A partir de um frase A.W. Tozer: “Um mundo assustado precisa de uma igreja corajosa” participei de um daqueles debates em comentários de Facebook. São sempre problemáticos porque inevitavelmente tendemos a ser reducionistas.
Não conheço o
contexto na qual a frase foi pronunciada, sei que existe um artigo na revista
ultimato[1] que a partir dessa frase aborda o comportamento da igreja em relação a
pandemia. Não pretendo tratar desse tema em especial mas de uma outra questão. Como em geral também acontece no Facebook, os comentários terminaram derivando
para algo tocante a postura da igreja em relação aos governos e governantes, o que não
seria um problema em si, se esse debate não estivesse quase sempre impregnado
de ideologias políticas que se sobrepõem ética cristã.
Ora, não vivemos sem nossos preconceitos, já tratei disso diversas vezes, todos, absolutamente todos somos preconceituosos, e isso não é necessariamente um problema, o erro estará na discriminação se aplicada de forma injusta baseada apenas neles. Mas tudo que vemos, lemos, ouvimos e falamos passa inevitavelmente pelo filtro de nossos conceitos (pré) existentes, sejam o contexto social, histórico, ético, moral. Nem de longe aqui defendo a ideia de verdade fluida, existem verdades absolutas. Essa minha afirmação já é por si mesma uma verdade absoluta.
O assunto sobre o
qual quero trabalhar é sobre afirmações antropocêntricas da igreja em relação a
política. “A igreja tem que ser mais humana”, recentemente ouvi
essa frase e escrevi a respeito. Entendo que ela parte de um pressuposto de
antemão equivocado. O homem não precisa ser mais humano e sim cada vez mais
espiritual. O princípio de que há em nós algo bom que pode ser trazido à tona
por nós mesmos é um equívoco antropocêntrico dos maiores e que infelizmente tem adentrado fortemente nas igrejas. A natureza totalmente corrompida
do ser humano nada pode produzir de positivo. Apenas através do agir do
Espírito Santo é que nossa vontade voltada para o mal pode de alguma forma se
voltar para o bem que será operado não por nós mas pelo próprio espírito conforme Filipenses 2:13.
Dito isto, e tocando num segundo assunto abordado, penso que atrelar a situação política do país a igreja ou ao evangelho qualquer que seja a ideologia é extremamente perigoso, e se encontrará palavras chaves que se desejem sempre que se quiser demonizar ou idolatrar algo ou alguém, a favor ou contra ao nosso pensamento.
A igreja deve ser corajosa enfrentando de fato tudo que o mundo tenta impor com seu relativismo moral e ético. A igreja tem que ser corajosa ao pregar a Palavra. A igreja tem que ser corajosa ao dizer que importa obedecer a Deus e não aos homens. A igreja tem que ser corajosa para ser o que a Palavra diz sobre ela, um ato de glorificação a Deus. O fim da existência da Igreja é a Glória de Deus.
Tem uma colocação feita por Jordan Peterson[2], no seu livro 12 regras para a vida, diz em uma das regras que “antes de querer ter solução para o mundo, o legal é arrumar antes o próprio quarto.”[3] O conceito é bem simples, se sua vida é uma bagunça nas pequenas coisas como é que você quer arrumar coisas maiores. Trazendo o mesmo conceito para a Igreja e seus membros de uma forma geral, precisamos primeiro consertar nossas vidas antes de acharmos que somos uma força que pode influenciar o mundo de forma contundente. Mentimos, fraudamos, somo egotistas, buscamos nossa própria glória e não assistimos nem aos necessitados próximos. E principalmente brincamos com nossa devoção a Deus.
Como então podemos influenciar qualquer coisa positivamente se na maioria das vezes não conseguimos sequer influenciar a nossa casa?
A igreja não foi planejada por Deus para ser e nunca será um agente de transformação social, não no conceito ensinado na pedagogia moderna, por mais que alguns como o ministro Luis Barroso achem que são iluminados ao ponto de ditar e direcionar as vidas e escolhas dos outros, não é esse o papel principal da igreja. A Igreja existe para que pecadores redimidos, sejam cuidados pelos mais velhos, orientados por esses e assim juntos glorifiquem a Deus e tenham comunhão entre si. Tudo o mais será consequência das ações de seus membros e não da Igreja e não deve ser da igreja também.
Nenhuma instituição cristã deve estar a serviço de qualquer político ou ideologia, o nosso senhorio é outro, somos SERVOS DE DEUS e não de homens, nem de ideias e ideais humanos.
[1] https://www.ultimato.com.br/conteudo/coronavirus-um-mundo-assustado-precisa-de-uma-igreja-corajosa
[2] Psicólogo e professor canadense da Universidade de Toronto
Comentários
Postar um comentário