Leia 2ª Timóteo 3:14-17
Vamos trabalhar num texto pequeno, apenas quatro versos, mas que renderão certamente um dos nossos maiores posts nessa série em Timóteo.
Primeiramente vamos trazer afirmações sobre a Bíblia”
O que a Bíblia é.
1. Ela é a única e verdadeira revelação sobre o Deus único[1];
2. Ela contém tudo aquilo que esse mesmo Deus quis que nós conhecêssemos a respeito dele[2];
3. Não há erros ou qualquer tipo de incoerência, mesmo que aparente, que não possa ser explanada pela própria Palavra;
4. Ela é toda inspirada pelo Espírito Santo, embora escrita por homens, dentro de seus conhecimentos e contextos históricos, e tudo que nela contém está de acordo com a Soberana vontade de Deus;
5. Nada há fora dela que possamos acrescentar, arguir ou inferir sobre o Deus trino e todo poderoso além do que Ele mesmo revelou[3].
E o que a Bíblia não é:
1. Um mero livro de regras[4] do dia a dia, apesar de conter princípios, algumas mais diretos e objetivos, a Bíblia se propõe a através da revelação de Deus e da obra de Cristo a moldar o caráter do cristão para que esse haja em amor segundo os princípios dados por Deus e não pelo mero cumprimento de regulamentos;
2. Não é um tratado histórico, não se propõe a isso, embora muitas histórias estejam lá contidas e sejam verdadeiras não há preocupação em detalhes e pormenores sensíveis a historiadores;
3. Não é um livro psicografado pelo Espírito Santo, os homens que a escreveram usaram seu intelecto e seu conhecimento para faze-lo ao mesmo tempo que eram direcionados pela vontade sobenada de Deus.
4. Não é um livro que contém algumas verdades e que pode ter partes desprezadas em nome de uma contextualização.
Tenho uma consideração filosófica para entender as Escrituras como a Palavra de Deus.
a) Não consigo conceber a criação ao contempla-la sem que entender que há necessariamente um Desing Inteligente por trás de tudo; Alguém não-causado que por sua vez só pode ser o causador de tudo;
b) Não entendo que esse Ser não-causado e causador de tudo não seja quem mantém e sustenta a sua própria criação;
c) Portanto não entendo que esse Ser permitisse de qualquer forma que fosse que esse livro de Sua Revelação, persistisse a todas as perseguições que sofreu e fosse mantido intacto ao longo de diversas gerações ao longo do tempo, e demonstrasse tão claramente o conteúdo e cumprimento de suas profecias.
Voce pode ter Sua própria forma de entender a veracidade da Bíblia, mas tudo que tratamos até o momento está baseada nesse princípio de que as Escrituras conforme o próprio Deus a preservou é Sua Revelação única e suficiente.
“Para que Alguém Possa Chegar a Deus, O Criador. É Necessário Que Tenha A Escritura Por Guia e Mestra.”[5] – João Calvino
A Bíblia portanto é útil para o ensino, para a apreensão e para a correção, para educação na justiça, para entendimento do Ser de Deus, para o aperfeiçoamento e santificação do convertido e para servir de fonte de princípios para toda boa obra.[6]
O reformadores, contrariamente ao ensino da Igreja Católica Apostólica Romana, reestabelecem o ensino que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus. Elas são inspiradas[7] e a sim de forma distinguida de outros escritos cristãos ela é suficiente, infalível, inerrante e verdadeira em sua totalidade.
Contendo tudo que precisa ser conhecido sobre a salvação são também suficientemente claras de modo que todos os escolhidos possam entender pessoa sem preparação especial e sem a exigência de um intérprete oficial.
Importante não confundir a capacitação de todo escolhido para ler e entender as Escrituras com um conceito fluido na época da pós verdade de livre interpretação. A interpretação bíblica ou a chamada hermenêutica bíblica não concebe que hajam várias interpretações possíveis sobre o mesmo texto, as aplicações até são individuais, mas a interpretação deve ser tomada sempre a luz das próprias escrituras.
· A Bíblia interpreta a si mesma - muitas partes da Bíblia explicam outras partes, como por exemplo o sinal de Jonas mencionado em Mateus 16:4 é explicado em Mateus 12:39-41
- A Bíblia é consistente - se sua interpretação de uma passagem contradiz o que o resto da Bíblia diz sobre o tema, a interpretação provavelmente está errada; os ensinamentos da Bíblia não se contradizem
· O Espírito Santo ajuda a entender - se você está com dificuldade em entender o que você lê na Bíblia, peça ajuda a Deus e o Espírito Santo lhe ajudará - 1 Coríntios 2:12
“Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.
Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.”[8]
Sendo a Bíblia[9] inspirada pelo Espírito Santo e de escrita de acordo e sob a autoridade do próprio Eu-Sou, ela carrega em si a mesma autoridade, tendo portanto o direito de ordenar e submeter todo os nossos pensamentos e nossos padrões morais.
Nenhum grupo de homens pode por qualquer vontade e auto assumida autoridade retirar, acrescentar ou modificar nada nas Escrituras.
Uma das heresias dos dias atuais traz uma frase de impacto e uma ideia incorreta sobre as Escrituras. A Chave Hermenêutica da Bíblia é Cristo.[10] Não obstante termos a perfeita convicção que o ponto central da Palavra é o advento de Cristo que é o Evangelho, e que todo Antigo e Novo testamento apontem para tal não encontramos em nada na Bíblia, nem mesmo nas letras vermelhas, que são indicadas como as palavras textuais de Jesus, que nos autorize a ideia de que podemos desprezar algum outro ensino bíblico que não sejam esses textos destacados. Nos parece muito mais uma forma de moldar extratos bíblicos aos nossos modelos de pensamento.
[1] O princípio cristão da autoridade bíblica significa que Deus é o autor da Bíblia e deu-a para dirigir a crença e o comportamento do seu povo. O conceito de Deus e de nossas vidas devem sempre ser confrontados, testados e medidos tendo a Bíblia como referência.
[2] A Palavra escrita de Deus, em sua verdade e sabedoria, é o meio que Deus escolheu para exercer o seu governo sobre nós, e as Escrituras são o instrumento do senhorio de Cristo sobre a Igreja. A obra das Escrituras na Igreja é ilustrada pelas sete cartas do Apocalipse (Ap 2; 3). – Bíblia de Estudo de Genebra
[3] Tradições por mais antigas que sejam podem se sobrepor ou ter a mesma validade autorizativa da Palavra. Dois outros ramos monoteístas, católicos e Judeus costumam sobrepor tradições e interpretações distorcidas a partir de princípios arraigados em contextualização e ou tradições.
[4] Sabemos que o catecismo usa a expressão regra de fé e prática, o sentido que estamos atribuindo aqui a regra é diferente, estamos tratando aqui da ideia de um manual de atuação que tem a resposta no estilo pergunta e reposta sobre manutenção.
[5] As Institutas da Religião Cristã - Livro I, Capítulo 6
[6] É um erro comum interpretar boa obra como assistencialismo aos necessitados, mas o sentido bíblico, embora compreenda isso também, é bem mais abrangente e se refere a todo o proceder de um cristão no seu dia a dia e vida aqui.
[7] O termo original grego carrega a ideia de sopro.
[8] Os Cinco Solas da Reforma - Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria
por Declaração de Cambridge.
[9] O Novo Testamento ainda não existia em forma de coleção. Na realidade, é provável que vários dos livros do Novo Testamento ainda não tivessem sido escritos. No entanto os reformadores, nem a igreja cristã em qualquer momento da história teve qualquer movimento com representatividade que questionasse o canon do Novo Testamento.
[10] Nesse link vocês encontram uma simples porém muto boa e objetiva refutação contra essa heresia propalada por Caio Fábio e seus seguidores.
http://bereianos.blogspot.com/2013/09/nao-caio-fabio-jesus-nao-e-sua-chave.html
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