A todo momento nos é mostrada alguma informação com os pouco mais de 100 mil mortes, com causas atribuídas ao COVID e quase sempre o problema é atribuído ao presidente por ele ter uma posição contrária ao isolamento horizontal como se tentou fazer. O que ninguém explica, no entanto, é como esse isolamento que foi usado em vários locais, e não evitou lá, as mortes, evitaria aqui.
O Brasil está bem longe de ser o pior colocado na razão mortes por milhão de habitantes. Mesmo considerando apenas países com os melhores IDH do mundo como filtro. A comparação entre Suécia e Inglaterra, países parecidos, depõe contra essa ideia do isolamento radical.
Mas voltando ao Brasil temos algumas questões importantíssimas a considerar sobre esse número cabalístico de 100 mil mortes. Ninguém trata de um conceito fundamental, morrer com Covid ou por causa do covid. E aí temos que trabalhar com as estatísticas. O Guilherme Fiuza, comentarista político na Jovem Pan, divulgou um levantamento, a partir de dados oficiais do site portaltransparencia.gov.br, onde entre outras coisas, sempre considerando o mesmo período de Março a agosto, de 2019 e de 2020, morreram menos 30.000 pessoas de doenças respiratórias de 2019 para 2020. Somando diversas causas, morreram 70.000 pessoas a menos de 2019 para 2020 fora as assinaladas com o COVID como causa morte.
Mesmo descontadas as mortes por acidentes e assassinatos, ainda teríamos uma redução absurda e improvável, salvo alguma mágica, de mortes de 2019 para 2020. Não existe precedente na história de redução de mortes por um determinado motivo atingindo mais de 10% de um ano para outro no mundo inteiro. Tem causas com redução superior a 20%.
Não é fora de senso imaginar que as mortes causadas exclusivamente pelo vírus, aquelas que não aconteceriam se não fossem por ele, sejam cerca da metade das anunciadas, ou ainda menos.
Correto que quer sejam 10.000 ou sejam 50.000 são mortes, devem ser lamentadas, o luto nunca é algo a ser desprezado. No entanto, é correto também supor que a maioria dessas mortes foram ou seriam inevitáveis independente de contaminação ou de cuidados contra a ação natural do vírus.
Não se trata de minimizar tragédias, mas de tentar de enxergar a questão do objetivamente. Sem histeria, sem pânico, e principalmente sem viés político. Fala-se muito sobre o governo ter feito ou deixado de fazer algo e que isso impactou nos números. Se nossos números não são piores de que de vários outros países, o que então todos deveriam ter feito e não fizeram? Essa é a resposta de um. milhão que ninguém parece ter. Seria o vírus mais fraco aqui? Seríamos nós mais resistentes? Ou como se começa a reconhecer, mesmos os mais radicais, pouco sabemos sobre o vírus e como ele se comporta. A curva de oficialmente infectados e de mortes já começou a cair. Será que essa imunidade de rebanho na casa de 20% é mesmo eficiente? Ou não seria mais sensato pensar que existe uma quantidade absurdamente maior de pessoas que contraíram o vírus e sequer desenvolveram qualquer tipo de complicação? Não sou da área de saúde, mas manjo muito de lógica, e essa segunda situação parece muito mais plausível.
Fora um ranking mórbido que parece fazer cada governador querer parecer mais vítima com seu estado, existem números importantes que talvez nunca saibamos, e essa é uma das minhas criticas ao Governo Federal, poderia sim ter trabalhado melhor o levantamento de dados para compreensão do fato. Perguntas tais como:
1. Quantos dos mortos supostamente por COVID estavam plenamente saudáveis?
2. Quantos já estavam hospitalizados ou com complicações por outras causas?
3. Quantas morreram porque foram internadas em UTI sem as melhores condições?
4. Quantos morreram por falta de atendimento?
5. Quantos morreram entre os que iniciaram o tratamento de forme precoce e quantos por só procurarem atendimento quando os sintomas estavam graves? (Essa foi sempre a orientação do Mandetta, lembrem disso).
6. Quantos morreram contaminados pelo covid porem com a morte causada por outra doença como o câncer por exemplo?
Não temos acesso as respostas para nenhuma dessas perguntas acima e ainda poderíamos listar outras tantas.
Não me recordo o nome, mas tinha um personagem em desenho animado que toda a vez que a situação ficava complicada ele começava a correr em círculos desesperado e precisava levar um tapa para parar. Tem muita gente sincera e decente talvez precisando levar um tapa para acabar com a histeria, mas o problema mesmo é que tem muita gente sempre torcendo pelo pior para fazer política partidária. Cobrar ações do governo faz parte necessária de uma democracia, e até ajuda o governo de turno quando feita de forma responsável e objetiva. Usar a tragédia dos outros para atacar um governante, ou parlamentar, eleitos, só porque não votei nele, isso é desonesto, não com o governante, mas com as vítimas da tragédia.
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