O livro
Romanos é uma fonte riquíssima para entendermos de forma sistemática a história
da relação de Deus com os homens e suas implicações e desdobramentos. Mesmo
trechos que parecem pequenos trazem muita riqueza para nosso entendimento.
Vamos
trabalhar três artigos num desses “pequenos” trechos, não de forma exaustiva,
mas vamos tentar trazer alguns ensinamentos.
No crescente
do ensinamento que é carta de Paulo a igreja em Roma, o capítulo 5 introduz o
conceito da justificação pela fé e trata da pacificação entre Deus e o homem.
No primeiro
artigo tratamos da PAZ que temos como consequência da justificação pela fé.
(Veja aqui), no segundo tratamos da GRAÇA (Veja aqui).
Neste terceiro
artigo vamos tratar da PERSEVERANÇA FRUTO DA ESPERANÇA.
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações;
sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a
experiência a esperança.” Romanos 5:3,4
A ideia que
Paulo pretende passar aqui cremos que não seja do estoicismo que se caracteriza
por um a ética em que a imperturbabilidade, a extirpação das paixões e a
aceitação resignada do destino, algo próximo da expressão bem conhecida entre
nós, um picolé de Xuxu. Alguém que parece se isolar da realidade do mundo.
Também não
nos parece que Paulo está preocupado em falar de problemas corriqueiros de
nossa existência, tais como dores causadas por acidentes e ou doenças, ou um
aperto financeiro, uma ingratidão pura e simples.
Nos parece
que o alvo da argumentação de Paulo são as tribulações oriundas de nossa
dedicação ao evangelho e perseguições e tribulações decorrentes desse modo de
vida. A expressão nos gloriamos usada repetidamente por Paulo em vários momentos
nos remete a uma alegria gratificante de sabermos que aquilo, aquela situação
nos advém em função de um comprometimento com Cristo e Sua obra. Reflete ainda
como nos diz o final do verso 2 deste capítulo, na certeza que esse
comprometimento confirma, notem que não é a causa e sim a consequência, nossa
adoção como filhos de Deus.
Como nos
artigos anteriores vamos abordar três aspectos associados às tribulações
produzindo ESPERANÇA.
PERSEVERANÇA, EXPERIÊNCIA E ESPERANÇA.
Paulo trata
nesses versos de algo bem interessante, uma escalada de causas e consequências,
alcançadas através das tribulações e a alegria com a qual devemos encara-las.
TRIBULAÇÃO PRODUZINDO PERSEVERANÇA.
Quando tudo fica
difícil, nos apegamos com força aquilo em que esperamos. Se o desafio se intensifica
nossa fé nos prende e nos amarra ainda mais ao nosso objetivo. Quando somos
pressionados e não capitulamos, mas nos fortalecemos.
A
PERSEVERANÇA é manutenção de uma atitude positiva em relação ao alvo, trata de
manter a postura de decisão e envolvimento, acreditando no caminho e decidido a
não o abandonar.
Paulo sabe
que é difícil manter-se, perseverar. Mas Paulo vê nas tribulações a oportunidade
maior de exercitar essa perseverança e demonstra vivamente em sua vida que a
cada problema que enfrentava em nome do evangelho mais se agarrava a Cristo e
mais confiava na providência divina e mirando no alvo final, abria mão de tudo
aqui.
Lembro de
uma vez em uma Escola Dominical ter dito a minha sala, causando um certo
espanto, que Deus não se preocupava com nossa saúde física e material aqui
nessa vida como algo que fosse essencial. Deus nos molda através das
tribulações para sermos cada vez mais melhores adoradores dEle mesmo.
De todas as
preparações, a que mais tem fortalecido a vida de santificação, a mais
frutífera tem sido a tribulação. A tribulação produz perseverança.
Mais a frente na carta aos Romanos Paulo trata de nossa vitória.
“Quem nos separará do
amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a
nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:35-39
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:35-39
Paulo entende no texto base de nosso artigo que numa consequência
lógica as tribulações quando atravessadas com perseverança produzem uma
experiência única.
Quando lemos o livro de Jó fica muito evidente que todo o processo
ocorrido em sua vida produziu um conhecimento muito, mas muito mais profundo de
Deus. Algo muito mais íntimo do que ele tinha antes.[i]
Essa experiência tratada por Paulo aqui é o conhecimento mais
profundo do caráter de Deus. Dos seus atributos. E de como Ele se relaciona
conosco. Algo místico mais que ao mesmo tempo produz algo real, vivido em nossa
existência. Foi essa experiência que fez Paulo compreender, e conviver com a
sentença “A minha graça te basta.”[ii]
Esse mesmo verso na versão King James da Bíblia nos apresenta
talvez de um forma mais clara a ideia: “a perseverança produz um caráter aprovado; e
o caráter aprovado produz confiança. ”
Um caráter aprovado diante de Deus, produzido pela perseverança, e
essa provação produz uma confiança ímpar na grandeza e cuidado do próprio Deus.
PERSEVERANÇA PRODUZINDO EXPERIÊNCIA QUE
PRODUZ ESPERANÇA.
No Novo
Testamento a ESPERANÇA está sempre associada a uma certeza fundamentada de
coisas que estão por vir. Recentemente li que a Fé não é uma convicção de que
nada de mal nos sucederá, mas sim a certeza de que no fim, e esse fim não é
agora, e sim lá na eternidade, tudo dará certo.
Como nos
ensina Hebreus[iii]
a fé que nos foi concedida graciosamente com dádiva divina no momento de nossa
regeneração implica em uma atitude confiante sobre o futuro e se reflete em
ações práticas em nossas vidas.
Paulo nos
diz que nada pode comparar-se a eterna glória da salvação.[iv]
E é essa convicção que nos faz relevarmos qualquer tribulação que enfrentemos
aqui.
CONCLUSÃO
Esse crescente de nosso
entendimento nos levando da PAZ concedida através da GRAÇA que nos faz encarar
as TRIBULAÇÕES de forma decidida nos mantendo em PERSEVERANÇA que nos conduz a
uma EXPERIÊNCIA incomensurável com DEUS reforçando nossa ESPERANÇA é a mensagem
de Paulo tão rica mesmo nesses poucos versos de Romanos 5.
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