontou de forma firme, e até violenta[1], erros de ensino e comportamento de interlocutores.
Por que apresentamos a visão acima? Porquê em muitos momentos esse texto de Tiago parece, apenas parece, inicialmente condenar divergências na Igreja. O que Tiago faz é esclarecer a raiz do surgimento das contendas, sua fonte, nem de longe temos aqui o autor sendo condescendente ou tolerante ao erro. A origem dos problemas, das discussões e contendas está no pecado do homem. Tiago lista algumas questões que são cruciais se usadas:
a) Cobiça e Inveja;
b) O desejar o mal do outro ou até mesmo cometer esse mal;
c) Disputas por coisas terrenas;
d) Desejos para deleites pessoais, inclusive na oração;
e) Apego aos prazeres da carne;
f) Apego as coisas do mundo.
“... o Espírito que Deus fez habitar em nós tem ciúmes ...”
Em relação a esse texto inserido em Tiago 4:5 não vamos nos deter nos comentários, possivelmente o façamos em um outro artigo. Esse texto é de difícil interpretação, existem correntes que entendem a palavra traduzida por ciúmes de diversas maneiras. Não há consenso tão majoritário que Espírito a Bíblia aqui se refere, se o espírito humano ou Espírito de Deus. Lembrando que o início das palavras com letras maiúsculas não existe no grego, o que complica ainda mais. A palavra traduzida por ciúmes a despeito de alguns a terem associado com o zelo e o ciúme apresentados no Antigo Testamento não é a mesma e não tem o mesmo sentido. Depois de ler vários estudos e na maioria deles apresentarem-se como inconclusivos não serei eu a cravar o sentido desta frase.
Vamos pular e trazer o verso 6 que é bem claro, Deus se agrada dos humildes e aborrece aos soberbos. Tiago enfatiza a ideia de humildade e pureza na nossa aproximação com Deus. Condena de forme veemente o cochicho, a fofoca, o julgamento leviano. Tiago não proíbe o julgamento pelos frutos apresentados e sim o julgamento feito de forma açodada e sem que se olhe a própria situação, além do que trata principalmente da condenação injusta e definitiva.
Por fim ele encerra demonstrando que podemos até pensar e planejar nosso futuro porém nossos projetos pessoais sempre estarão submetidos a vontade de Deus por mais que sejamos cuidadosos. Não, Tiago não está defendendo uma teologia do acaso, da irresponsabilidade, ele está condenando a arrogância humana de achar que pode conduzir seus próprios destinos sem se submeter a Deus.
Sei que pode ser meio frustrante termos pulado um versículo, mas nos concentremos na mensagem que Tiago nos quis passar que não muda independente da interpretação daquele texto, pureza e humildade são duas boas fontes para agradar a Deus e balizar nosso comportamento.
Comentários
Postar um comentário