O livro Romanos é uma fonte
riquíssima para entendermos de forma sistemática a história da relação de Deus
com os homens e suas implicações e desdobramentos. Mesmo trechos que parecem
pequenos trazem muita riqueza para nosso entendimento.
Vamos trabalhar três artigos num
desses “pequenos” trechos, não de forma exaustiva, mas vamos tentar trazer
alguns ensinamentos.
No crescente do ensinamento que é
carta de Paulo a igreja em Roma, o capítulo 5 introduz o conceito da justificação
pela fé e trata da pacificação entre Deus e o homem.
“Tendo
sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo;” Romanos 5:1
Existem algumas discussões sobre
o tempo verbal mais correto para o verbo ter usado nesse verso. Alguns
defendem o tenhamos enquanto outra corrente defende o uso do temos
mesmo, como está grafado acima.
Parece uma pequena diferença, mas
pensemos que enquanto o tempo conjuntivo (tenhamos) denota algo em construção
condicionado há determinadas condições, o tempo no presente do indicativo
(temos) denota uma ação presente e definitiva.
A luz da obra redentora ensinada
em toda a Bíblia, a ideia do tempo presente do indicativo, com a ideia de algo
imediato e definitivo nos parece a forma correta de uso. Ainda mais se tivermos
em mente que a PAZ aqui referida não é uma paz conquistada e sim uma PAZ
concedida.
Pensemos três aspectos
importantes em relação a essa PAZ estabelecida por total iniciativa do próprio
Deus e através da obra redentora levada a efeito através de Cristo pelo próprio
Deus.
PAZ MUITO ALÉM DA AUSÊNCIA DE CONFLITO.
No nosso mundo que vive pelo
menos um conflito entre povos desde que a história registra algo, a nossa
tendência é entender paz como o antônimo de guerra, mas quando tratamos da paz
com Deus vai muito além disso. Não traçamos um armistício com um oponente. Não
damos um passo de boa vontade atrás de tranquilidade. Não abrimos mão de algo
ou ofertamos algo em troca de uma bandeira branca.
Começando pelo fato de que a
iniciativa e mais, a completude do ato, está em Deus, a Paz tratada por Paulo
traz a ideia de um reestabelecimento completo e total de relação. Não estamos
falando de tolerância mas de envolvimento. Essa paz envolve reconciliação,
convivência e não apenas coexistência. Integridade e não parcialidade.
PAZ RECONCILIATÓRIA E CONCEDIDA
Um outro aspecto importante, já
citado acima, é a ideia da reconciliação e da concessão. A PAZ concedida por
Deus não é aquilo que o homem pensa como paz.
“Deixo-vos
a paz; a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não permitais que
vosso coração se preocupe, nem vos deixeis amedrontar” João 14:27
Quando
trabalhamos uma Paz humana sempre pensamos nas condições imposta para mantê-la.
Aqui não há condições, Deus pensou, Deus planejou, Deus decretou, Deus executou
e Deus concedeu PAZ aos seus escolhidos. A adoção como filhos nos leva a
situação de participantes de forma completa do SER de Deus.
O Breve Catecismo
da Assembleia de Westminster nos diz na sua primeira pergunta que o fim
principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.[i]
Essa Paz reconciliatória e concedida por Deus nos dá acesso ao coração do Pai.
PAZ PRESENTE, FUTURA E ETERNA
Um terceiro e
último aspecto que queremos abordar nesse primeiro artigo é perenidade dessa
PAZ. Enquanto nos conceitos e convívios humanos os tratados de paz
estabelecidos vivem sob a égide da desconfiança sobre seu tempo de duração,
quando tratamos da PAZ concedida por Deus, temos claramente que ela não é algo
a ser alcançado futuramente, mas é presente, real, sentida aqui e agora.
A pacificação
na nossa relação com Deus nos permite já no presente gozar as bênçãos da
plenitude do gozar de Deus. O fruto do Espírito Santo é consequência dessa Paz
concedida pelo próprio. Mas a despeito de sua presença clara no hoje, essa paz
também nos traz a garantia da sua eternidade, ela perdurará por toda nossa
existência aqui e mais ainda pela nova existência depois que passarmos por essa
breve experiência aqui na Terra. E isso é que nos traz a convicção da
perseverança, ou preservação como preferem alguns, dos santos no caminho.
CONCLUSÃO
Vemos nesse
primeiro verso do Romanos Paulo transmitindo algo fantástico para nós, Deus nos
concedendo de forma graciosa pelo seu Espírito Santo uma PAZ que excede todo o
entendimento[ii]
posto que ela vai muito além do que o conceito de que tudo está bem, mas porque
sabemos que tudo irá bem no final. Paz essa concedida já no hoje, e em nada
precária, pelo contrário, garantida e preservada por toda a eternidade.
O sentir
dessa paz faz toda diferença em nossas vidas aqui, como preocupar-se com
migalhas de nossos conflitos comezinhos se temos como foco uma relação
perfeita, garantida e totalmente estabelecida por quem detém todo o poder.
Pensemos
nisso. No próximo artigo vamos abordar a GRAÇA.
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