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Pode o universalismo ser bíblico?

 




Antes de mais nada vamos definir o que é Universalismo.

 

Trata da crença que todo ser humano em fim será salvo, ou a ideia da “Salvação Universal”, literalmente ou pelo potencialmente admitem a idéia de que todos os homens irão para o Céu com o Senhor.

 

Esse tipo de ideia geralmente vem apoiada, embora seja um equívoco à luz das Escrituras, numa ênfase sobrepujante do amor de Deus, quase sempre acompanhada da frase tão comum quanto equivocada de que Deus odeia o pecado mas ama o pecador.  Existe farto material na internet sobre essa questão, mas de uma forma bem resumida trata-se de um engodo de Satanás no qual muitos crentes caem. É Deus quem estabelece a inimizade entre Ele próprio e a sua raça humana. É Deus quem determina que só haverá reestabelecimento entre Ele e o homem a partir de um sacrifício sanguinário e cruento que aplaque a Sua Santa Ira e pague de forma justa a dívida. Alguns se apegam a frase que Deus Tudo Pode, para turvar seus pensamentos e acreditar que Deus poderia ter encontrado um outro meio. Não, afirmamos que não. Deus não podia fazer algo diferente do que Ele mesmo afirmou e decretou na eternidade, não porque ele seja limitado por fatores externos, mas porque todos os seus atributos são absolutos e nenhum deles se sobrepõe aos demais, e Deus não mente, nem muda, porque Ele é A VERDADE e é IMUTÁVEL. Se admitirmos que Deus ama com o amor profundo que Ele declara pelos salvos, os eleitos, teremos um Deus impotente na Sua Vontade.

 

Fora isso existem na Palavra fartas afirmações sobre o destino nada animador e infeliz dos homens não redimidos. O próprio Jesus confirmam que o tempo que os redimidos irão passar no Céu durará tanto quanto o tempo que os não redimidos irão passar no inferno.

 

Mateus 25:46 diz: “E irão estes [não-redimidos] para o castigo ETERNO, porém os justos, para a vida ETERNA” (minha ênfase). Alguns acreditam que aqueles no inferno irão eventualmente cessar de existir, mas o Senhor mesmo confirma que irá durar para sempre.

 

Este “fogo eterno” é mencionado anteriormente em Mateus 25:41 também. Em Marcos 9:44 Jesus diz que o inferno é onde “nem o fogo se apaga”. Ele nunca irá se apagar porque irá durar para sempre. As Escrituras ensinam que alguns homens irão passar a eternidade no inferno, enquanto outros irão passar a eternidade no Paraíso com o Senhor. 

 

“Assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas”. (João 10:15)

 

Existem três tipos de universalismo. Um de cunho mais abrangente chamado de universalismo real que de forma resumida diz que Cristo morreu por todos e que todos, sem exceção, serão salvos. Talvez esse seja menos presente nos arraiais cristãos mas, existe uma outra falsa doutrina que ensina que Cristo morreu por todos, mas que Sua morte não tem efeito salvador sem a adição da fé e do arrependimento, não previstos na sua morte. Ou seja, Ele morreu com o propósito geral de tomar a salvação possível, mas a salvação de indivíduos específicos não estava incluída na sua morte. Isso é chamado de universalismo hipotético. Existe também o universalismo contingente, que seria a crença na possibilidade de que todos possam ser salvos. Ou seja, quem defende tal visão não afirma com convicção que isso ocorrerá mas deixa em aberto no mínimo a esperança de que venha a acontecer.

 

A doutrina que está de fato amparada nas Escrituras é a que ensina que, ainda que a morte de Cristo tenha sido infinita no seu valor, ela só visava salvar alguns – aqueles que foram conhecidos de antemão. Isso é a expiação limitada.


A Expiação limitada, é uma doutrina histórica e cara a Igreja Reformada, trata diretamente do decreto de Deus a respeito se propunha a realizar eficazmente aqui a que se propunha, ou seja retirar os pecados dos eleitos de Deus assegurando que todos estes alcançassem a fé através da regeneração e pela fé sejam preservados para a glória. No Decreto de Deus Cristo não pretendeu morrer por todos, posto que se assim fosse, como as Escrituras e a experiência nos ensinam que nem todos são salvos, a obra seria apenas parcialmente eficaz, o que não condiz com um Deus de absolutos.

 

Em nenhum local das Escrituras se ensina que todos serão salvos, independente de Eleição ou não o que de cara já refuta por completo o universalismo real.

 

Os outros dois tipos de universalismo não diferem entre si sobre quantos serão salvos, mas a respeito do propósito pelo qual Cristo morreu. As Escrituras tratam dessa questão.

 

O Novo Testamento ensina que:

 

a)     Deus escolheu para a salvação um grande número dentre os da raça decaída e enviou Cristo ao mundo para salvá-los (Jo 6.37-40; 10.27-29; 11.51-52; Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 1Pe1.20).

b)   Cristo morreu por um povo específico, com uma clara implicação de que sua morte assegurou a salvação dele (Jo 10.15-18,27-29; Rm 5.8-10; 8.32; Gl 2.20; 3.13-14; 4.4-5; 1Jo 4.9-10; Ap 1.4-6; 5.9-10).

c)    Antes de morrer, Cristo orou por aqueles que o Pai lhe tinha dado e não pelo mundo (Jo 17.9,20). A oração de Jesus animou aqueles por quem ia morrer, e Ele lhes prometeu que jamais deixaria de salvá-los.

 

Temos claramente nesses textos a idéia de uma expiação limitada.

 

A doutrina ortodoxa enraizada no Novo Testamento que oferece a garantia da salvação a todos que se arrependem e creem no Senhor Jesus não é o universalismo que ensina que todos os seres humanos serão aceitos por Deus e gozarão do benefício da morte de Jesus. O conceito majoritariamente aceito na igreja primitiva era o da eleição.

 

Historicamente o universalismo:

 

a)    Foi condenado no Concílio de Constantinopla como uma heresia em 543 d.C.

b)   Voltou a ser mais difundido pelos anabatistas, morávios e outros poucos grupos não ortodoxos.

c)    É abraçado pelo liberalismo e seus teólogos como Schleiermacher, John A.T. Robinson, Paul Tillich, Rudolph Bultmann.

d)   Karl Barth, adotou sempre uma posição meio ambígua, sem defender mas sem no entanto condenar veementemente.

 

Mas Calvino e outros reformadores se opõem contundentemente a essa doutrina. O universalismo é uma forma moderna da mentira de Satanás no jardim: “Certamente, não morrerás”.

 

Não existe contradição entre a missão de oferecer livremente o Evangelho e pregar as boas-novas em toda parte com o ensino da eleição. A Bíblia nos diz que todos os que se chegam a Cristo encontrarão misericórdia (Jo 6.35,47-51,54-57; Rm 1.16;10.8-13), a Expiação Limitada que desemboca na Eleição não contesta isso, mas afirma que apenas as ovelhas conhecidas por Cristo, as quais ele chama pelo nome atendem ao chamado ao ouvir a Sua voz.

 

O destino final que separará  humanidade está no Novo Testamento em várias partes, “recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt 3.11,12).

 

Nascer de novo é condição essencial para se ver o Reino de Deus. Achar que o amor de Deus é tão extenso que ninguém pode cair fora dele, é uma crença muito conveniente para os que rejeitam o teor de todo o ensino da Bíblia.

 

Não há nenhum universalista que se mantenha na defesa do mesmo sem relativizar partes das Escrituras. A tal da teologia advinda da chamada “ a chave hermenêutica da Bíblia é Cristo. “ disseminada no Brasil muito a partir de Caio Fábio e a sua comunidade da (des)graça, caminha exatamente nessa trilha. É realmente impossível adotar a Bíblia, toda, como A Palavra Inerrante, completa e verdadeira revelação de Deus e abraçar conceitos universalistas.

 

Antes de concluir temos ainda um grupo de universalistas que ainda vai além da crença de que pelo menos seja necessário crer na salvação através do Verbo de Deus, porém muitos acreditam que esse LOGOS ("Verbo" - João 1:1) se manifesta não apenas na pessoa de Jesus Cristo mas também em outras formas e assim a salvação aconteceria por diversos meios mediante outras religiões, uma das mais conhecidas é o espiritismo que apregoa o aperfeiçoamento humano como forma de alcançar a redenção.

 

 as quais professem ensinos supostamente semelhantes (justamente por causa das supostas manifestações). Desta forma afirmam que a Salvação só ocorre mediante ao Verbo, mas não necessariamente por Jesus Cristo.

 

“Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” Gálatas 1:9.

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