Leia Hebreus 12:1-13
A
carta aos Hebreus de autor desconhecido, embora muitos atribuam sua autoria
também a Paulo, traz alguns assuntos nem sempre fáceis de tratar, mas sem dúvida
ela na sua maior parte nos traz também exemplos bem práticos de como se
desenrola a vida cristã. É esse o caso do texto que vamos trabalhar hoje.
No
capítulo 11 o autor da carta trata da fé, trazendo exemplos que
demonstram que a mesma não é meramente uma crença metafísica mas demonstrando
como ela se desdobra e se confirma em ações práticas da vida do cristão. Na
primeira parte do capítulo 12 ele continua tratando de aspectos do cotidiano da
vida do cristão. Tratando de coisas práticas inerentes ao nosso dia a dia.
Logo
de cara o autor faz menção a nuvem de testemunhas, alusão ao
grande número de filhos de Deus que já concluíram o seu combate, a sua carreira,
nuvem essa que incentiva, encoraja os que ainda correm aqui com seus exemplos a
prosseguirem na carreira da fé.[1]
Ele lista três coisas para as quais devemos ter cuidado e superarmos: o medo
diante das adversidades[2], o
desânimo causado por dúvidas[3] e
a busca pela satisfação pessoal imediata.[4]
A
carta aos Hebreus então nos desafia a olharmos firmemente para o “Autor e
Consumador de nossa fé” que pela proposta de salvação e da alegria
eterna:
1.
Suportou a cruz;
2.
Não se revoltou
contra a humilhação sofrida[5];
3.
Enfrentou a oposição
dos pecadores;
4.
Venceu a morte;
5.
Está assentado a
destra de Deus Pai.
E
que dessa forma nos logrou vitória.
Em
seguida a carta nos traz a lembrança que nenhuma perseguição ou afronta que
soframos será sequer igualável a sofrida por Jesus, que sofreu “... até o
sangue.” Fala então da repreensão e disciplina corretora por parte do
Pai. É muito interessante a advertência que ele faz nos instruindo de que
quando sofrermos a disciplina da parte do Senhor não devemos esmorecer ou
desanimar, muito pelo contrário deve ser motivo de alegria, não o ter pecado
mas, o ser disciplinado porque a Palavra nos ensina que Deus corrige ao que
ama. E ainda pergunta de forma retórica, será que existe algum filho ao qual o
Pai não corrija quando necessário?
Trazendo
a nossa realidade atual temos uma palavra bem dura. Temos uma geração mimizenta
que não pode ser frustrada, nem disciplinada, não pode levar palmadas, tem que
ser atendida em todos os seus desejos egoístas, as Escrituras tratam duramente
quem assim se relaciona. Pais que apenas sustentam seus filhos naturais são
tratados aqui como pais não de filhos verdadeiros mas pais de bastardos.[6] O
verdadeiro pai se preocupa com a formação do caráter e personalidade de seus
filhos, atuando para torna-los seres íntegros, verdadeiros homens e mulheres de
Cristo.
O
autor ainda faz algumas comparações entre nossos pais biológicos e nosso Pai
eterno:
1.
Se nos submetíamos
àqueles, porque não ainda mais não nos submetermos a Deus.
2.
Àqueles nos
corrigiam com efeitos temporários, Deus nos corrige para aperfeiçoamento para
que sejamos santos diante dEle.
Qualquer
disciplina não será nunca no momento imediato motivo de alegria e sim de
tristeza, mas o que temos que ter em mente é que quando encarada com serenidade
e compreensão de que é justa, ela nos mostra o fruto da justiça.
O
uso da disciplina por parte de nosso Pai Eterno tem razões e consequências bem
agradáveis mormente a aplicação da mesma não nos seja agradável no seu momento de
imposição. Elas:
1.
Garantem a vitória
porque saram as ferridas espirituais do passado;
2.
Ajudam a evitar
as futuras agruras do erro;
3.
Encorajam os temerosos,
dão ânimos aos que vacilam;
4.
Retificam o
caminho para que nossos pés se firmem na justiça;
5.
Cura e corrige as
nossas máculas e defeitos.
Em
essência a disciplina trazida da parte de Deus, e aqui reforçamos que a liderança
da igreja é instrumento para aplicação de disciplina também, é dada para aperfeiçoamento
do próprio corpo de Cristo e não deve jamais ser desprezada nem por aquele a
quem compete ministra-la nem aquele que porventura a tenha de receber.
Lembro
de aqui de um cântico bem antigo, o conheci há 45 anos atrás pelo menos, mas
que, como tudo que é bom, se mantém vívido e útil ao longo dos anos.
“Eu quero ser Senhor amado
Como um vaso nas mãos do oleiro
Quebra minha vida
E faze-a de novo
Eu quero ser, eu quero ser
Um vaso novo”[7]
[1] “As
competições atléticas dos gregos forneciam uma analogia frequente para a vida
cristã no Novo Testamento (1 Co 9.24-27; Fp 2.16; 2Tm 2.5; 4.7-8). À semelhança
do corredor. o cristão deve estar numa atividade constante que o leva para o
final, apesar da oposição. Isso exige perseverança e esforço incansáveis. os
quais são adquiridos através de uma disciplina constante.” Comentário da Bíblia
de Estudo de Genebra.
[2] Cf
10:38-39
[3] Cf
12:15
[4] Cf
12:16
[5] A
pena de morte por crucificação era considerado algo tão vil e humilhante que os
romanos não a aplicavam para cidadãos romanos por a acharem dura demais, e olhe
que eles não são reconhecidos na história por serem clementes. Em geral só era
aplicada em casos extremos àqueles que eles consideravam como inimigos,
traidores de Roma. Além disso, era consenso entre a maioria dos judeus que esse
tipo de morte era indicação de que o apenado teria sido amaldiçoado por Deus.
[6] Em
áreas ocupadas por forças militares estrangeiras é bastante comum o nascimento de
crianças geradas fora de um casamento, onde normalmente o pai não participa da
criação do filho quando muito o sustenta com ajuda material. É essa analogia
que é feita pelo autor da carta aos Hebreus.
[7] Não
conheço a sua autoria, mas o aprendi no acampamento Palavra da Vida na
cidade de Paudalho/PE lá por meados da década de 1970. Essa é a letra original. A
tal segunda estrofe foi criada muitos anos depois e sem a mesma singeleza
apenas repete a mesma mensagem com outras palavras. Prefiro apenas esses versos
originais mesmo.
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