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Ética Cristã - Confrontando as questões morais - III







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INTRODUÇÃO

Hoje, na Dispensação da Graça, Cristo nos ordena a amar os próprios inimigos (
Mt 5.44). O cristão na condição de autoridade (inclusive como militar) e, nessa condição, seus deveres e missões legais, inclusive na guerra, suscitam da parte dos que não conhecem a Palavra de Deus, discussões e opiniões divergentes, pró e contra. No campo secular, humano e temporal, a mídia e a literatura comuns e irmanadas não devem ser o guia do cristão, e sim a Palavra de Deus quando corretamente interpretada. Uma simples lição de Escola Dominical não cobre o assunto, mas sua abordagem mesmo sucinta, será proveitosa. As dúvidas em relação a esse ponto passam pela seguinte questão: A participação na guerra, levará o cristão a contrariar o sexto mandamento que diz "Não matarás"? (Êx 20.13). 

I. A GUERRA NA BÍBLIA

1. A causa das guerras. A multiplicação do pecado, da iniqüidade, da rebeldia e da desobediência afrontosas para com Deus e suas santas leis propiciam o desentendimento e o confronto bélico entre os homens. Esse desentendimento se processa de tal forma que evolui de simples hostilidades a grandes e dolorosos confrontos, de longa duração e repletos de todo tipo de sofrimento (
Tg 4.1; Mc 7.21,22; Gl 5.19,20; Lv 26.25, 33; Dt 28.25; Is 48.22 e Sl 120.7). Em Gênesis 6, vemos os passos que conduzem ao conflito entre nações. Os homens, corrompidos, multiplicaram-se na face da Terra (Gn 6.1); a maldade se multiplicou grandemente (Gn 6.5); a Terra encheu-se de violência (Gn 6.11), a ponto de o Senhor promover o juízo, enviando o Dilúvio. No tempo de Abraão, quatro reis fizeram guerra contra cinco; e Ló, seu sobrinho, foi levado cativo, o que obrigou o patriarca a armar-se com seus criados e promover uma expedição militar contra os agressores (ver Gn 14.1,2; 12-17). 

2. Deus é o Senhor dos Exércitos. Jeová Shallom ("O Senhor é Paz") é o mesmo Jeová Sabaote, "O Senhor dos Exércitos" (
Êx 12.41 e Sl 46.10); Jeová é "Homem de Guerra" (Êx 15.3; Is 42.13). É óbvio que não se trata de guerra no sentido popular, humano, terreno; esta, Deus aborrece "(Sl 68.30 e Ap13.10).

3.Guerras ordenadas por Deus. Uma infinidade de conflitos bélicos resultaram da determinação do Todo-Poderoso, de abater os inimigos do seu povo, Israel. Dentre essas campanhas, destacamos as seguintes: contra os amalequitas (
Êx 17.8-16); contra Jericó (Js 6.2 ss.); contra Ai (Js 8.1 ss.); contra os filisteus (1 Sm 7.1-14); contra os amonitas (1 Sm 11.1-11) e contra os cananeus (Js 11.19,20). Eram as chamadas "guerras do Senhor", de cujo registro se ocupa o "livro das Guerras do Senhor" (cf. Nm 21.14; Js 10.40,42; Dt 20.16,17). Examinando-se com cuidado a Bíblia no seu todo, vê-se claramente que aqueles povos e nações eram manipulados e mobilizados pelo Inimigo no sentido de impedir que o Messias Redentor da humanidade viesse ao mundo. O mundo contemporâneo, no século passado em particular, conheceu diversos conflitos armados, como o provocado pelo ditador alemão, Adolf Hitler, que queria subjugar o mundo (de 1939 a 1945), impondo sua paranóica idéia de conseguir uma "raça pura", leia-se: a supremacia germânica sobre todo o planeta, o que levou à morte milhões de pessoas (destas, mais de 6 milhões foram judeus). Dos seus inflamados e odientos discursos, destacamos este: "Hoje a Alemanha é nossa; amanhã, o mundo inteiro." Nesse caso, a guerra promovida contra o tirano assassino foi justa. Foi Deus que separou as nações (Dt 32.8), inclusive através dos oceanos, e só Ele pode reuni-las outra vez.

II. O POSICIONAMENTO DO CRISTÃO PERANTE A GUERRA

1. O cristão e a guerra. Não podemos aceitar os argumentos filosóficos de certos ativistas pelos seguintes motivos: 

a) Violência. Mesmo ordenadas por governos legitimamente constituídos, na guerra, devido à maldade inerente à natureza humana, há injustiça, traições, atrocidades, vingança, ganância e perversidade (
Rm 12.18,20). 

b) Estado absoluto. Há o perigo de se ver o Estado, ou o Governo como ente absoluto ou até de idolatrá-lo. A Bíblia diz que devemos examinar tudo, mas ficar com o bem (
1 Ts 5.21); devemos fazer tudo "de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens" (Cl 3.23).

2. O Seletivismo. Diferente de outras abordagens, o argumento seletivista afirma que é necessário fazer uma distinção entre "guerras justas" e "guerras injustas", e que o cristão deve engajar-se nelas, quando justas, visto que agir de forma diferente, seria recusar-se a fazer o bem maior, ordenado pelo Senhor dos Exércitos. Segundo essa linha de pensamento, uma campanha militar, ou seja, a "guerra justa", constituir-se-á num esforço válido para evitar que uma nação, ou mesmo o mundo, fique à mercê de tiranos, como Adolf Hitler. 

3. O posicionamento cristão. Mesmo que o governo legalmente constituído promova uma "guerra injusta", dela não podemos participar, por motivo de consciência. Na Bíblia, encontramos exemplos de desobediência ao poder constituído quando este age contra os princípios divinos:

a) Os jovens hebreus na Babilônia. Hananias, Misael e Azarias desobedeceram a ordem de se curvarem diante da estátua de Nabucodonosor (
Dn 3). 

b) Daniel e o decreto real. O filho de Judá, exilado na corrupta Babilônia, negou-se a cumprir uma lei arbitrária que feria os princípios religiosos e morais estabelecidos pelo Eterno ao seu povo: o decreto determinava expressamente que toda e qualquer oração e petição deveriam ser endereçadas ao rei de Babilônia. Daniel, embora cumpridor de suas obrigações no reino, recusou-se a obedecer o decreto, e continuou dirigindo suas oração ao Senhor de Israel. 

c) Os apóstolos e as leis proibitivas. Os apóstolos continuaram a pregar o Evangelho embora as autoridades da época o proibissem e castigassem a primeira geração da igreja cristã com açoites e prisão (
At 4 e 5). 

d) As parteiras e a lei homicida. Faraó, embora governasse sob a permissão divina, decretou o extermínio de criancinhas hebraicas (sexo masculino). As parteiras, porém, não lhe obedeceram e foram abençoadas como está escrito: "As parteiras temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera; antes, conservavam os meninos com vida. Então, o rei do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por que fizestes isto, que guardastes os meninos com vida? E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebréias são vivas e já têm dado à luz os filhos antes que a parteira venha a elas. Portanto, Deus fez bem às parteiras. E o povo aumentou e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, estabeleceu-lhes casas"(Êx 1.17-21). 

4. O que fazer. Nesse caso, mesmo podendo sofrer as conseqüências, o cristão não está moralmente obrigado a participar de uma guerra injusta, conforme defendem os ativistas (que são irmãos dos terroristas). Por outro lado, há guerras que podem ser consideradas justas. No Antigo Testamento o Senhor deu ordens aos israelitas para guerrear e destruir todos os seus inimigos (
Js 10.40). Hoje, podemos entender que é legítima a participação do cristão em guerras; por exemplo, contra o narcotráfico, contra o crime organizado, ou, ainda, contra uma potência agressora, dirigida por um governo tirano, fratricida e genocida.

CONCLUSÃO

Em nosso país, por vezes, atendendo compromissos com organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), vêem-se contingentes militares brasileiros embarcarem para o exterior, em missão de paz, podendo até empreender campanhas contra milícias estrangeiras e rivais. Na guerra contra o tráfico de drogas, ou contra o "crime organizado", que se alastra e grassa em nossa pátria, os militares crentes e autoridades civis são convocados e devem participar. Assim, em termos bíblicos, não há argumento que proíba a participação numa guerra, considerada justa e regular.

Morte Física 

É o término das atividades vitais do ser humano sobre a terra. É vista, nas Sagradas Escrituras, como a conseqüência primordial do pecado (Rm 6. 23). 

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