Leia João 4:1-42
O texto começa nos dizendo que Jesus ao saber que os Fariseus estavam incomodados com o número de discípulos que se juntavam em seguir a Jesus preferiu sair da Judeia e retornar para Galileia. Lembremos que João Batista tinha sido preso há pouco, as lideranças estavam satisfeitas pela retirada do incômodo, e Jesus sabedor do seu ministério e que ainda não era o tempo evitou gerar um confronto naquele momento.
Para fazer essa viagem o trajeto natural era passar por Samaria. Embora existisse a inimizade latente entre judeus e samaritanos não era incomum que houvesse algum trânsito entre eles em terras uns dos outros. A inimizade entre Samaria e Israel remonta a 720 AC por conta da mistura racial com os samaritanos ocasionada pela invasão dos Assírios e posteriormente babilônicos levando o povo cativo e forçando a entrada de outros povos em Israel miscigenando o povo. Essa inimizade foi crescendo ao longo dos tempos transformando-se um ódio lastreado em racismo e preconceito entre eles. Porém esse era um trajeto mais curto.
“Para que entendam os a inimizade religiosa entre os dois povos, se faz necessário dar um a breve descrição da história dos samaritanos. Quando Oseias, o últim o rei de Israel, depois de haver pago tributo a Assíria, transferiu sua lealdade para o Egito, Samaria, capital do reino do norte, foi cercada pelos exércitos de Salmaneser, e, depois de um longo cerco, foi tomada por Sargão. Isso aconteceu no ano 722 a.C. A maioria da população foi tirada de seu país e enviada para a Assíria, Haia, junto a Habor e ao rio Gozã , e para as cidades dos medos (2Rs 17.3-6). Os que eram muito pobres receberam autorização para permanecer na terra de Israel. Estrangeiros, de Babilônia e de outras terras foram levados para aquela região devastada, e com o passar do tempo casaram com os israelitas que haviam permanecido naquela área.
A população misturada que resultou dessa experiência recebeu o nome de samaritanos (de Samaria, a metrópole, fundada por Onri). Os recém-chegados de outras colônias não estavam satisfeitos com as condições que encontraram na nova terra. Eles encontraram o país cheio de animais selvagens, e corretamente atribuíram essa praga ao desprazer de Jeová , a quem haviam ofendido. Eles imploraram ao seu monarca que lhes enviasse um sacerdote israelita para ensiná-los a “lei do Deus desta terra”. Tudo isso resultou num judaísmo adulterado, misturado com um culto pagão. Quando o remanescente dos judeus retornou para a terra de seus pais (principalmente, mas não exclusivamente, daqueles que haviam sido deportados para a Babilônia, em 586 a.C.), e com e ou a reconstruir o altar de oferendas e lançar o fundamento do templo, os ciumentos samaritanos e seus aliados tentaram atrapalhar o trabalho (Ed 3 e 4). A razão para tanto ciúme foi não terem eles recebido perm issão para cooperar com o trabalho de reconstrução.”[1]
Sicar ficava mais ao sul próximo da fronteira com a Judeia, então o encontro ocorreu no início do deslocamento de um total de cerca de 3 a 4 dias de caminhada. Jesus parou para descansar próximo ao poço que ficava entre 1 e 1,5 km da cidade propriamente.
Uma questão notável a se destacar é um contraposição entre o ministério de Jesus em João 3 e aqui em João 4. Comparando os interlocutores de Jesus:
João 3 |
João 4 |
Homem |
Mulher |
Membro da aristocracia |
Pessoa da classe mais baixa |
Estudioso |
Simples |
Alta reputação |
Má reputação |
Vemos que Jesus é o único suficiente para salvar a ambos. Outro pronto que podemos notar é a estratégia de Jesus. Para iniciar uma relação amistosa Jesus usa um pedido de solidariedade, “... dá-me de beber ... “ , atiça a curiosidade sobre si mesmo, “... se soubesse quem te fala ... “, mostrando uma solução, “... nunca mais terá sede ...”, e tocando na ferida instigando a conscientização, “... vá e chame seu marido.”
A mulher estranhou o pedido de Jesus por alguns motivos que podemos perceber. Já era estranho que um homem falasse diretamente com uma mulher desconhecida, e isso era mais ainda estranho se tratando de um Judeu falando com uma mulher samaritana, lembremos do desprezo que os judeus sentiam pelos samaritanos. Como ela soube que Jesus era judeu? Provavelmente por algum aspecto de vestimenta ou modo de falar.
Foi notável como Jesus quebrou as barreiras e se apresentou como a única solução para as questões que se apresentavam, esclarecimento da situação de pecado, saciedade das necessidades, lugar e forma da adoração.
Isso vamos ver melhor na próxima parte.
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