Leia 1ª João 1:1-4
Não há duvidas que essa carta foi escrita pelo apóstolo João. Os primeiros versos dela trazem a mesma mensagem do início do Evangelho Segundo João. O principal tema da carta é o combate ao docetismo que sive baseava nas seguintes premissas heréticas: Jesus não seria efetivamente humano, ou seja, ele apenas parecia um homem, logo ele não teria morrido efetivamente já que era apenas um espírito que simulava um homem de carne e osso. Além disso era de certa forma uma variante do gnosticismo que apregoava que a salvação se baseava numa experiência (como vemos essa palavra no meio evangélico) mística entre cada indivíduo e Deus, que proveria um conhecimento que o levaria a salvação.
Esta carta se assemelha mais a um sermão do que a uma missiva direcionada a uma grupo mais específico. Ela procura mostrar de forma simples e objetiva a pureza cristã, defende a encarnação do logos de Deus, e mostra como o mal tenta distorcer a verdade e assim espalhar medo e escuridão.
Um subtítulo para essa carta poderia ser esse aqui “Deus é luz e de que Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado”.
Iniciando nosso artigo vemos os quatro primeiros versos apresentando Jesus como o Logos de Deus assim como ele faz no início do Evangelho. A definição exata de Logos (Λόγος) não é de fácil compreensão para nós no mundo moderno. Por mais que o Português seja uma língua mais complexa do que as línguas anglo-saxônicas e germânicas por exemplo, ainda está muito aquém do grego nas suas nuances e variações. Os termos “palavra” e “verbo” usualmente usados para traduzir o termo grego não expressam em si nem de longe o conceito.
De uma forma esquemática DA Carson nos explica coisas que envolvem o Logos de Deus, todas as referencias abaixo são do Evangelho de João:
· Pré-existente - 1.1,2; 17.5.
· Nele está a vida - 1.4; 5.26.
· Ele é a Luz da vida - 1.4; 8.12.
· Se contrapõe às trevas - 1.5; 3.19.
· Não pode ser vencida pelas trevas - 1.5; 12.35;
· Luz que veio a mundo - 1.9; 3.19; 12.46.
· Não foi recebido pelos seus - 1.11; 4.44.
· Gerado pelo Espírito e não pela carne - 1.13; 3.6; 8.41,42.
· Glorioso - 1.14; 12.41.
· Unigênito de Deus - 1.14,18; 3.16.
· A verdade - 1.17; 14.6.
· O único que viu o Pai - 1.18; 6.46.
Existem diversas definições para o termo Λόγος mas o que nos parece mais próximo daquilo que João queria manifestar é a que se refere como A Expressão Externa do Ser de Deus. Porém temos que ter me mente que não estamos aqui usando o termo expressão apenas como o mero sentido linguístico de transmitir uma mensagem proferida mas sim como uma expressão concreta do Ser íntimo de Deus, uma revelação profunda e marcante do próprio Deus habitando entre os homens, a execução de Sua palavra transformada em ação concreta e manifesta de Sua vontade. Essa Expressão ou Palavra de Deus está da mesma forma manifesta na:
· Criação – Genesis n 1.3; SaImo 33.6;
· Revelação - Jeremias 1.4; Isaías 9.8; Ezequiel 33.7; Amós 3.1,8; e
· Libertação – SaImo 107.20; Isaías 55.1.
O conceito de Λόγος está ainda ligado a Sabedoria de Deus[1] sendo em essência uma auto expressão do próprio Deus. Quem sabe faremos um artigo mais aprofundado só sobre as implicações disso.
João na sua carta combate diretamente logo de início o conceito de que Jesus fosse unicamente um expressão espiritual: vimos “... com nossos próprios olhos ... contemplamos ...” e nossa mãos “apalparam”. A encarnação real e material de Jesus é essencial ao Evangelho, sem ela não haveria sacrifício perfeito, sem ela não faria sentido o viver do Evangelho e o testemunho dele.
Precisamos entender que o evento central da história é a encarnação de Jesus Cristo. João se apresenta como uma das testemunhas escolhidas para ver, ouvir e tocar, e testemunhar daquele que existe deste o princípio - o Filho de Deus, que através da sua vida entre nós, da sua morte e da sua ressureição estende essa eterna comunhão com o Pai aos escolhidos de Deus. Aquele que era desde o princípio[2] esteve entre nós como homem, assim caminhou como nós, e através do seu sangue podemos ser lavados e purificados para estarmos com o Pai.
A encarnação é um evento decisivo na história humana e na relação de Deus com o homem. Jesus é a expressão de Deus verdadeiramente encarnada e esse é o principal tema da carta de João.[3]
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