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Ética Cristã - Confrontando as questões morais - IX








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INTRODUÇÃO

Um crente em Jesus está na UTI, e os médicos concluem que não há mais solução para sua doença. Todos os esforços serão inúteis. O que fazer? Continuar com o tratamento custoso? Desligar os aparelhos? Muitos têm recorrido ao suicídio, como se fosse uma porta de emergência para escapar da dor. O que podemos dizer como cristãos acerca disso?

I. O CRISTÃO E A EUTANÁSIA

1. O que significa? A palavra "eutanásia" vem de dois termos gregos: eu, com significado de "boa" e thánatos, que significa "morte". Do que resulta o termo eutanásia, sugerindo a idéia de "boa morte". Tal conceito é aplicado aos casos em que o médico, usando meios a seu dispor, leva o paciente à "morte misericordiosa", pondo fim ao seu sofrimento. 

2. A eutanásia ativa. É aquela em que o médico, a pedido do paciente, ou de familiares, através da aplicação de algum tipo de agente (substância, medicamento, etc.) leva o doente à morte, evitando o seu sofrimento. Há quem defenda essa prática, sob o argumento de que "não se deve manter artificialmente a vida subumana ou pós-humana vegetativa", e que se deve evitar o sofrimento dos pacientes desenganados, com moléstias prolongadas tais como câncer, AIDS e outras.

3. O posicionamento bíblico.

a) "Não matarás". A Bíblia diz: "Não matarás..." (Êx 20.13). Daí, a ação do médico, tirando a vida do paciente, equiparar-se a um assassinato; a um homicídio. "Tradicionalmente, se reconhece que a eutanásia é um crime contra a vontade de Deus, expressa no decálogo, e contra o direito de vida de todos os seres humanos". Lemos em 1 Sm 2.6: "O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela". A vida do homem não lhe pertence. Recebeu-a para administrar e deve fazê-lo como bom administrador ou mordomo, a fim de, no futuro, prestar contas ao seu legítimo dono, Deus.

b) Há a possibilidade do milagre. E se Deus quiser realizar um milagre? A fé passa por cima de todas as impossibilidades "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem. Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho" (
Hebreus 11.1,2). Certamente, o Juramento de Hipócrates, proclamado pelos médicos, deve ser considerado, prescrevendo que os mesmos não devem "dar remédio letal a quem quer que o peça, tampouco... fazer alguma alusão a respeito". 

O argumento em favor da eutanásia, alegando que deixar alguém sofrendo sem a mínima perspectiva de sobrevivência é menos moral do que acelerar a morte para tal pessoa, é humano e não tem base bíblica. "Matar por misericórdia", mesmo com consentimento de quem está sofrendo, não é moralmente correto, e tal pedido eqüivale ao suicídio. Assim, quem pratica esse tipo de eutanásia é cúmplice de suicídio. A vida é santa em si e em sua finalidade. Somente Deus pode e tem o direito de dar a vida e de tornar a tirá-la. O nosso dever é aliviar o sofrimento das pessoas por outros métodos e não tirando-lhes a vida.

Ao contrário, devemos envidar todo esforço na tentativa de sua cura, seja por medicamentos, seja pela oração da fé "...e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (
Tiago 5.15,16).

II. O CRISTÃO E O SUICÍDIO

1. O suicídio na Bíblia. Nas Escrituras, encontramos o registro de alguns casos de suicídio. Em todos eles, vemos que seus protagonistas foram pessoas que deixaram de lado a voz do Senhor, e desobedeceram à sua Palavra:

a) O exemplo de Saul. Foi um rei fracassado, que deixou o Senhor, e foi em busca de uma médium espírita (cf.
1 Sm 28.1-19; 31.1-4; 1 Cr 10.13,14).

b) O exemplo de Aitofel. Foi um conselheiro de Absalão, orgulhoso, que se matou por ver que sua palavra fora suplantada por outro. (
2 Sm 17.23).

c) O exemplo de Zinri. Um rei sem qualquer temor de Deus, que usurpou o trono por traição e matança, e que por fim se matou, quando se viu derrotado pelo exército inimigo (
1 Rs 16.18,19).

d) O exemplo de Judas Iscariotes. Após trair Jesus, foi dominado por um profundo remorso, e, ao invés de pedir perdão ao Senhor, foi-se enforcar.

2. O caso de Sansão. Ele caiu nos braços de uma prostituta, chamada Dalila (
Jz 14.3; 16.11). Traído por ela, foi levado ao cárcere. Numa festa ao deus Dagon, foi apresentado como troféu, e fez o templo desmoronar sobre ele e seus inimigos. 

Há quem cite o caso de Sansão (
Jz 16.30) como exemplo de suicídio aprovado por Deus. Quem pensa assim desconhece toda a história de Sansão e sua era teocrática. Há casos em que uma pessoa morre, sacrificando-se por outra ou por outras. Um bombeiro entra no fogo e salva várias pessoas, mas ele morre; um soldado lança-se sobre uma granada, impedindo que muitos companheiros pereçam. Isso não é suicídio. É sacrifício. Ver o caso da rainha Ester (Ef 4.11-15).

3. Sugestão de uma esposa sem fé. A mulher de Jó sugeriu, diante de seu sofrimento, que ele amaldiçoasse a Deus e morresse (se suicidasse). Ele, porém, não aceitou tal idéia, e de modo resignado, confiou integralmente no Senhor. 

4. O posicionamento cristão. A vida é sagrada e somente Deus pode dar e tirar a vida. Moisés pediu a Deus que tirasse a sua vida (
Nm 11.15). O profeta Elias também fez o mesmo pedido (1Rs 19.4) e da mesma forma o profeta Jonas (Jn 4.3). Deus não atendeu a nenhum desses pedidos. Isso mostra que a vida pertence a Deus e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar, e Ele é o soberano de toda a existência.

As Sagradas Escrituras condenam o suicídio pelos seguintes motivos:

a) É assassinato de um ser feito à imagem de Deus (
Gn 1.17; Êx 20.13; Jo 10.10);

b) Devemos amar a nós mesmos (
Mt 22.39; Ef 5.29);

c) É falta de confiança no Deus, visto que Ele pode nos ajudar (
Rm 8.38,39);

d) Devemos lançar as nossas ansiedades sobre o Senhor, e não na morte (
1 Jo 1.7; 1 Pe 5.7).

O ser humano deve respeitar seu corpo como propriedade de Deus. Por isso, não compete ao homem tirar a sua vida. Ao contrário, tudo ele deverá fazer para protegê-la.

CONCLUSÃO

Esperamos que estes subsídios contribuam para uma reflexão mais aprofundada dos assuntos estudados, na busca de respostas mais consistentes em relação aos problemas éticos que são verdadeiros desafios à igreja do Senhor, principalmente no início de um novo milênio, quando os mais diversos e inusitados questionamentos inquietam os servos de Deus.

Juramento de Hipócrates

Maior médico da Antiguidade, o grego Hipócrates (460-377AC), iniciador da observação clínica, deixou um código de princípios aos seus discípulos, e que o médico, ao formar-se, jura cumprir. 

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