Jesus, O Cristo - Qual o papel do Espírito Santo?
A obra redentora que culminou com Cristo na cruz e depois ressuscitado ao terceiro dia foi sem dúvida a luz da Bíblia uma ação coletiva das três pessoas da trindade. Cada um cumprindo diferente tarefas.
O Espírito Santo foi o agente autor da concepção de Cristo no ventre de Maria. A geração da natureza humana de Jesus foi um ato miraculoso do Espírito Santo de Deus.[1] Deus Pai planejou a obra redentora, e Deus Filho, encarnado, executou a obra.
Temos algumas questões delicadas aqui mas que são importantes na nossa compreensão, se Maria tivesse sido fecundada por um homem, Jesus teria que “possuir” um homem, tendo assim um homem com dupla personalidade.[2]
Com a concepção através do Espírito Santo, uma pessoa veio a existência desde sempre com duas naturezas, a humana proveniente de Maria e a divina proveniente do Espírito Santo. Não uma pessoa com duas personalidades, não bipolar ou esquizofrênico, mas uma única pessoa com duas naturezas que o preenchem ambas 100%.
“Através da atuação do Espírito Santo em uma mulher virgem que produziu um Redentor sem pecado e unipessoal, possuindo uma natureza divina que procedeu da segunda pessoa da Trindade, e uma natureza humana que procedeu de sua mãe biológica, Maria.”[3]
Com isso, entendemos que “não haveria a possibilidade de haver um Redentor com
duas naturezas numa só Pessoa (a do Verbo divino) sem a intervenção
sobrenatural do Espírito Santo em Maria causando a unio personalis”.[4]
As duas naturezas de Cristo estiveram presentes de forma completa no ser do Jesus homem. A Bíblia não nos revela como isso é possível e como as duas se comunicavam. Alguma comunicação existia, mas as duas naturezas não se misturavam como uma só. Em um momento a natureza humana de Cristo se manifesta e diz que nem ele sabe as datas dos eventos futuros, sim Jesus verdadeiramente não sabia mesmo, qualquer coisa diferente disso seria atribuir a Jesus a capacidade e o ato de mentir. Por outro lado vemos no contato com Natanael a manifestação da natureza divina ao proferir palavras sobre o caráter de Natanael, ou ainda quando indica onde lançar as redes para conseguir os peixes.
“Podemos ver perfeitamente duas vontades em questão: a divina e a humana, embora não na mesma pessoa. Lemos aqui que a divina é claramente a do Pai, enquanto que a outra vontade certamente é a vontade humana de Cristo. A vontade divina é a mesma nas três Pessoas da Trindade, porque todas elas possuem a mesma natureza divina. Todavia, somente o Filho encarnado possui a vontade humana, não as outras Pessoas da Trindade, porque a vontade humana se deve ao fato de ter ele assumido a natureza humana. Assim como as duas naturezas em Cristo pensam de modo diferente, sentem de modo diferente, também as volições são diferentes. Contudo, não há conflito na pessoa divino humana de Cristo. Sempre a vontade divina terá preeminência sobre a vontade humana, sendo esta última sempre submissa à primeira”.[5]
“Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis; a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência (en prosopon kai mian hypostasin); não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu.”[6]
Vamos tratar mais das duas naturezas de Jesus no próximo artigo, nesse presente nossa ideia era expor a participação decisiva da terceira pessoa da trindade no evento da encarnação do Filho de Deus, sendo ela imprescindível na perfeição do ato conforme o Decreto de Deus Pai.
[1] Mateus 1:18; Lucas 1:35
[2] Não é nosso objetivo aqui nesse conjunto de artigos, mas está implícita aqui um conceito caro ao cristianismo, a vida começa na concepção, nem um segundo depois disso.
[3] Leonardo Dâmaso
[4] Heber Carlos de Campos. As Duas Naturezas do Redentor, pág 430.
[5] Heber Carlos de Campos. As Duas Naturezas do Redentor, pág 404.
[6] Credo construído no Concílio da Calcedônia em 431 dc
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