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Como promover o reino de Deus (Lucas 4.16-21)





Introdução

    Em Cristo, o reino de Deus vem até nós. Nele, a vontade do Pai é feita na terra como ela é feita no céu. Como corpo de Cristo, a Igreja continua a obra de Jesus no mundo. Ela é enviada pelo Filho como ele foi enviado pelo Pai (Jo 17.18; 20.21). Logo, o programa do ministério de Jesus (Lucas 4.18-19) é também o programa do ministério da Igreja

   A Igreja não é o reino de Deus; ela proclama e demonstra, através da encarnação, o reino. Quando ela deixa de promover o reino, ela se torna o reino; quando isto acontece, é desastre! A igreja é bênção quando é serva; é maldição, quando é senhora.

    Como promover o reino de Deus? Dando continuidade ao ministério de Jesus como registrado em Lucas 4.18-19. No Evangelho, Lucas registrou o que Jesus começou a fazer desde a Galiléia até a sua ressurreição; em Atos ele narra o que Jesus continuou fazendo através dos seus discípulos sob a unção do Espírito Santo. O ministério de Jesus é o paradigma do nosso ministério!

I - PROMOVEMOS O REINO QUANDO SERVIMOS NA UNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO  

    Jesus foi ungido com o Espírito Santo para o ministério Ele foi concebido por obra do Espírito, tinha o Espírito, mas, antes de começar o seu ministério, ele foi ungido (Lucas 1.35; 3.21-22; 4.18a; Atos 10.38). Ele foi capacitado pelo Pai para a obra; por isso, ele atribuía toda a glória a Deus.

    Os discípulos, também, só iniciaram o ministério quando receberam o Espírito da promessa (Lucas 24.49; Atos 2.17-18; Efésios 1.13). E podem viver cheios do Espírito (Efésios 5.18) quando vivem numa atitude permanente de louvor (Efésios 5.19), de gratidão (Efésios 5.20) e de submissão mútua como irmãos (Efésios 5.21).

    De acordo com o Novo Testamento, a unção não é concedida apenas para alguns ministérios especiais, mas para todos os crentes (Atos 2.17-18; 1 João 2.27). Logo, todos os crentes são ministros de Deus. Este é o significado do sacerdócio de todos os crentes. Daí o lema da nossa igreja: "Cada casa uma igreja, cada crente um ministro". Para isto, todos são capacitados (Efésios 4.7; 1 Coríntios 12.7, 11). Fica evidente que a capacitação é para servir, é para edificar a Igreja (Lucas 9.51-56). Promovemos o reino quando servimos com humildade!

II - PROMOVEMOS O REINO EXECUTANDO O PROGRAMA DE MINISTÉRIO DE JESUS

    A proclamação do Evangelho aos pobres (4.18). O evangelho se destina a todos, mas quando ele está disponível aos pobres, está disponível para todos. Por exemplo, se Jesus, o Rei dos Reis, tivesse nascido num palácio, só os grandes e nobres poderiam visitá-lo; como, no entanto, ele nasceu numa estrebaria, ricos e pobres; sábios do Oriente e rudes pastores; todos, sem exceção,  puderam visitá-lo e adorá-lo! Depois de mencionar diversos sinais (Lucas 7.22a), Jesus destacou o anúncio do evangelho aos pobres como o sinal da sua condição de Messias (Lucas 7.22b). Promovemos o reino quando vemos, como Jesus, as multidões aflitas e exaustas, temos compaixão delas e as servimos (Mateus 9.35-38). 

    Proclamação da libertação aos cativos (4.18). Como Paulo, nosso ministério consiste em proclamar o Evangelho de tal maneira que as pessoas se convertam da potestade de Satanás para Deus (Atos 26.18) e do império das trevas para o reino do Filho do seu amor (Colossenses 1.13). Promovemos o reino quando, na unção do Espírito, anunciamos o Evangelho que liberta as pessoas da escravidão do diabo e do pecado para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus (Romanos 8.15). 

    Restauração da vista aos cegos (4.18). A pregação do Evangelho abre os olhos dos incrédulos (Atos 26.17-18). Pelo poder do Espírito, os olhos do nosso coração são abertos para sabermos a esperança da nossa vocação, a riqueza da nossa herança e o supremo poder de Deus que opera em nós (Efésios 1.16-19). Quando promovemos o reino em obediência como Ananias, Deus nos usa para que caiam as escamas dos olhos das pessoas tocadas por Deus (Atos 9.11-12, 17-18). Somos a luz do mundo!

    Libertação dos oprimidos (4.18). Quando usamos o poder para mandar, oprimimos as pessoas nos lares, na sociedade, na igreja; quando exercemos a autoridade do Espírito (unção), tornamo-nos agentes de Deus para a libertação dos oprimidos! Promovemos o Reino quando levamos os cansados e oprimidos para que encontrem descanso e alívio em Cristo (Mateus 11.28-30). De fato, a Igreja promove o reino de Deus quando ela é uma torre de salva-vidas nas tempestades do mar da vida!

III - PROMOVEMOS O REINO QUANDO APROVEITAMOS A OPORTUNIDADE

    O ano aceitável é o nosso tempo para a missão (4.19). Jesus omitiu a última parte de Isaías 61.2 "e o dia da vingança do nosso Deus". Antes que esse dia chegue, é nosso tempo de pregar o evangelho; é tempo de os pecadores serem salvos no ano aceitável. A partir de Pentecostes e "antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor [...] todo o que invocar o nome do Senhor será salvo" (Atos 2.20-21). 

    Precisamos remir o tempo (Efésios 5.15-16). A exortação de Jesus é para trabalharmos enquanto é dia (João 9.4). Enquanto Jesus não volta, é tempo de multiplicarmos os nossos talentos (Mateus 25.14-23). Teremos que prestar contas! Tempo perdido não se recupera mais. Somos mordomos do tempo.

    As parábolas de Mateus 13 indicam nossa responsabilidade no tempo presente. Agora é tempo de missão; é tempo de semear e crescer, antes da colheita; é tempo de lançar a rede, de ajuntar, antes da escolha; é tempo de o fermento operar na massa; é tempo de paciência, de vigilância, de perseverança e esperança na farta colheita que virá. Quem semeia, ceifa.

Conclusão

    A Igreja promove o Reino de Deus quando ela é uma agência avançada desse reino para salvar vidas nas tempestades do mar da vida. A seguinte parábola, sob o título SALVANDO VIDAS,  pode nos ajudar a entender bem isto: "Em uma baía por causa dos vários naufrágios que ocorreram perto dela, existia uma pequena torre de salva-vidas. Na verdade, a torre era somente uma cabana e contava apenas com um barco, mas aqueles poucos membros devotos mantinham uma constante vigília sobre o mar turbulento. Sem pensar em si mesmos, saiam dia e noite procurando incansavelmente por aqueles que estivessem em perigo ou perdidos. Muitas e muitas vidas foram salvas por esse bravo grupo de homens que fielmente trabalhou como um time entrando e saindo da torre de salva-vidas. Com o passar do tempo, ela se tornou um lugar famoso.

    Alguns daqueles que foram salvos, assim como outros ao longo da costa, queriam se associar àquela pequena torre. Estavam querendo oferecer seu tempo, energia e dinheiro para ajudar a sustentar os objetivos do local. Novos barcos foram comprados. Novos integrantes foram treinados. A torre, que uma vez fora obscura, pequena, e virtualmente insignificante, começou a crescer. Alguns de seus membros não estavam contentes com o fato de a cabana ser tão sem atrativos e mal-equipada. Eles sentiram que um local mais confortável deveria ser providenciado. Macas foram substituídas por uma adorável mobília. Equipamentos duros, feitos a mão, foram descartados para que sistemas sofisticados e bonitos fossem instalados. A cabana teve que ser derrubada, é claro. Em seu lugar foi construído um prédio onde havia espaço para todo o equipamento adicional, mais móveis, sistemas e cargos de liderança. Com esse novo prédio, a estação-salva-vidas se tornou um lugar popular, e seus objetivos começaram a mudar. Ela era usada agora como um clube, lugar para encontros sociais. Salvar vidas, alimentar os famintos, fortalecer os fracos e acalmar os aflitos raramente era prioridade agora.

    Poucos membros estavam interessados em desafiar o mar em missões de salvamento, então contrataram salva-vidas profissionais para fazer esse trabalho. Entretanto, o objetivo original da torre não estava totalmente esquecido. O tema "salvar vidas" ainda prevalecia na decoração do clube. Na verdade, ainda existia um barco "litúrgico" preservado na Sala das boas lembranças com uma iluminação suave e indireta, que ajudava a esconder a camada de sujeira que se acumulava sobre a outrora utilizada embarcação.

    Foi nessa época que um grande navio se afundou perto da costa e os marinheiros trouxeram várias pessoas com frio, molhadas e quase mortas. Elas estavam sujas, algumas terrivelmente doentes e solitárias. Outras eram negras e "diferentes" da maioria dos membros do clube. O lindo clube subitamente se tornou uma desordem. Um comitê especial, observando isto, mandou construir imediatamente uma casa de banho do lado de fora e longe do clube, para que as vítimas do naufrágio fossem lavadas antes de entrar no clube.
    Na reunião seguinte, surgiram palavras duras e sentimentos de raiva, que resultaram numa divisão entre os membros. A maioria queria parar com as atividades "salva-vidas" do clube e com todo o envolvimento com as vítimas de naufrágio. Afinal, é tão desagradável, diziam, é um obstáculo à nossa vida social abrir as portas para quem não é como nós. Como era de se esperar, alguns ainda insistiam em salvar vidas, que era o objetivo primário da entidade - sua única razão de existir era ajudar qualquer um que precisasse de ajuda, independente do tamanho ou beleza do clube. Esses últimos perderam na votação, e lhes foi dito que, se quisessem salvar vidas de pessoas de todos os tipos que sofriam um naufrágio naquelas águas, deveriam abrir uma torre salva-vidas em outro lugar da costa! Eles fizeram isto.

    Com o passar dos anos, a nova torre experimentou as mesmas mudanças da antiga. Ela se transformou em outro clube. E assim, mais uma vez outra torre foi criada em outro lugar. A história repete a si mesma e se você visitar esse litoral hoje, vai encontrar uma série de clubes exclusivos, enormes, controlados por profissionais que perderam todo o envolvimento com a salvação de vidas.

    Naufrágios ainda acontecem naquelas águas, mas agora a maioria das vítimas não é salva. Todos os dias as pessoas se afogam no mar, e poucos parecem se importar. Tão poucos!

    Você se importa? Você está disposto a ser membro de equipes que vão de casa em casa, que enfrentam tempestades com o objetivo de salvar vidas? Você quer uma Igreja clube social cujo objetivo é atender as exigências dos seus sócios ou participar da Igreja de Jesus Cristo cujo objetivo é salvar vidas naufragadas nas tempestades do mar da vida? A resposta é sua!

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