Leia Hebreus 4:1-13
Na passagem anterior o autor de Hebreus traça um paralelo entre a situação dos israelitas quando saíram do Egito para a terra prometida com a situação contemporânea dos crentes que saíram da escravidão do pecado e estão no caminho para a terra celestial. Em ambos os casos ele fez uma dura advertência sobre a incredulidade nessa caminhada como sendo fortemente castigada por Deus.
No capítulo 4, em sua primeira parte, ele traz a lume mais uma questão fundamental, justamente o contraponto a incredulidade, a fé na promessa como sendo condição fundamental para entrar no descanso de Deus.
É interessante como ele apresenta logo de início duas ideias e respostas sobre confiança.
1) Devemos temer o juízo se perdermos a confiança;[1]
2) Não devemos temer nenhuma ação humana;[2]
O Evangelho trata de boas novas de libertação. Da mesma forma que anunciadas no Sinai a Israel, agora estavam sendo anunciadas de forma muito mais clara e contundente mas mais uma vez insiste que a porta de entrada nas bênçãos da promessa se dá mediante a confiante fé, sem ela as promessas não serão de valia. Mais uma advertência: “... se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração ...”[3]
Aqui uma nuance que pode passar despercebida, o descanso de Deus não era de forma definitiva a terra de Canaã, ali tínhamos apenas um tipo da promessa completa, esta se referia ao descanso eterno. Quando Davi escreveu o Salmo, teve um vislumbre da promessa maior visto que Israel já estava ocupando Canaã há algum tempo. A promessa de uma nova pátria já era bem mais abrangente do que apenas a posse da terra.
O autor faz mais um paralelo entre situações aqui nesse texto. O descanso do shabbat divino no sétimo dia após concluir a criação serve como exemplo do descanso eterno, comumente e erroneamente confundido com a morte, onde nesse descanso estaremos livres definitivamente de sofrimento, tentações, cansaço.
No verso 11 mais uma admoestação ao esforço na confiança e fé e obediência, com apego a Palavra. Diz o autor que “... A Palavra é como espada de dois gumes e penetra até o ponto de dividir alma, espírito, juntas e medulas e apta para discernir pensamentos e propósitos ...”.
Vamos gastar algumas linhas nesse versículo. A tentação de usar esse texto para o debate dicotomia x tricotomia é grande, mas indevido, sem entrarmos nesse assunto aqui entendemos o entendimento majoritário entre os analistas bíblicos é que a questão alma x espírito aqui é apenas uma ênfase poética sobre a capacidade de penetração da Palavra.
Mas o que nos interessa mais aqui é a ideia de as Escrituras e seus ensinamentos tem a capacidade de profundamente separar aquilo que é íntimo e sincero daquilo que é apenas aparente. Temos com alguma frequência visto penetrar na igreja um dos grandes males da sociedade moderna, a sinalização de virtude, não que ela já na existisse desde sempre, o pecado de Ananias e Safira foi em essência mentir porque desejavam sinaliza que eram virtuosos em sua doação, sem o serem em seus corações. Cada vez mais vemos trejeitos e declarações que num mundo emocional “demonstram” o quanto algumas pessoas estão “envolvidas” na obra. Não basta falar de Cristo mas sim todos saberem que você está falando. Um exemplo clássico são os parabéns nas redes sociais. Gente que muitas vezes nem lhe cumprimenta no mundo real, lhe faz efusivas congratulações e rogo de bênçãos no Face book e no WhatsApp. E mesmo alguns que tem alguma convivência mais próxima se sentem compelidos a dar os parabéns sempre de forma pública e não numa mensagem privada ou numa ligação.
Voltando ao tema das Escrituras como espada que vai no fundo, são nelas que encontramos elementos para discernir o que é certo e o que não é, e mesmo para a usarmos no auto discernimento sobre os motivos de nossos corações e mentes que determinam nossa ações. Mas além do próprio autodiscernimento o texto nos ensina que ela nos diz que demonstra de forma aberta e clara as nossas intenções diante de quem prestaremos contas, o próprio Deus.
Encerrando temos alguns pontos que pensamos ser essenciais transmitidos aqui:
a) A fé confiante é condição essencial para agradar a Deus;
b) A fé confiante é a única forma de tomarmos posse das bênçãos prometidas por Deus;
c) A fé confiante terá que ser sempre sincera e vir do íntimo de nosso ser e provada pela Palavra;
d) A fé confiante nos leva a uma vida de obediência e dedicação.
Que assim seja com todos.
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