Leia Mateus 4: 18- 22; Marcos 1:16- 20; Lucas 5: 1- 11
As três narrativas coincidem no local. Jesus caminhando às margens do Mar da Galiléia, também referido no Novo Testamento pelo nome de mar de Tiberíades ou lago de Genesaré. Na verdade é um grande lago de água doce com seu pontos mais extremos com 19 km de comprimento e 13 km de largura e profundidade máxima de 43 metros. Muito do ministério de Jesus se desenvolveu em torno dessa região.
Boa parte da economia e da sobreviv6encia da população local estava ligada ao lago através da pesca, e como era comum no ministério de Jesus ele usou elementos da vida comum e da natureza para demonstrar verdades sobre o Evangelho.
O texto de Lucas que é mais detalhado nos diz que Jesus estava tentando se afastar da multidão que o “apertava” então ele subiu num barco que estava às margens cujo os pescadores estavam em terra consertando as redes, é comum pescadores fazerem manutenção em suas redes a cada uso, fechando os rompimentos causados. Ele usou o barco como plataforma para falar a multidão que o seguia. Era o barco de Simão filho de Jonas que mais a frente é renomeado por Jesus como Pedro Πέτρος, que significa fragmento de pedra, ou pedregulho. Nada havia de rígido ou inflexível no método que Jesus usou para alcançar o povo. Jesus usou várias momentos e locais como púlpito. As vezes ele pregou ou ensinou no culto normal da sinagoga[1], no templo[2], numa colina como seu púlpito[3], numa casa[4], no deserto[5] e até no cemitério[6]. Falar assentado em um barco trazia uma posição cômoda, uma boa visão da audiência dela para ele e dele para ela e facilitava a comunicação.
Após trazer seus ensinamentos a multidão ele orientou a Pedro que lançasse suas redes. Para quem não conhece a atividade, normalmente a pescaria é feita a noite e pela madrugada, Pedro informou a Jesus que tinham passado a noite pescando sem sucesso, mas assentiu lançar as redes sob orientação de Jesus a quem se referiu como mestre, certamente ali já estava plantada a semente do Evangelho pelo que ele acabara de ouvir de Jesus. Tudo indica por vários textos posteriores que Pedro apesar de ser um homem simples era conhecedor das escrituras do antigo testamento.
O texto nos fala que a quantidade de peixes trazida nas redes era tão grande que elas quase se rompiam ou o barco afundar. Não foi fruto de algo natural ou técnico, mas foi fruto da confiança e obediência demonstradas por Pedro e seus companheiros.
Pedro é autor de algumas passagens mais emocionantes do período apostólico, e aqui ele dá o seu primeiro grande testemunho a respeito de Jesus, “... Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador. ” Não necessariamente ele queria um afastamento literal de Jesus, Pedro enxergou a santidade de Jesus naquele momento e temeu porque conhecia sua própria vida e a sua condição diante do Cristo, o Filho de Deus, existem vários exemplos de pecadores temendo diante da santidade de Deus[7]. Jesus então chama a Pedro, a André, a Tiago e a João, os dois últimos irmão filhos de Zebedeu[8], para o seguirem e declara usando o que acabara de acontecer como exemplo do que viria a acontecer com eles, se tornariam pescadores de homens, numa pesca maravilhosa que já perdura por mais de dois mil anos em todo mundo e entre todos os povos. Eles imediatamente puxaram os barcos até a areia, largaram tudo e o seguiram.
Cristo tinha vindo à terra para concretizar essa designação[9].
- Produzir esse resultado[10];
- Desejo ardente de resgatar os homens da morte e comunicar-lhes vida[11];
Isso conhecendo
- O custo[12];
- O alvo[13].
Uma das coisas que nos chamam atenção nos textos é que estes quatro discípulos chamados por Jesus não faziam parte de nenhuma cúpula religiosa da época e tampouco eram homens de destaque na sociedade.
Outro destaque que podemos facilmente apreender dessa passagem é que o ministério fundamental da igreja é a pregação do evangelho, ser o canal de busca dos eleitos de Deus, como nos diz Paulo "Ai de mim se não pregar o evangelho".[14]
Uma questão mais complexa nos ocorre se perguntarmos como Jesus sabia que as redes voltariam cheias de peixes? O que essa passagem nos ensina assim como Mateus 17:27 que Jesus sabia onde os peixes estavam, como sabia pela onisciência de sua natureza divina várias situações em particular de várias pessoas[15] como também conhecia a natureza humana, seus corações e mentes[16]. Por outro lado é igualmente possível que os peixes não estivessem lá e podem ter sido trazidos pelo poder de Jesus, mas o fato concreto é que a divindade de Jesus estava demonstrada ali.
[1] Lucas 4.15, 16
[2] Mateus 26.55
[3] Mateus 5:1
[4] Lucas 5:17-
[5] Marcos 8:1,4
[6] João 11:38
[7] Abraão (Gn 18.27, 30, 32); Manoá e sua esposa (Jz 13.20); Jó (Jó 42.5, 6); Isaías (Is 6.5); o apóstolo João (Ap 1.17). Isso se aplica até mesmo a grupos: Israel (Êx 20.19; Dt 5.25); as nações (Is 64.2).
[8] O texto nos indica que provavelmente Zebedeu era um pequeno emnpresário com alguns barcos de pesca e que seus filhos, e possivelmente Pedro e André também trabalhavam com ele.
[9] Lucas 5:32
[10] Lucas 4.18; 9.48; 10.16; João 3.16, 17, 34; Gálatas 4.4; 1ª João 4.9, 10, 14
[11] Lucas 10.2; Mateus 9.36-38; João 4.34, 35
[12] Lucas 12:50
[13] Lucas 17.18; João 17.1, 4
[14] 1ª Coríntios 9.16
[15] Macos 14.13; João 1.47-49
[16] Lucas 5.22; João 2.25
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