Leia Tiago 3
É interessante notar que esse capítulo quase sempre nos remete a ideia da língua como fofoca, mas ele começa tratando de algo bem diferente, o ensino cristão.
Sabiamente Tiago trata de aqui de um pecado bem comum e de difícil ação que o evite entre os cristãos. O falar demais. Aliás a nossa sociedade tem gerado uma gama de especialistas em tudo, inclusive em ensino cristão, que espantaria aos bem antigos, já que todos se consideram mestres no saber de quase tudo.
De fato a maioria nem considera a advertência feita por Tiago onde ele diz que aqueles que se arvoram no saber devem ter em mente que serão mais cobrados. Escrevo isso com. Bastante temor e consciência de que ao faze-lo estou me pondo exatamente nesse crivo. “O mestre tem de prestar contas por tudo o que ele ensina, e este juízo estreito deve constrangê-lo a não usar palavras frívolas. A língua do mestre pode ser um perigo devastador.”[1] A igreja deve dar muita importância e tratar com cuidado o que é ensinado. Os líderes são responsáveis por qualquer erro que interferirá no entendimento e por conseguinte na comportamento do rebanho.[2]
Tiago usa uma metáfora entre a língua, pequeno órgão, refreando ou pondo todo o corpo em risco, associa ainda esse pequeno pedaço do corpo humano a figura de arreios em cavalos e do leme nos grandes barcos que interferem diretamente no comportamento mesmo sendo tão pequenos em relação ao todo. Usa ainda a metáfora do fogo, um pequeno deslize não tratado pode ir corroendo como fogo que ao final consome tudo.[3]
Interessante como nos versos 7 e 8 , Tiago faz um paralelo constrangedor para nós, ele nos diz que a humanidade consegue dominar sobre toda a criação, domando aves, répteis, feras, grandes animais mas não consegue dominar sua singela língua, e diz mais, essa pequena língua pode conter veneno mortal, para si e para os outros. A advertência é forte, da mesma língua não pode jorrar benção e maldição. Nossas palavras podem tanto ser instrumento abençoador para quem as ouve como pode ser instrumento de ódio e maldição se não as usarmos como sabedoria.
Temos meio de balizar a questão e avançarmos nas palavras da forma correta? Sim. Através do apego a sabedoria que bem de Deus. Nunca nos esqueçamos que toda sabedoria começa em Deus.[4] Tiago nos dá indicações do uso correto do falar:
a) Mansidão;
b) Generosidade;
c) Verdade;
d) Nenhuma inveja nem amargura;
e) Sem desejo de causar dissensão pelo contrário pacificadora;[5]
f) Sinceridade e pureza;
g) Misericórdia;
h) Busque o que é correto, a justiça e bons frutos.
Esses princípios devem nortear o nosso falar, sem esses princípios a nossa sabedoria segundo Tiago é “... animal e demoníaca ...” usando eles ela será proveniente “... do alto.”
Encerramos enfatizando que o tratamento aqui não é apenas de maledicência, embora esteja incluso, mas em qualquer forma de falar.
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