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Devocional: A benção de ser perseguido pelo Evangelho.





Filipenses 1:27-30

“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, 'lutando juntos pela fé evangélica; que em nada estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição é, para vós outros, de salvação, e isto da parte de Deus. Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e "não somente de crerdes nele, 30 pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu.”

A carta de Paulo a igreja de Filipos traz em diversos momentos algo que pode parecer paradoxal e incompreensível para muitos, a defesa que o sofrimento pelo evangelho é motivo de regozijo, de gratidão a Deus e de alegria.

Paulo inicia sua carta agradecendo a Deus pelo testemunho dos filipenses para logo em seguida dizer como está sendo produtivo para o evangelho o fato de ele estar preso.[1] Paulo encontra alegria no fato que sua prisão o permitiu pregar para os soldados, que outros cristãos vendo sua situação se tornaram ainda mais ativos na pregação do evangelho. Ele confia numa libertação próxima, o que de fato parece ter acontecido antes de ser preso novamente e morto, mas ao mesmo tempo, ele fala claramente que acontecendo ou não isso não mudaria sua fé. Temos aqui um trecho bem conhecido “... para mim o morrer é lucro e o viver é Cristo ...”[2] lembrando a todos que a morte nos leva a um estado ainda mais prazeroso e glorioso perto do Pai. Ele certamente tinha em mente a mesma ideia que o salmista tinha.[3]

Ele expressa bem o seu estado de espírito onde para ele o “... incomparavelmente melhor ...” de ir para os braços do Pai se contrapunha a “... necessidade de se manter vivo ...”[4] por causa da pregação do Evangelho.

Em bora não seja esse o tema dessa devocional, nesse início da carta Paulo confirma a visão bíblica de que a morte nos leva imediatamente a estar com Cristo aguardando até o momento da ressureição dos mortos e glorificação de nossos corpos.

Por fim nos versos 27 a 30 Paulo destaca algumas características que ele enxerga serem naturalmente decorrentes de uma vida cristã autêntica:

1.    Um só Espírito ... uma só alma ... lutando juntos pelo Evangelho.

Paulo não fala aqui de uma concordância que cegue as nossas vistas às heresias, mas sim de uma comunhão de objetivos, que tudo seja superado em amor pela causa que importa que é a proclamação do Evangelho. Claro que Paulo, e vemos isso pelo contexto de tantos outros escritos dele, defendia a pregação do verdadeiro Evangelho, o qual ele havia ensinado durante seu pastorado.[5]

2.    Agissem com ousadia confiados na promessa.

Aquilo que aos olhos do mundo parece loucura é para os cristãos motivo de ânimo para que exerçam ainda mais diligentemente a busca pela realização da obra de Cristo.

3.    O sofrer pela causa é igualmente uma dádiva de Deus.

No nosso conceito de mundo de bem estar pessoal pode parecer estranho, mas o sofrimento pelo Evangelho é igualmente um presente de Deus assim como é crer nele. Nem todos os cristãos serão martirizados, tampouco tudo que nos acontece é por causa do Evangelho, mas quando nos advier algum pesar por conta da defesa do Evangelho, muitas vezes essa perseguição vem de dentro dos arraiais evangélicos quando se toca na ferida do erro cometido pela comunidade, devemos encara-los como fortalecimento de nossa fé.

Paulo conclui essa introdução de sua carta demonstrando que aquilo que ele acabou de apresentar é uma realidade em sua própria vida, e que isso sirva de testemunho aos membros daquela comunidade ao mesmo tempo que os insta a buscarem esse mesmo tipo de combate.

Deixar-se gastar pelo Evangelho é uma benção divina para a vida dos cristãos.


[1] Não há certeza sobre onde Paulo estaria preso, mas é consenso entre a maioria dos estudiosos bíblicos que deveria ser em Roma já próximo do fim de seu ministério.
[2] Verso 21
[3] Salmo 116:15
[4] Filipenses 1:23-24: “0ra, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne.”
[5] Essa ideia fica clara se olharmos a admoestação que ele faz aos gálatas: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).

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