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Jesus, o Cristo - Por que Jesus encarnou?

 


Jesus, o Cristo - Por que Jesus encarnou?

 

Chegamos num momento crucial que gera alguns debates. Nessas horas lembro sempre do trecho da música Nada Melhor do grupo Vencedores por Cristo onde logo no início temos:

 

 “Muito embora um só Jesus exista

Nem todos sabem vê-lo como é

Filósofo, poeta ou comunista

Ou mesmo um hippie já se disse até

 

Mas jesus é bem mais importante

Quando se sabe de seu grande amor

E é preciso, hoje, que se cante

Jesus, Filho de Deus, o Salvador!”

 

Mesmo em arraiais cristãos históricos tradicionais vemos alguns conceitos, se não totalmente errados, mas em algo distorcidos do papel do Deus Filho na economia divina.

 

Para entendermos bem o papel da encarnação do Filho de Deus precisamos entender o porque do seu fim na cruz, e para isso precisamos entrar num conceito fundamental que é o da Depravação Total do Homem após a queda. Claro que o conceito completo carece de bem mais espaço do que apenas uma postagem para ser completamente explicitado, mas vamos tentar expô-lo aqui de uma forma esquematizada que cremos já cumprirá seu papel na nossa sequencia de exposição.

 

A sistematização da teologia bíblica conforme as igrejas reformadas diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.[1] Basicamente:

 

·      No princípio o homem foi criado a imagem de Deus;

·      Recebeu de Deus entendimento;

·      Sua vontade e seu coração eram retos, seus afetos puros;

·      Desviando-se de Deus, instigado por Satanás pecou e se privou desses dons;

·      Ao pecar trouxe sobre si uma maldição que afeta todo seu ser;

·      Todos os filhos e gerações seguintes são alcançados pelo pecado original que é extensivo a toda a humanidade, exceto a Cristo;

·      Portanto os homens concebidos em pecado são incapazes de qualquer ação que os salve, inclinados ao mal, mortos e escravos do pecado;

·      O pecado afeta todas as partes do homem. O coração, emoções, o querer, mente e corpo são todas afetadas pelo pecado. Nós somos completamente pecaminosos. Nós não somos tão pecaminosos como poderíamos ser, mas somos completamente afetados pelo pecado;

·      A Doutrina da Depravação Total é derivada das escrituras que revelam o caráter do homem:

o  O coração do homem é maldoso (Marcos 7:21-23) e doente (Jeremias 17:9).

o   O homem é escravo do pecado (Romanos 6:20).

o   Ele não busca a Deus (Romanos 3:10-12).

o   Ele não consegue entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14).

o   Ele tem inimizade com Deus (Efésios 2:15). E, é por natureza filho da ira (Efésios 2:3).

·      A pergunta é:  “Na luz das escrituras que declaram a verdadeira natureza do homem como sendo completamente perdido e incapaz, como é possível para qualquer um escolher ou desejar Deus? “

·      E a resposta é, “Ele [indivíduo] não pode. Portanto, Deus deve predestinar. “

·      Por causa da nossa natureza caída

o   Nós nascemos de novo não por nossa vontade própria, mas pela vontade de Deus (João 1:12-13);

o   Deus concede que acreditemos (Filipenses 1:29);

o   A fé é obra de Deus (João 6:28-29);

o   Deus aponta pessoas para crerem (Atos 13:48); e

o   Deus predestina (Efésios 1:1-11; Romanos 8:29; 9:9-23).

 

Um resumo estaria nessa frase, depois do pecado não há no homem nada de bom que possa ser aflorado pela própria natureza humana. O homem não comete maldades porque é condicionado por forças malévolas externas, a maldade está intrinsecamente no coração e mentes do homem e sem os freios da graça comum e da graça especial jamais seriam contidos. O homem é incapaz de bondade por si só, e toda a sua vontade é escrava do mal que habita nele.

 

Se não entendermos isso, é impossível ter uma compreensão clara do papel do Filho na encarnação. Jesus veio a habitar entre nós como homem por um motivo único e que as vezes alguns preferem omitir, mas Ele veio para cumprir a Justiça. Todas as demais coisas são decorrentes desse fato. Cristo veio para cumprir a Lei, e mesmo sendo puro e imaculado, ser sacrificado para expiação dos pecados, e assim se apresentar como justiça, reestabelecendo a comunhão entre Deus e aqueles a quem o Pai lhes deu, os eleitos de Deus. Não vamos entrar aqui em um debate sobre eleição, não é o objetivo dessa série. O que queremos enfatizar é que Jesus não veio fundar a igreja, ela é decorrência do seu ato expiatório, não veio ser apenas um exemplo, mesmo que o apego a sua maneira de agir e aos seus ensinamentos sejam algo inexorável como ideal para os regenerados. Jesus não é um motor da moderna justiça social, não é promotor de qualquer tipo de ideologia política, econômica ou social. Não é um profeta que veio pregar a paz e boa vontade entre os homens.

 

A encarnação de Jesus é o cumprimento do plano eterno de Deus para que a justiça necessária fosse cumprida e a ira divina fosse aplacada em relação aos salvos. Aqui nos é importante rechaçar qualquer compreensão de universalismo na obra redentora de Cristo.

 

Um cristianismo que não entende o fim dos tempos com duas destinações bem definidas, uns irão para o seio de Deus Pai onde gozarão de sua presença pela eternidade, e outros irão para o castigo eterno, no inferno que está preparado para todos os inimigos de Deus, será sempre um cristianismo capenga que vilipendia o próprio Cristo e sua cruz.

 

Portanto voltamos a pergunta título, por que Jesus encarnou?

 

Jesus encarnou para concluir a obra redentora, viver como homem, tendo a natureza humana em si, sem que se desfizesse em qualquer momento da sua natureza divina.[2] Ele não precisava ser humano para nos mostrar que mesmo como homens podemos ser bons e humanos[3], ele precisava morrer para que o Espírito Santo de Deus nos selasse e nos comunicasse novamente com Deus nos preparando em santificação para o momento da glorificação. Qualquer coisa distante disso é algo que a Bíblia não nos revela e ensina. Nada podemos produzir para nossa própria melhora ou salvação fora do Espírito Santo.

 

 

 

 

 



[1] Gn 2:17 e 6:5; Jó 14:4; Sl 51:5; Ec 7:20; Is 64:6 e 7; Jr 4:22; Jr 17:9; João 3:3, 19 e 36; 5:42 e 8:43 e 44; Rm 3:10, 11 e 12 e 5:12; 7:18 e 23 e 8:7; I Cor 2:14; II Cor 4:4; Ef 2:3 e 4:18; II Tim 2:25 e 26; Tt 1:15;

[2] Pesquise sobre União Hipostática de Cristo.

[3] Não há nada de bom em nossa vontade. Romanos 7:18-25; Isaías 64:6

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