Ouvimos tolices com alguma frequência no meio evangélico,
infelizmente. Temos muitos patos novos que se acham entendidos em tudo,
sobretudo como consequência de experiências emocionais que são equivocadamente
lidas como experiências revelatórias pessoais.
Nem vou entrar na discussão dessas experiências revelatórias
ora calcadas como dito acima em emoções afloradas por eventos e contextos, ora
por necessidade de ver o sobrenatural como uma coisa corriqueira, através de
sinais ou sonhos.
Queria me ater aqui a uma bobagem que ouvi a alguns meses
atrás onde alguém dava graças a Deus por viver numa democracia e assim poder
eleger seus líderes. Inclusive citando Clístenes, embora haja dúvidas se o pai da ideia seria mesmo ele ou seu antecessor Solon.
Antes de entrar nas minhas questões sobre Democracia na igreja, queria apenas citar que a Democracia Ateniense era bem peculiar, inclusive, lá não havia dirigentes, tudo era resolvido em assembléias populares, sendo que o povo era formado por um grupo restrito dos habitantes de acordo com algumas condições sócio-econômicas. Isso já é suficiente para diferi-la das nossas democracias modernas, e da própria forma da IPB, e nem precisei pesquisar muito para chegar a essa conclusão.
Essa afirmação carece de conteúdo teológico por várias
razões, mas vou citar apenas tres.
1.
A primeira delas numa visão mais humanista, é a
que podemos enxergar que líderes não são escolhidos, nem na democracia, nem em
forma alguma de governo. Líderes se fazem a si mesmo, pelo exemplo, pelo
comportamento e por assim dizer pela liderança, que se faz de forma natural. O
que se escolhe são dirigentes. E nesse ínterim, a IPB, se assemelha muito mais
a uma Plutocracia do que a uma Democracia. Sendo que a Plutocracia nesse
formato adaptado pela IPB tem mais a ver com reputação do que com dinheiro,
embora nem sempre isso seja verdade.
2.
Um outro equívoco é de enxergar pastores e
presbíteros como representantes da vontade da congregação. Em momento algum na
IPB e na sua constituição isso é entendido.
Os anciãos, presbíteros, bispos e pastores, que na Bíblia são a mesma
coisa, essa diferença de ofício é uma criação posterior, são responsáveis pela
condução espiritual da igreja, e não deputados e senadores postos numa câmara para
defender interesses de seu eleitorado.
3.
Buscando em exemplos bíblicos, vemos que o
modelo usado na Bíblia nunca foi a democracia. Pelo contrário, todas as vezes
que o povo se arvorou na suposta sabedoria de ele próprio escolher seus
dirigentes a coisa foi de mal a pior. O modelo bíblico sempre foi teocêntrico e
teocrata. Nem é necessária um grande aprofundamento para perceber isto.
Por fim, a função de presbítero, ou bispo, ou pastor, na
IPB, e conforme a Bíblia ensina requer do ocupante, não a capacidade de saber
lidar com causas administrativas, pelo menos não de forma precípua, e sim da
capacidade de ensinar, aconselhar e pastorear a igreja, mesmo que em alguns
momentos, precise desagradar a maioria democrata, mas assim continuar agradando
a Deus.
E quem tem ouvidos ouça e entenda, afastar-se propositadamente por não compactuar com determinadas coisas é um ótimo método para ficar de fora quando assim se deseja.
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