Introdução
Em Cristo, o reino de Deus vem até nós. Nele, a
vontade do Pai é feita na terra como ela é feita no céu. Como corpo de Cristo,
a Igreja continua a obra de Jesus no mundo. Ela é enviada pelo Filho como ele
foi enviado pelo Pai (Jo 17.18; 20.21). Logo, o programa do ministério de Jesus
(Lucas 4.18-19) é também o programa do ministério da Igreja
A Igreja não é o reino de Deus; ela proclama e demonstra,
através da encarnação, o reino. Quando ela deixa de promover o reino, ela se torna
o reino; quando isto acontece, é desastre! A igreja é bênção quando é serva; é
maldição, quando é senhora.
Como promover o reino de Deus? Dando continuidade ao
ministério de Jesus como registrado em Lucas 4.18-19. No Evangelho, Lucas
registrou o que Jesus começou a fazer desde a Galiléia até a sua ressurreição;
em Atos ele narra o que Jesus continuou fazendo através dos seus discípulos sob
a unção do Espírito Santo. O ministério de Jesus é o paradigma do nosso
ministério!
I - PROMOVEMOS O REINO QUANDO SERVIMOS NA UNÇÃO DO
ESPÍRITO SANTO
Jesus foi ungido com o Espírito Santo para o
ministério Ele foi concebido por obra do Espírito, tinha o Espírito, mas, antes
de começar o seu ministério, ele foi ungido (Lucas 1.35; 3.21-22; 4.18a; Atos
10.38). Ele foi capacitado pelo Pai para a obra; por isso, ele atribuía toda a
glória a Deus.
Os discípulos, também, só iniciaram o ministério
quando receberam o Espírito da promessa (Lucas 24.49; Atos 2.17-18; Efésios
1.13). E podem viver cheios do Espírito (Efésios 5.18) quando vivem numa
atitude permanente de louvor (Efésios 5.19), de gratidão (Efésios 5.20) e de
submissão mútua como irmãos (Efésios 5.21).
De acordo com o Novo Testamento, a unção não é
concedida apenas para alguns ministérios especiais, mas para todos os crentes
(Atos 2.17-18; 1 João 2.27). Logo, todos os crentes são ministros de Deus. Este
é o significado do sacerdócio de todos os crentes. Daí o lema da nossa igreja:
"Cada casa uma igreja, cada crente um ministro". Para isto, todos são
capacitados (Efésios 4.7; 1 Coríntios 12.7, 11). Fica evidente que a
capacitação é para servir, é para edificar a Igreja (Lucas 9.51-56). Promovemos
o reino quando servimos com humildade!
II - PROMOVEMOS O REINO EXECUTANDO O PROGRAMA DE
MINISTÉRIO DE JESUS
A proclamação do Evangelho aos pobres (4.18). O
evangelho se destina a todos, mas quando ele está disponível aos pobres, está
disponível para todos. Por exemplo, se Jesus, o Rei dos Reis, tivesse nascido
num palácio, só os grandes e nobres poderiam visitá-lo; como, no entanto, ele
nasceu numa estrebaria, ricos e pobres; sábios do Oriente e rudes pastores;
todos, sem exceção, puderam visitá-lo e adorá-lo! Depois de mencionar
diversos sinais (Lucas 7.22a), Jesus destacou o anúncio do evangelho aos pobres
como o sinal da sua condição de Messias (Lucas 7.22b). Promovemos o reino
quando vemos, como Jesus, as multidões aflitas e exaustas, temos compaixão
delas e as servimos (Mateus 9.35-38).
Proclamação da libertação aos cativos (4.18). Como
Paulo, nosso ministério consiste em proclamar o Evangelho de tal maneira que as
pessoas se convertam da potestade de Satanás para Deus (Atos 26.18) e do
império das trevas para o reino do Filho do seu amor (Colossenses 1.13).
Promovemos o reino quando, na unção do Espírito, anunciamos o Evangelho que
liberta as pessoas da escravidão do diabo e do pecado para a gloriosa liberdade
dos filhos de Deus (Romanos 8.15).
Restauração da vista aos cegos (4.18). A pregação do
Evangelho abre os olhos dos incrédulos (Atos 26.17-18). Pelo poder do Espírito,
os olhos do nosso coração são abertos para sabermos a esperança da nossa
vocação, a riqueza da nossa herança e o supremo poder de Deus que opera em nós
(Efésios 1.16-19). Quando promovemos o reino em obediência como Ananias, Deus
nos usa para que caiam as escamas dos olhos das pessoas tocadas por Deus (Atos
9.11-12, 17-18). Somos a luz do mundo!
Libertação dos oprimidos (4.18). Quando usamos o
poder para mandar, oprimimos as pessoas nos lares, na sociedade, na igreja;
quando exercemos a autoridade do Espírito (unção), tornamo-nos agentes de Deus
para a libertação dos oprimidos! Promovemos o Reino quando levamos os cansados
e oprimidos para que encontrem descanso e alívio em Cristo (Mateus 11.28-30).
De fato, a Igreja promove o reino de Deus quando ela é uma torre de salva-vidas
nas tempestades do mar da vida!
III - PROMOVEMOS O REINO QUANDO APROVEITAMOS A
OPORTUNIDADE
O ano aceitável é o nosso tempo para a missão (4.19).
Jesus omitiu a última parte de Isaías 61.2 "e o dia da vingança do nosso
Deus". Antes que esse dia chegue, é nosso tempo de pregar o evangelho; é
tempo de os pecadores serem salvos no ano aceitável. A partir de Pentecostes e
"antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor [...] todo o que invocar
o nome do Senhor será salvo" (Atos 2.20-21).
Precisamos remir o tempo (Efésios 5.15-16). A
exortação de Jesus é para trabalharmos enquanto é dia (João 9.4). Enquanto
Jesus não volta, é tempo de multiplicarmos os nossos talentos (Mateus 25.14-23).
Teremos que prestar contas! Tempo perdido não se recupera mais. Somos mordomos
do tempo.
As parábolas de Mateus 13 indicam nossa
responsabilidade no tempo presente. Agora é tempo de missão; é tempo de semear
e crescer, antes da colheita; é tempo de lançar a rede, de ajuntar, antes da
escolha; é tempo de o fermento operar na massa; é tempo de paciência, de
vigilância, de perseverança e esperança na farta colheita que virá. Quem
semeia, ceifa.
Conclusão
A Igreja promove o Reino de Deus quando ela é uma
agência avançada desse reino para salvar vidas nas tempestades do mar da vida.
A seguinte parábola, sob o título SALVANDO VIDAS, pode nos ajudar a
entender bem isto: "Em uma baía por causa dos vários naufrágios que
ocorreram perto dela, existia uma pequena torre de salva-vidas. Na verdade, a
torre era somente uma cabana e contava apenas com um barco, mas aqueles poucos
membros devotos mantinham uma constante vigília sobre o mar turbulento. Sem
pensar em si mesmos, saiam dia e noite procurando incansavelmente por aqueles
que estivessem em perigo ou perdidos. Muitas e muitas vidas foram salvas por
esse bravo grupo de homens que fielmente trabalhou como um time entrando e
saindo da torre de salva-vidas. Com o passar do tempo, ela se tornou um lugar
famoso.
Alguns daqueles que foram salvos, assim como outros ao longo
da costa, queriam se associar àquela pequena torre. Estavam querendo oferecer
seu tempo, energia e dinheiro para ajudar a sustentar os objetivos do local. Novos
barcos foram comprados. Novos integrantes foram treinados. A torre, que uma vez
fora obscura, pequena, e virtualmente insignificante, começou a crescer. Alguns
de seus membros não estavam contentes com o fato de a cabana ser tão sem
atrativos e mal-equipada. Eles sentiram que um local mais confortável deveria
ser providenciado. Macas foram substituídas por uma adorável mobília.
Equipamentos duros, feitos a mão, foram descartados para que sistemas
sofisticados e bonitos fossem instalados. A cabana teve que ser derrubada, é
claro. Em seu lugar foi construído um prédio onde havia espaço para todo o
equipamento adicional, mais móveis, sistemas e cargos de liderança. Com esse
novo prédio, a estação-salva-vidas se tornou um lugar popular, e seus objetivos
começaram a mudar. Ela era usada agora como um clube, lugar para encontros
sociais. Salvar vidas, alimentar os famintos, fortalecer os fracos e acalmar os
aflitos raramente era prioridade agora.
Poucos membros estavam interessados em desafiar o mar
em missões de salvamento, então contrataram salva-vidas profissionais para
fazer esse trabalho. Entretanto, o objetivo original da torre não estava
totalmente esquecido. O tema "salvar vidas" ainda prevalecia na
decoração do clube. Na verdade, ainda existia um barco "litúrgico"
preservado na Sala das boas lembranças com uma iluminação suave e indireta, que
ajudava a esconder a camada de sujeira que se acumulava sobre a outrora
utilizada embarcação.
Foi nessa época que um grande navio se afundou perto
da costa e os marinheiros trouxeram várias pessoas com frio, molhadas e quase
mortas. Elas estavam sujas, algumas terrivelmente doentes e solitárias. Outras
eram negras e "diferentes" da maioria dos membros do clube. O lindo
clube subitamente se tornou uma desordem. Um comitê especial, observando isto, mandou
construir imediatamente uma casa de banho do lado de fora e longe do clube,
para que as vítimas do naufrágio fossem lavadas antes de entrar no clube.
Na reunião seguinte, surgiram palavras duras e
sentimentos de raiva, que resultaram numa divisão entre os membros. A maioria
queria parar com as atividades "salva-vidas" do clube e com todo o
envolvimento com as vítimas de naufrágio. Afinal, é tão desagradável, diziam, é
um obstáculo à nossa vida social abrir as portas para quem não é como nós. Como
era de se esperar, alguns ainda insistiam em salvar vidas, que era o objetivo
primário da entidade - sua única razão de existir era ajudar qualquer um que
precisasse de ajuda, independente do tamanho ou beleza do clube. Esses últimos
perderam na votação, e lhes foi dito que, se quisessem salvar vidas de pessoas
de todos os tipos que sofriam um naufrágio naquelas águas, deveriam abrir uma
torre salva-vidas em outro lugar da costa! Eles fizeram isto.
Com o passar dos anos, a nova torre experimentou as
mesmas mudanças da antiga. Ela se transformou em outro clube. E assim, mais uma
vez outra torre foi criada em outro lugar. A história repete a si mesma e se
você visitar esse litoral hoje, vai encontrar uma série de clubes exclusivos,
enormes, controlados por profissionais que perderam todo o envolvimento com a
salvação de vidas.
Naufrágios ainda acontecem naquelas águas, mas agora
a maioria das vítimas não é salva. Todos os dias as pessoas se afogam no mar, e
poucos parecem se importar. Tão poucos!
Você se importa? Você está disposto a ser membro de
equipes que vão de casa em casa, que enfrentam tempestades com o objetivo de
salvar vidas? Você quer uma Igreja clube social cujo objetivo é atender as
exigências dos seus sócios ou participar da Igreja de Jesus Cristo cujo
objetivo é salvar vidas naufragadas nas tempestades do mar da vida? A resposta
é sua!
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