Leia Hebreus 10
Certamente uma das maiores preocupações do autor da carta aos Hebreus era deixar de forma bem distinta e marcante as diferenças entre a aliança no Antigo Testamento e a aliança no Novo Testamento, principalmente na questão da perfeição desta e da imperfeição daquela. Ele retoma algumas afirmações importantes:
A Aliança
Antigo Testamento |
Novo Testamento |
As coisas eram apenas sombras |
As promessas se tornam presentes e reais |
A purificação não era permanente |
Os pecados foram perdoados definitivamente |
Os pecados eram recordados recorrentemente |
Deles não se lembra mais |
Os sacrifícios eram ineficazes |
O sacrifício de Cristo é único e definitivo |
Essas novas características da aliança confirmadas em Cristo nos trazem uma série de privilégios que são descritos pelo autor. Ele fala da abertura que nos permite entrar com intrepidez no Santíssimo e nos diz que nos aproximemos com:
a) Fé;
b) Sinceridade;
c) Com boa consciência; e
d) Purificados na água pura que é o sangue do cordeiro.
Ele segue citando o comportamento dos salvos falando em guardar a esperança confiados em quem fez a promessa, apegados uns aos outros nos estimulando em amor, afeitos às boas obras[1], não se apartando da congregação e fazendo admoestações uns para com os outros.
Os seis versículos que seguem tem um grau de dificuldade razoável de interpretação. Alguns cristãos de forma equivocada projetam a possibilidade, mesmo que hipoteticamente, de uma vida totalmente sem pecar após a regeneração, não nos parece nem um pouco razoável essa afirmação a luz dos textos bíblicos. Todo cristão peca, dizer algo diferente é ilusão.[2] Além disso essa ideia levaria a um desespero de crentes em relação a graça[3].
Nos parece que o pecado deliberado citado aqui é o total abandono da fé em Cristo, desprezando o sangue, o sacrifício, tomando-o como algo sem sentido, escarnecendo e zombando do Espírito de Deus[4]. “Aqueles que abandonam a confissão de sua fé em Cristo não têm nenhum outro recurso para alcançar o perdão.[5]”
O autor conclui o capítulo enumerando diversas tribulações e provações enfrentadas pelos salvos em contraponto as ricas promessas feitas por Deus, “sustentastes grandes lutas”, e “aceitastes com alegria” ultrajes, confiscos de bens, prisões e até a expulsão de Roma[6] mas todas essas perdas são contrapostas pelo autor a partir do reconhecimento de um patrimônio superior e durável. Fala em confiança e perseverança para alcançar as promessas do mundo vindouro.
O autor termina esse capítulo com três versos de promessa e confiança fazendo a transição para o que virá a seguir onde ele demonstra através de diversos personagens bíblicos de como a fé, e somente ela, em Cristo Jesus é o fio condutor de nossa reconciliação com o Pai.
“Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé; Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.”
[1] Insistimos que boas obras ao longo da história foi muito associada de forma equivocada a ações sociais, o termo no sentido bíblico se refere a todo o conjunto de ações dos crentes, significando agir de forma benevolente e íntegra em todas as situações para muito além apenas de atos caridosos de assistencialismo.
[2] 1ª João 1:8
[3] 1ª João 2:1-2
[4] Blasfêmia contra o Espírito Santo. Mateus 12:31-32
[5] Comentário da Bíblia de Estudo de Genebra
[6] Por volta do ano 49 d.c. o imperador Tiberius Cladius, quarto imperador a parir de Julius Cesar, expulsou todos os judeus de Roma.
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