Provavelmente Pedro tinha em mente combater alguma forma de gnosticismo nessa carta, aparentemente ligada a ideia que a separação carne e espírito permitiriam a entrega as paixões humanas sem comprometer a vida cristã. Há uma certa urgência em suas palavras como ele próprio diz sentir aproximar-se sua morte e ao mesmo tempo afirmar que faro o possível para que seus ouvintes mantenham firme o foco no Evangelho verdadeiro. O público não está bem identificado. Existem três partes bem delineadas na carta:
a. Apresentação do verdadeiro evangelho;
b. Falsos ensinos;
c. A segunda vinda de Cristo e a importância desse evento para o cristianismo.
O Verdadeiro Evangelho
A palavra conhecimento das verdades do Evangelho é um tema recorrente nessa carta, o tema é citado onze vezes talvez como forma de fazer um contraponto ao gnoses, o conhecimento esotérico.
É interessante como Pedro nos apresenta o ensino que nos foram “... doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade ...” através do “... conhecimento completo e daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude ...” para que possamos como co-participantes da natureza divina pela presença do Espírito Santo de Deus vivermos livres da “... corrupção das paixões que há no mundo ...”. A ênfase na questão do conhecimento é muito importante, sem o conhecimento profundo das verdades do Evangelho sempre estaremos a mercê dos ventos de doutrina. E ele nos demonstra o desdobramento desse conhecimento.
Não há uma relação definitiva de causa e efeito e de lógica temporal mas Pedro nos apresenta um crescimento pessoal de cada cristão desembocando em ação e frutos e faz como é caraterístico nas duas cartas mais um contraponto afirmando que aqueles que assim não progridem se tornam deficientes visuais sem enxergarem o para que foram salvos, para santificação e então nos exorta confirmarmos com diligência nossa vocação e salvação.
Achamos importante destacar que Pedro não está aventando a hipótese de perda da salvação e sim admoestando a todos que a verdadeira fé produz resultados que podem ser vistos.
a) A escolha dos eleitos é firme e certa em Deus – 2ª Timóteo 2.19;
b) A certeza do chamado vem pela da evidência da obra do Espírito Santo em nossa vida – 1ª João 3:10, 14; e
c) Pelo testemunho interno do Espírito em nossos corações - GáIatas 4.6.
A fé verdadeira é genuína e perseverante e produz frutos.[1]
Pedro invoca sua autoridade como testemunha ocular dos fatos do ministério de Jesus para demonstrar ainda mais a correção e poder daquilo que está ensinando. Enfatiza a segunda vinda de Jesus, naquele momento já corria fortemente uma heresia que defendia a ideia de que não existiria uma segunda vinda. Não com fábulas, sempre uma forma usada no Novo Testamento para indicar coisas fantasiosas, Pedro reforça a filiação divina o poder e a majestade de Jesus Cristo, outra heresia comum era caracterizar Jesus apenas como mais um homem. O apóstolo rebate a ideia enfatizando que Jesus é o Filho de Deus, e reforça a unicidade das Escrituras como toda ela proveniente de inspiração pelo Espírito Santo e não por deduções humanas.
Prossigamos no conhecimento.
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