Leia 2ª Pedro 3
O advento prometido e profetizado da segunda vinda de Cristo é um assunto essencial para a compreensão do Evangelho. Podemos afirmar sem dúvidas que não faria qualquer sentido o primeiro advento sem o segundo advento da vinda do Messias. Ou como diz Paulo nossa fé seria vã, sem razão de ser. Se Cristo não houvesse ressuscitado não haveria expiação e se não houver a volta em gloria de nosso Senhor todo o ensino e os princípios do Evangelho não fariam sentido.
A dúvida e o consequente escárnio daqueles que zombavam dos cristãos pela suposta demora no cumprimento da promessa. Muitos achavam que nada aconteceria por conta do que eles consideravam uma grande demora. Pedro até traz seus argumentos: Onde está a promessa? Nada muda faz tempo. O apóstolo refuta essa forma de enxergar lembrando o longo tempo decorrido entre a criação do mundo até o dilúvio e até os tempos atuais para eles. Uma das expressões mais conhecidas da Bíblia é essa citada por Pedro: “... para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia ...”[1]. Acho que nem precisamos dizer que não há a ideia de literalidade, um dia igual a mil anos, e sim a expressão que Deus é Senhor do tempo e da história e para ele o tempo como vemos não existe.
Pedro tenta transmitir aos seus leitores a ideia de que age com longanimidade, a suposta demora é na verdade a paciência e misericórdia de Deus. Deus adia o juízo do povo de Deus, e não do mundo todo. Deus deseja que nenhum dos seus eleitos pereça.[2] A despeito dessa paciência e misericórdia a volta do Senhor será de forma inesperada. A chegada dos novos céus e nova terra devem ser aguardados com esperança e confiança pelos cristãos e dessa forma os dias de espera devem ser vividos empenhados para serem achados sem mácula e irrepreensíveis e faz referencia a Paulo tratando do mesmo assunto indicando inclusive o dom da sabedoria e inspiração divina dada àquele.[3]
Um adendo curioso aqui é Pedro se referindo que Paulo por vezes escreve “... coisas difíceis de entender ...” expressão que alguns mais apressados ou por qualquer razão que seja usam para desqualificar não as palavras em si, mas a busca pelo entendimento através de um estudo aprofundado, ou ainda que o próprio Pedro estaria dizendo que Paulo escreve coisas que até ele não entende. Não é nada disso, Pedro está sim fazendo uma crítica a instabilidade e ao apego a ignorância que se valendo da própria dificuldade de compreensão deles mesmos e dos outros “... deturpam, como também deturpam as demais Escrituras ...” e alertando que o fazem para “... própria destruição deles”, lembremos que o apóstolo Pedro foi quem escreveu sobre a necessidade de sabermos a razão[4] da nossa fé.
Pedro conclui advertindo-nos para termos cuidado com tais pregações que se desviam da Palavra e ao mesmo tempo exortando para que todo cristão busque crescer em conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A ele seja toda glória, hoje e eternamente.
[1] Salmo 90:4
[2] João 6:39
[3] Efésios 3:2-7; Romanos 1.1; 1ª Coríntios 2.13; GáIatas 1:1
[4] Um dos conceitos de razão que entendemos tem ligação com o contexto do período apostólico é que ela engloba a “consciência moral que orienta as vontades e oferece finalidades éticas para a ação” ou ainda “a capacidade moral e intelectual dos seres humanos”. Portanto envolve o conhecimento de si mesmo e daquilo que se professa de forma ínitma.
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