Devocional: I Timóteo – Um único mediador - A centralidade em Cristo é marca inequívoca do verdadeiro cristianismo
Leia 1ª Timóteo 2:1-6
É interessante como uma pequeno trecho, apenas 6 versículos,
consegue conter e apresentar de forma tão cabal do que se trata O EVANGELHO.
Paulo inicia esse trecho onde tratará de assuntos bem práticos
como oração e culto, isso provavelmente por estar vendo desvios de conduta em
relação aos ensinamentos básicos sobre o assunto. Ele listou algumas dessas
heresias na igreja de Éfeso em vários momentos:
·
Fábulas
e mitos (4.4; 1Tm 1.4; 4.7).
·
Discussões
e debates vazios[1] –
o
Genealogias
(1Tm 1.4).
o
Contendas
de palavras (2.14.23; 1Tm 6.4).
o
Controvérsias
(1T m 1.4; 6.4).
o
Conhecimento
(1T m 6.20).
o
Loquacidade
frívola (1Tm 1.6) e
o
Caráter
ímpio (2.16; 1Tm 6.20).
·
Falsas
doutrinas:
o
Proibição
do casamento e de certos alimentos (1Tm 4.3);
o
Crença
que a ressurreição já acontecera (2.18).
o
Interpretação
e uso da lei judaica. (1 T m 1. 7)
Vamos tratar inicialmente da parte concernente a oração. Ele
cita a orientação para que “... se use a prática de súplicas, orações,
intercessões, ações de graças, em favor de ...”:
a)
Todos
os homens;[2]
b)
Reis
e todos que se acham investidos de autoridade;
E é interessante o motivo apresentado por Paulo, “... para
que vivamos vida tranquila e mansa[3]
...”, e completa o porquê disso, Ele “...
deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.[4]”
Em seguida, fazendo uma ligação entre assuntos, o porquanto
implica numa causalidade do que foi dito antes em função do que ele agora expõe
que é a mediação única e suficiente de Cristo Jesus.
“Um só Deus, Um só Mediador.”[5]
Essa afirmação é fundamental no conceito cristão. Jesus é o árbitro
que media e reconcilia Deus com os homens.[6]
O ministério de Jesus Cristo pode ser resumido nessa mediação.
Racionalmente o mediador é aquele que faz acontecer a aproximação entre partes
antagônicas. Ele trata com ambas as partes oferecendo argumentos e fatos para a
reconciliação.[7]
Não implica em ter a ideia de igualdade entre as partes mas
sim, favorecer o reencontro apesar das
causas e condições[8], e
se for o caso, ofertando uma compensação para um dos lados.[9]
Uma questão importante aqui, é não termos a falsa ideia de
que Deus teve Sua vontade punitiva mudada por Jesus, e que de certa forma isso
ocorreu, não contra, mas meio que a revelia de Sua vontade. Antes pela Sua misericórdia,
Deus enviou Seu Filho ao mundo[10]
para resolver a questão. Não foi uma ação unilateral do Filho e sim uma decisão
do Deus triuno na comunhão das três pessoas na eternidade. Nas palavras de
Agostinho, "de um modo maravilhoso e divino, mesmo quando nos
odiava, nos amou"[11] ,
Cristo selou a paz[12] a
partir do amor do próprio Pai.
Cristo completou de forma cabal a reconciliação de seu povo
através da substituição penal[13]. Na
cruz: tomou o nosso lugar; suportou a maldição que pesava sobre nós; e
derramando o seu sangue selou a paz.[14]
Ele é O MEDIADOR, único e suficiente para a reconciliação dos
eleitos com Deus.[15]
Jesus uniu em si três ofícios que até então estavam separados, Rei,
Sacerdote e Profeta,[16] e
dessa forma assume um papel completo em relação a humanidade, é Ele quem julga,
quem justifica e santifica e quem instrui os Seus.
A centralidade em Cristo é marca inequívoca do verdadeiro
cristianismo.
[1]
Temos que ter em mente que Paulo nunca condenou a apologética, até porque seria
incoerente com boa parte dos seus ensinos e mesmo com esse a Timóteo, o que ele
estava criticando aqui eram polêmicas vazias que não trariam qualquer resultado
prático em relação a ética de vida cristã. Ou como se diz hoje discutir o “sexo
dos anjons”.
[2]
Aqui não necessariamente o todos implica em todo mundo, e sim todo tipo de
pessoa e faz questão de destacar os governantes, certamente objeto de ódio e
desprezo por parte de populações submetidas a força ao jugo de Roma.
[3] O
termo grego traduzido aqui por “mansa” , ἡσύχιον (hēsychion) , carrega
na verdade o sentido de tranquilidade e quietude, nada com o conceito comum no Brasil
de vida fácil que a conotação vida mansa traz a mente.
[4] Não
implica que a vontade soberana de Deus é salvar todos os homens. O que implicaria
ou no universalismo ou numa soberania capenga caso alguns não fossem salvos.
Provavelmente se refere à benevolência de Deus em não ter prazer na morte do
ímpio. Sugerimos um estudo mais aprofundado no assunto Vontade Revelada e não
Revelada de Deus.
[5] Dt
6.4; Rm 3.30; 1ª Co 8.6; GI 3.20; Et 4.6
[6] Cl
3:15-17
[7] Foi
assim com Moisés, um tipo de Cristo no Antigo Testamento, que foi o mediador
entre Deus e Israel
(GI 3.19), falando a Israel da parte de Deus, quando
Deus outorgou a Lei (Êx 20.18-21 ), e falando a Deus da parte de Israel. quando
Israel pecou (Êx 32.9-33.17).
[8] Toda
a humanidade tinha "inimizade contra Deus" (Rm 8. 7), estando sujeita
à ira e a rejeição da parte de Deus – Rm 1 .18; 2.5-9; 3.5-6)
[9] O
sacrifício de Cristo foi a paga da dívida que possibilitou a reconciliação. Rm
5:1-12
[10]
Jo 3:16
[11] João,
11:6; Jo 3.16; Rm 5.5-8; 1 Jo 4.8-1 10;
Jo 5:19.
[12] Paz
significa o fim da hostilidade, da culpa, da punição retributiva. Ela é o perfeito
perdão para o passado inteiro e para a aceitação pessoal e eterna para o
futuro. – Rm 5.1-12.
[13] Mt
20.28; Mc 10.45; Tt 2.14; 1ª Pe 1.18-19
[14] GI
3.13; Ef 2.16-18; CI 1.20.
[15] Jo
12.32; Rm 15.18; 2Co 5.18-21; Ef 2.17; Hb 9.15; 12.24; Hb 9.11-10.18.
[16]
Hb 1.3, 13; 4.16; 2.9; 2. 17; 4. 14-5.10; caps. 7-10; 3.1 ; 2.3; At 3.22
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