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Batismo Infantil - Bíblico?





Não quero fazer um tratado exaustivo sobre o assunto mesmo porque existem textos de pessoas bem mais preparadas que o fazem, mas permitam-me dar minha visão sobre a biblicidade do batismo infantil ou pedobatismo.

E sim afirmo que é um erro crentes não batizarem seus filhos, impedindo-os de participar de um meio de graça. Porém entendo que precisamos primeiramente entender alguns pressupostos que embasam o entendimento de que o batismo infantil é bíblico.

O primeiro pressuposto é o que traça o paralelo entre o Israel do Velho Testamento e a Igreja do Novo Testamento. Sobre este assunto sugerimos algumas leituras:

A primeira traz o paralelismo de vários textos do Velho Testamento e do Novo Testamento, pode ser lido aqui. O segundo traz considerações sobre os erros do dispensacionalismo, pode ser lido aqui.

Entendemos que uma distinção entre Israel e a Igreja nos levará inevitavelmente a um entendimento de que existem duas obras de Cristo, uma relação a igreja e outra em relação a Israel o que não encontramos base bíblica para considerar. Pelo contrário num dos textos acima que relaciona passagens paralelas entre o Velho Testamento e o Novo Testamento encontramos como o tratamento é o mesmo nas duas condições.

A tendência de acharmos que o modo e o meio de salvação dos santos no Velho Testamento é diferente do Novo Testamento cai por terra ao fazermos qualquer análise bíblica. As Escrituras afirmam categoricamente que os santos do Velho Testamento  foram justificados por meio da graça, da mesma forma que os santos do Novo Testamento foram e continuarão sendo até a volta de Cristo. Um paralelo que encontramos na formação de Israel vem do próprio termo usado para Igreja. O significado Eklesia é por demais conhecido. No chamado de Abraão vemos exatamente isso. Ele foi chamado para fora de seu mundo para dar início a um povo escolhido e separado assim como a igreja (Genesis 12). Logo em seguida Deus faz a promessa de fazer do casal Abrão e Sarai pais de um grande povo que não poderá ser contado, e que biblicamente se estende até hoje e pelo futuro. Ou não somos todos filhos de Abraão?

A Abraão foi ainda determinado um sinal de distinção desse povo, a circuncisão.

Se admitirmos que o Batismo não é a continuidade da circuncisão teremos que estabelecer a ideia que a Ceia também não é a continuidade da páscoa. Ou teríamos dois sacramentos no Velho Testamento distintos dos dois sacramentos do Novo Testamento. Notem ainda que a páscoa era e é um sacramento realizado ainda hoje por toda igreja visível, incluindo as crianças. Aqui alguns podem me questionar então porque não permitimos a participação na Ceia das crianças. Isso é assunto para um outro estudo, eu pessoalmente, diferentemente da IPB entendo que as crianças deveriam participar da Ceia. Mas o mais importante aqui é os dois sacramentos do Antigo Testamento não foram abolidos, mas substituídos. A páscoa transforma-se na santa ceia, quando Jesus dela participou pela última vez (Mt 26:26-30), acho que não há dúvida em relação a isso. A circuncisão transforma-se também no batismo cristão, visto que não mais havia necessidade de derramamento de sangue, pois o Cordeiro Pascal estava preste a ser imolado. [1]

A circuncisão era o selo da fé que Abraão ( Rm 4-3,11 ; Gn 15.6), mas, mesmo assim, Deus determinou-lhe que circuncidasse Ismael e Isaque (Gn. 21.4). Abraão creu e o sinal da sua fé foi aplicado à Isaque, mesmo quando este ainda não podia crer como seu pai. Quando Moisés aspergiu com o sangue da aliança as tábuas da Lei dada por Deus, aspergiu também todo o povo presente no monte Sinai, incluindo obviamente as mães e seus filhos de colo (Hb 9.19-20).

Para os que entendem que circuncisão e batismo nada tem a ver um com o outro oriento que leiam Colossenses 2:11 onde Paulo chama o batismo de circuncisão de Cristo e Gálatas 3:7,29 ,  onde somos chamados de filhos de Abraão e ainda Gálatas 6:16 onde a Igreja é chamada de Israel de Deus. É claro para nós que o Deus do Velho Testamento é o mesmo do Novo Testamento. O sábado virou domingo, a páscoa virou Ceia, e a circuncisão em batismo.

Outro fato inequívoco tanto em coisas boas quanto más, Deus sempre tratou com famílias, sem que isso desconsiderasse a responsabilidade individual (Dt 29.9-12), Noé e família entraram na arca (Gn. 7.1), Abraão foi chamado com sua família (Gn 12.1-3) e castigou Acã, Coré e suas famílias juntamente. Paulo citando o êxodo diz que todo o povo foi batizado com Moisés, na nuvem e no mar, e está implícito que havia crianças, de fato, centenas ou milhares delas (1 Co 10.1-4).[2] Pedro no dia de Pentecostes nos diz que a promessa era para nós e nossos filhos (At 2.38-39). Nos primórdios da Igreja vemos apóstolos batizando casas inteiras, aliás segundo R C Sproul, um quarto dos batismos do NT são de casas. Paulo batizando a casa de Lídia (At. 16.15), casa do carcereiro (At 16.32-33), a casa de Estéfanas (1 Co 1.16). Mesmo que não sejam citadas crianças, o entendimento mais plausível é que quando os autores de referem a casa compreendem também as crianças. É difícil imaginar que, se houvesse crianças, elas teriam sido excluídas, pois para Paulo os filhos de crentes eram "santos" (1 Co 7.14), ao contrário dos filhos dos incrédulos. O próprio Jesus disse que não impedissem as crianças de virem a Ele (Mc 10.13-16).

Desde sempre, como vimos nas passagens já citadas, Deus determinou que as crianças, filhas de pais crentes, fizessem parte da sua Igreja visível, aqui no mundo. Está, portanto, claramente estabelecida a origem divina da inclusão dos pequeninos na Igreja de Deus. Direito esse que nunca foi cassado.

Um contra argumento que pode ser usado é que não temos citação direta de crianças sendo batizadas, mas no entanto também não temos nenhuma citação de batismo de crentes em qualquer idade que seja. Isso significa que filhos de crentes não devem ser batizados? Acho que é mais correto olhar para o Velho Testamento e entender que se trata de um ato tão natural quanto a circuncisão que nem precisa ser citado explicitamente.

Talvez a origem da dificuldade de alguns membros de igrejas evangélicas em aceitar o pedobatismo seja o receio de “parecer” com a Igreja Católica, que acredita na regeneração batismal. O batismo não salva a criança do ponto de vista do ensinamento bíblico, cada um terá que futuramente tomar sua decisão pessoal. O batismo infantil simboliza a entrada na igreja visível, na comunhão desta.

“Simboliza a fé dos seus país nas promessas de Deus quanto aos seus filhos (cf. Pv 22.6; At 2.38; At 16.31) e expressa os termos da aliança que nós e nossos filhos temos com o Senhor (Dt. 6.6,7; Ef 6.4). Se, ao crescer, uma criança que foi batizada resolver desviar-se dos caminhos em que foi criada, é da sua inteira responsabilidade, assim como os que foram batizados em idade adulta, e que se desviam depois.” – Rev. Augustus Nicodemus

Há quem possa afirmar que no dia de Pentecostes Pedro se refira somente a filhos adultos de crentes mas assim não compreenderiam os ouvintes de Pedro, que eram judeus convertidos, pois eles sabiam que a promessa a que ele aludira era a mesma que Deus fizera a Abraão e aos seus descendentes e que, portanto, incluiria os filhos menores de todos os crentes nas promessas. Isaac, e muitos outros meninos de oito dias apenas, foram publicamente incorporados ao povo de Deus, pela circuncisão.[3]

O argumento que isso tudo se alterou do Velho Testamento para o Novo Testamento nos parece sem fundamento, todos os batismos com água são símbolos e figuras de alguma coisa. De fato, aqueles do Antigo Testamento quanto no Novo Testamento simbolizam exatamente a mesma coisa: o lavar dos pecados pelo sangue e pelo Espírito de Jesus Cristo (1Co. 10:2; Hb. 9:13, 14, 22; e 1Pe. 3:21).

Não existe nenhuma diferença entre os dois testamentos, nem mesmo na questão do batismo. Pensar de outra forma é ir à direção do dispensacionalismo e separar o Antigo do Novo Testamento. O batismo não era algo novo e nunca ouvido pelos israelitas quando João começou a batizar no rio Jordão. Nem a idéia do batismo infantil no Antigo Testamento não deveria nos surpreender. Existe apenas um povo de Deus, um pacto, um caminho de salvação e um sinal do pacto, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

Mais uma vez refutando os argumentos usados pelos que se opõem ao pedobatismo listamos a seguir:

O batismo está diretamente ligado a fé pessoal. O texto usado para tanto é o de Marcos 16:16. Primeiramente esta passagem não está direcionada a crianças            e nem tampouco a Igreja já existente, e sim se refere aos que serão acrescentados a Igreja a partir da mensagem levada aos gentios. Ainda se fizermos uma associação entre fé e batismo usando esse texto teremos que por lógica associar a salvação ao batismo, tornando-o um ato de complemento a expiação de Cristo.

O batismo infantil violaria a escolha/vontade pessoal.  Vemos em diversas passagens, inclusive alguma já citadas, que os pais eram legítimos representantes de seus filhos conforme Js 24:15 e Gn 9:8-9; 17:7.

O batismo infantil não tem nenhum exemplo no Novo Testamento. De fato. Porém também não temos nenhum exemplo de filhos de crentes sendo batizados, em qualquer idade. Por outro lado existem diversas referencias inclusive já citadas acima de batismo de casas inteiras.

A circuncisão era aplicada somente aos homens por isso não podemos ter paralelo com o batismo. As mulheres, assim como as crianças eram representadas pelo patriarca da família, ou pelo homem que exercia essa liderança, esposos, irmãos ou outros parentes. Isso era costume e não mandamento e foi alterado no Novo Testamento (Gl 3:28).

A circuncisão era apenas sinal de nacionalidade. Isso não é verdade. Como já exposto acima Israel era a Igreja vetero testamentária, e era sinal sim de pertencimento ao povo de Deus. (Rm. 4:10-11; Dt. 10:16; 30:6).

Outros argumentos usados contra o pedobatismo são:

O Batismo infantil implica que:

·      a salvação ou a bênção espiritual pode ser imposta através de ritual ou através da fé de outra pessoa.
·      a igreja pode impor a salvação e a bênção a quem quiser, independente da vontade ou fé do indivíduo.
·      sinta-se uma falsa segurança.

Esses argumentos são de toda forma falhos por atacarem um espantalho. Nenhum defensor do pedobatismo na Igreja Reformada afirma as coisas acima, e por correlato as mesmas só seriam válidas se aceitássemos a ideia de que batismo e salvação são auto dependentes.

Um último argumento ainda contrário diz que o batismo infantil resulta em igrejas cheias de membros não regenerados.

Esse último argumento falha por estabelecer a ideia que todo batizado é salvo. Ora, quantos casos conhecemos de pessoas que professarem sua fé visualmente e foram batizados e posteriormente se afastaram da igreja visível e até onde podemos alcançar nunca fizeram parte da Igreja Invisível. Ou mesmo quanto estarão no meio da Igreja Visível até o final e não fazem parte da Igreja Invisível?

Mas o Batismo não é apenas um símbolo da entrada na Igreja Visível, ele também é um meio de graça, e assim sendo quais seriam os benefícios advindos do batismo infantil?[4]

Para a Igreja
·      Edificação dos membros.
·      Responsabilidade da igreja na orientação dos pais e dos filhos.

Para os Pais
·      Conforto no sentido de que os filhos pertencem ao pacto. A não ser que rejeitem quando adultos, essa é a condição deles.
·      Responsabilidades: fazer os filhos conhecerem a sua condição de pertencentes ao pacto. Serem fiéis (dando-lhes bom testemunho). Educá-los no temor do Senhor.

Para as Crianças
·      Quando chegarem à idade da razão, saberão que pertencem à aliança e se perguntarão: O que isto significa? E serão tão beneficiadas com o batismo quanto aqueles que são batizados quando adultos.
·      Gozam de todos os privilégios da Igreja Visível: oração, conselhos, disciplina, ensino da Palavra, exemplo dos outros fiéis, e principalmente das promessas referentes ao pacto.


Por fim gostaria de deixar esse resumo bem objetivo para aplicação:[5]

Por que você batizou ou deseja batizar sua criança?

A Bíblia ensina que o símbolo da salvação é para ser dado aos filhos de pais crentes. No Antigo Testamento, o símbolo era a circuncisão. No Novo Testamento, o símbolo é o batismo. O batismo de nossos filhos simboliza a realidade de que eles têm sido separados para Deus. Neste batismo, os pais realizam um pacto comprometendo-se a criar seus filhos mediante a instrução de seu Senhor. Tal batismo é um chamado às crianças para confessarem a Cristo como seu Salvador desde sua tenra idade.

Foi Deus quem iniciou, pôs os termos e selou Seu pacto com Seu povo. Graciosamente Ele Se compromete a cumprir Sua Palavra. E Ele chama a Seus filhos e os filhos de Seus filhos a manter Seu pacto e a conhecer Sua bênção de geração em geração.

Perguntas Respondidas

1. Acaso o batismo infantil salva a criança?

O batismo não salva a criança mais do que salva um adulto. No Antigo Testamento vemos exemplos de israelitas que tinham sido circuncidados e que eram perdidos. Deus chamou a estas pessoas de “incircuncisas de coração” e disse que elas eram iguais aos ímpios do mundo (Jeremias 9: 26). Eles levavam a marca da salvação, porém não eram salvos. No Novo Testamento vemos adultos abandonarem os caminhos do Senhor e provarem com isto que não O conheciam verdadeiramente. Alguns deles realizariam obras extraordinárias em Seu nome, entretanto Jesus lhes dirá “Nunca vos conheci” (Mateus 7:23). Estas pessoas possuíam a marca externa da salvação, mas eram ímpios.

Deixe-me enfatizar bem isto, de modo que esta pergunta não precise mais ser feita. Nós não ensinamos que o batismo infantil salva a criança.

2. Se Deus mostra Seu favor à criança por causa de seus pais, pode-se considerar isto graça?

Esta é uma excelente pergunta. Se o batismo infantil contraria a graça e ensina que uma pessoa é salva pelos seus pais ou pelas obras deles, então devemos rejeitar essa doutrina, porque nossa salvação depende completamente da graça de Deus.

Se Deus mostra Seu favor a uma criança em particular, Seu favor continua sendo graça. A criança continua sendo pecadora. Seus pais ainda são pecadores. Qualquer dádiva de Deus a essa família continua sendo imerecida. Nunca conheci pais cristãos que tenham dito, após Deus ter salvado seus filhos: “Ele merecia ser salvo porque nós oramos por eles, educamo-los, disciplinamo-los; Deus nos devia isso.” O que é que dizemos? “Graças, Senhor, por Tua graça para com nosso lar; nós somos pecadores e não merecemos Tua bondade.”

3. O que acontece se os pais lutam para serem fiéis na criação de seus filhos no Senhor, porém o filho vem a ser um ímpio quando adulto?

Nós não devemos desistir dessa pessoa. Ás vezes a criança não cumpre as promessas de seu batismo nem professa a fé de seus pais até ser um adulto maduro. John Newton teve uma mãe temente a Deus durante os primeiros sete anos de sua vida, mas logo ele se rebelou contra todo o ensino sagrado. Enquanto não se tornou um adulto, os ensinos de sua mãe não deram frutos. Newton confessou que, mesmo nos momentos mais escuros de sua depravação, ele não conseguia esquecer dos hinos, versículos da Escrituras, e do Catecismo que sua mãe lhe havia ensinado.

Contudo, infelizmente existem crianças que ainda que tenham crescido em lares verdadeiramente piedosos abandonam o Senhor e nunca vêm a Ele. Encontramos este ensinamento em Ezequiel 18:5-13. Ali vemos a descrição de um homem assim: seus pais são piedosos, porém ele é um monumento à iniqüidade. Deus nos diz que esse indivíduo será castigado eternamente. Mas isso é exceção, não é a regra.

Devemos animar-nos ao ver que a maioria dos lares piedosos produzem filhos piedosos. Todavia, devemos ser cuidadosos em como definimos “um lar piedoso”. Tenho visto homens usados poderosamente por Deus como pregadores, presbíteros, diáconos, evangelistas e professores de escola dominical, cujos lares eram desertos espirituais. Eles eram pregadores e mestres ativos, porém fracassados como esposos e pais. Pregadores, nós devemos ser exemplos de esposos e pais piedosos!

É preciso esclarecer que, quando falamos de lares piedosos, não queremos dizer meramente que a família freqüente a igreja. Muitas vezes têm vindo a mim, no decorrer dos anos, pais que se perguntam o que terá acontecido a seu filho. Eles sempre dizem a mesma coisa: “Nós o criamos bem. Nós o levamos à igreja.”  Porém, quando examinamos a vida desse lar em detalhe, descobrimos a razão pela qual o filho se foi por seu próprio caminho:

• Seu pai não lia a Bíblia nem orava com ele em casa.
• Ele não recebia uma disciplina contínua e consistente.
• Seus pais não gastavam tempo com ele, dando-lhe prioridade.
• Ele passava mais horas olhando a televisão que fazendo outra coisa. Quando chegou à adolescência o filho podia assistir o que quisesse.
• Seus pais se preocupavam mais por seu sucesso no mundo que por sua relação com o Senhor.

Em tais casos, não nos surpreende que um filho vá para o mundo. “Não vos enganeis; Deus não pode ser enganado: pois tudo o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7).

4. E o que dizer de uma criança não criada em um lar cristão? Acaso este ensino a exclui de ter alguma esperança?

No Velho Testamento houve egípcios, gregos, persas e pessoas de muitas outras nações que se converteram ao Deus de Israel. Em Ezequiel 18:14-20, Deus diz a Israel que um homem justo pode vir de um lar donde se praticava a injustiça. Deus pode romper a linhagem de iniqüidade e começar uma de justiça. Na verdade, em uma sociedade onde o lar moderno se encontra numa condição de miséria, a beleza de um lar cristão atrai as pessoas a Cristo. Noutras palavras, em vez de desencorajar as pessoas de origem familiar ímpia, nossos lares do pacto são usados pelo Espírito Santo para atraí-los a Cristo.

5. E no caso do lar que somente um dos pais é cristão? Deve o pai cristão batizar sua criança?

A resposta é muito simples. É claro que essa criança deve ser batizada! Quando Deus olha para a criança, Ele a vê como um filho de um dos Seus filhos. Todo o lar é “santificado” e “separado” através do pai ou mãe que seja cristão (1 Coríntios 7:14).

Perguntas para Vocês

Se você tem dúvidas quanto a batizar seus filhos, você deve considerar cuidadosamente as seguintes perguntas.

1. Se tivesse vivido na época do Antigo Testamento, você teria aplicado o símbolo de salvação, ou circuncisão, a seu filho?

Em geral, a mesma pergunta que se faz acerca do batismo também pode ser feita da circuncisão no Antigo Testamento, porque o batismo é o cumprimento da circuncisão. O que você teria dito a Deus, se você fosse Abraão? “Senhor, eu não creio que deva circuncidar a Isaac. Melhor seria que esperássemos até ele mesmo professar sua fé antes de aplicar-lhe o símbolo da salvação. E, na verdade, ele não é diferente do filho do Faraó, não é?” Não são acaso estas mesmas perguntas que surgem hoje em dia?

2. Como podemos pregar ou escutar sermões sobre passagens do Antigo Testamento, se Deus trata de maneira diferente com as famílias do Novo Testamento?

As passagens do Antigo Testamento foram escritas no contexto do lar do pacto, onde o símbolo da salvação era aplicado às crianças. Se nós rejeitarmos esta bênção, como determinamos então quais passagens das Escrituras do Antigo Testamento se aplicam a nossa situação?

3. O que quer dizer Paulo em 1 Coríntios 7:14 quando ele chama os filhos de pais crentes de “santos” ou “separados”?

Você tem que rejeitar o significado óbvio dessa passagem para se recusar a batizar a seus filhos.

4. Acaso Deus se preocupa da mesma maneira pelos lares ímpios como pelos lares de Seu povo?

Existe uma grande diferença entre as famílias entregues à iniqüidade e as famílias que buscam a justiça divina.

“ ....visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20:5).

“Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos” (Salmo 103:17).

O favor do Senhor sobre um lar e o juízo do Senhor sobre o outro é claro. Como pode alguém ler Sua Palavra e dizer que os filhos de Herodes são iguais aos filhos do povo de Deus?

5. Se há dois diferentes povos de Deus com pouca unidade entre si – o povo de Deus do Antigo Testamento e a igreja do Novo Testamento -, como é que em Romanos 11:17 ambos são ilustrados como sendo um só?

Nessa passagem Paulo explica de forma clara que nós, a igreja do Novo Testamento, estamos enxertados no sistema já existente de troncos e raízes. Não há duas árvores diferentes, mas uma só. Certamente existem diferenças, já que muitas coisas se têm cumprido, porém devemos ser cuidadosos em não destruir a continuidade.

6. Se Deus quer que deixemos de aplicar o símbolo da salvação a nossas crianças, por que não ordenou explicitamente no Novo Testamento que mudássemos as normas ou padrões do Antigo Testamento, e que deixássemos de passar o símbolo do pacto a nossos filhos?

Este não é um assunto insignificante. Se o mandamento tivesse mudado, uma norma ou um padrão fundamental e muito importante de 1700 anos teria sido deixado de lado. É claro que a circuncisão deu lugar ao batismo como símbolo de salvação, mas não há o menor indício de um mandamento que nos impeça de aplicar a nossas crianças este novo símbolo da salvação. Pelo contrário, Pedro diz que a promessa é para os filhos dos filhos, e lemos que todas as pessoas nas casas eram batizadas. Não existe, então, razão bíblica alguma para não continuar administrando esta maravilhosa bênção dada por Deus desde há muito tempo.




[1] Batismo Infantil, Editora Puritanos.
[2] Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pg. 265-266.
[3] Estudos Bíblicos sobre o Batismo de Crianças, Philippe Landes, Editora CEP, pg. 18-22.
[4] Idem 1.
[5] John P. Sartele, O Batismo Infantil, Editora Puritanos.


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