Antes
que chovam pedradas, não estou falando de uma igreja específica. E ao mesmo
tempo me preocupo mais com a IPB por ter sido sempre uma igreja muito
preocupada com o ensino em seu meio, e da qual faço parte.
Mas há algum tempo venho notando que a EBD -
Escola Bíblica Dominical, e mesmo os sermões, em vários momentos tem se tornado
meios de levar ninguém a lugar nenhum.
É bom lembrar que originalmente a EBD era um
meio de alfabetização de crianças e posteriormente adultos, criada por Robert
Raikes no século XVIII, papel que as igrejas abandonaram por completo, e como
esse aprendizado era feito em cima da Palavra, por consequência se ensinavam as
verdades das Escrituras.
Como o número de analfabetos na IPB é quase
insignificante, ficou a necessidade de ensinar as escrituras. Porém se numa
escola convencional temos um currículo pensado ao longo dos anos, considerando
cada fase do aprendizado, nas igrejas a preocupação com currículo é quase
nenhuma. Alguns podem se defender dizendo que seguem as revistas da
denominação, como se elas seguissem algum currículo lógico de aprendizado e
aprofundamento.
Primeiro acho um equívoco a distribuição por
idade. Óbvio que não vamos colocar crianças ao lado de adultos, mas a distribuição
entre adolescentes, jovens e adultos também não me parece a maneira mais
inteligente. Mesmo considerando que a linguagem pode e deve ser diferente
dependendo da faixa etária, há algo mais a se considerar, o nível de
aprofundamento e conhecimento dos membros de cada classe.
No meio de adolescentes, jovens e adultos
existem disparidades gritantes entre o grau de conhecimento de cada um, o que
leva em alguns momentos a tornar uma lição simples demais para uns, ou muito
aprofundada para outros.
A falta de uma sequencia lógica, racional e
adequada de apresentar os temas também leva a uma repetição de assuntos sem que
nunca se vá aprofundando os alunos a um estudo de doutrinas mais complexas,
deixando sempre a membresia na superfície do cristianismo.
A própria falta de preparação dos professores,
incluindo neste item, pastores e presbíteros, tem se mostrado cada vez mais
evidente.
Um outro ponto que não vemos nas EBD são
avaliações para medir o aprendizado. Não, ninguém precisa ser reprovado e
enviado para outra classe, mas a avaliação permitiria verificar se o método
está sendo adequado,
A falta de continuidade é outro problema, muda o
pastor, lá vem os mesmos assuntos, simplesmente porque o que chega não se
preocupa em verificar o estágio de aprendizado da igreja, mesmo porque muitas
vezes as igrejas não tem qualquer registro desse estágio.
Parece que cada vez mais a EBD vai falindo e
falhando em seu objetivo, até que cheguemos ao ponto de considerar sua validade
ou não como instrumento de ensino. Muitas vezes as igrejas as mantém, mesmo que
não admitam, apenas pela tradição.
E como os sermões tem ficado cada vez mais
alegóricos e com o pezinho na autoajuda, mesmo que travestida de cristã, o
ensino da verdades doutrinárias vai cada vez mais se diluindo até desaparecer.
E pelo menos na Bíblia que conheço e fui apresentado desde sempre, não há como
adorar a um Deus que não se conhece. E a única forma de conhecer a Deus é
conhecer seus atributos que só são declarados e revelados na Sua Palavra.
Se não repensarmos o modelo de EBD ela estará
fadada ao fracasso, ou ela passa a ser algo realmente valioso na vida dos
alunos, e isso tem a ver com aprendizado profundo e não a manutenção da
água com açúcar para quem não tem mais nada o que fazer, ou irá cada vez mais
definhando até se extinguir por completo.
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