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Devocional: Hebreus 12 – As duas alianças, Sinai e Sião

 


 

Leia Hebreus 12:18-29

 

O autor usa a figura de dois montes, locais significativos na história de Israel, monte Sinai, durante a peregrinação do Egito para Canaã, local de recebimento das tábuas da lei, e o monte Sião muitas vezes usados como símbolo do local prometido por Deus. Existem diversas figuras associadas: Fortaleza de Sião, Portas de Sião, Filhas de Sião, Torres de Sião entre outras, “Sião” frequentemente aparece na literatura poética e profética do Antigo Testamento de forma metafórica indicando a habitação de Deus e tem seu significado ampliado tendo o entendimento de local de atos divinos de salvação e julgamento.[1] No livro de Apocalipse essa figura simbólica da imagem de habitação de Deus também está presente quando João vislumbra o Cordeiro sobre o monte Sião.[2]

 

Mas o que queremos mesmo destacar aqui são as diferenças que o autor tenta traçar entre as características de cada momento na vida da Igreja.[3] O primeiro tema interessante é a comparação da Alegria e do Acesso, enquanto no Sinai o local era intocável e distante precisando da mediação de Moisés, em Sião, não há medo em adentrar no local sagrado, porque o Salvador lavou os seus com o perdão do seu sangue.

 

O Sinai era uma situação transitória, que foi transportada e simbolizada no tabernáculo, mas tudo ali desde sempre existia para ser removido ou transformado a partir da nova aliança. No Sinai tudo era transitório, interessante notar que o temor do povo se transmutou em medo quando pediram que Deus não lhes falasse mais porque tinham medo de serem consumidos. A entrega das tábuas da Lei acontece em meio a uma grande demonstração de poder de Deus, o medo se estabeleceu entre o povo.[4]

 

Em Sião, nos traz o autor da carta, continuamos na peregrinação terrena e, à semelhança dos patriarcas buscamos uma "cidade permanente" mas pelos méritos de Jesus, já vislumbramos e até sentimos em parte a presença da Jerusalém celestial, de certa formal, ainda não plena, pela fé, podemos entrar no Santo dos Santos e cultuar a Deus juntos com os anjos.[5]

 

No Sinai os sacerdotes serviam no santuário no lugar do povo, em Sião todos os crentes, redimidos da destruição, são "primogênitos", consagrados a Deus e arrolados como os seus sacerdotes. Todos os crentes passam a cultuar na Terra e nos Céus, em cada momento de suas vidas e não apenas no templo.

 

No Sinai, a Lei era o que determinava a caminhada, em Sião a presença benfazeja de Jesus, traz alegria, confiança e liberdade para adorar.[6]

 

Depois dessas considerações sobre as diferenças entre o Sinai e Sião, o autor faz uma exortação sobre a anunciação do Evangelho dizendo ser esta mais importante e superior a Lei, a mensagem de Sião de requerer de nós mais atenção do que a mensagem do Sinai.

 

Mais uma vez Céus e Terra serão abalados, mas o Evangelho permanecerá para sempre. Quanto a nós devemos servir a Deus de modo agradável com corações gratos que são resultantes da nossa Eleição incondicional e Graciosa e da recepção do dom inefável de nossa como Dom Gratuito de Deus.

 

a)    Gratidão (Lc 10.20);

b)   (2 Co 9. 15);

c)    Reverência e Temor (v. 29)

 

Esses itens tem que fazer parte do culto agradável a Deus. A referência ao fogo consumidor conforme Deuteronômio 4:24, nos traz a mente a santidade de Deus e o caráter definitivo de seu juízo.



[1] Salmo 14:7; Isaías 2:3; 4:4; 8:18; Miqueias 4:1-5; Lamentações 4:11;

[2] Apocalipse 14:1;  21:10

[3] Nosso entendimento está de acordo com a corrente majoritária dos reformistas que entende que a Israel era a Igreja do Antigo Testamento.

[4] Isaías 6.4-5; Mateus 17.6; Apocalipse 1 17

[5] Deuteronômio 33.2; SaImo 68.17; Daniel 7.10

[6] Não estamos aqui entrando na discussão da necessidade de formalidade dos atos do culto solene, ideia a qual advogamos.


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