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A IGREJA DE PORTAS FECHADAS.




E já se vão quatro meses com as igrejas fechadas e ao que parece elas serão os últimos lugares a serem liberados. Se e quando forem a pergunta que existirá é que igrejas retornarão.

Não pretendo entrar aqui em nenhuma discussão espiritual. Sim é claro que as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela, nunca deixará de existir os fiéis remanescentes, todos os salvos em Cristo Jesus ainda continuarão salvos, eu creio nisso, mas no aspecto de relevância quanto a comunhão, ensino e a agregação do rebanho já não estou tão convicto.

Estou na turma que admirava uma coisa em relação às igrejas antigamente, ainda mais as católicas, elas permaneciam abertas quase 24 horas por dia, 7 dias por semana, as pessoas podiam ir lá a qualquer momento, ver uma reunião de senhoras, de jovens, assistir o ensaio do coral, ou apenas sentar num banco e meditar, orar, contemplar no silencio. Não estou aqui atribuindo nenhum poder especial ao prédio em si, mas é inegável o efeito que um lugar dedicado a adoração tem sobre as pessoas e isso pode ser bom em vários aspectos. Sei que as complicações, custos e segurança nos tempos atuais tornam isso mais difícil de acontecer, mas poderíamos pensar em meios para isso continuar ocorrendo.

Desde março a igreja não se reúne, pelo menos não presencialmente, se é que podemos considerar LIVES no YOUTUBE como reunião, pessoalmente não acho que sejam. Desafio qualquer pastor a contar quantas visualizações tem seus vídeos e compara-las ao público que estaria na igreja. Fora que muitos membros de igrejas estão assistindo vídeos de outros pastores, não que isso seja ruim, pelo contrário, pode até ser melhor em alguns casos mas não é a mesma coisa, nem nunca será, se assim fosse, igrejas perseguidas não ser reuniriam sob risco de morte bem maior do que neste momento.

Acreditar que neófitos e crianças conseguiram durante esse afastamento manter seu aprendizado é ilusório, no caso das crianças ainda mais nos tempos nos quais vivemos onde boa parte dos pais já deixaram há muito de cuidar da vida espiritual de seus filhos. Como deviam.

Não quero abrir um debate sobre validade ou necessidade do isolamento, porém são inegáveis os danos a comunhão da igreja.  Alguns argumentos, no meu entender meio autoajuda, tem sido repetidos a exaustão sobre como os crentes ficarão com saudades da igreja e quando forem autorizadas a reabrir será um avivamento. Não consigo enxergar que isso venha a acontecer.

E aí chegamos ao que mais me incomoda. Nesse momento, bares e restaurantes voltaram, academias voltaram, jogos coletivos voltaram, acesso a praia voltou, idas ao shoppings voltaram e igrejas não voltaram. Sem defender a desobediência civil por parte das igrejas, nos parece que algo errado não está certo quando estas, as igrejas, não se manifestam de forma oficial sobre a liberação das reuniões, tampouco pensam de forma proativa como estabelecer reuniões presenciais de forma mais segura.Cuidados gerais, vários cultos ao longo do dia para que o número de membros seja menor em cada reunião, sobretudo em igrejas com vários pastores.

Eu simplesmente não entendo esse marasmo, nem vou elucubrar sobre o motivo deles, mas é muito estranho mesmo que as igrejas e líderes, se submetam tão docilmente a esse afastamento. Será que a praticidade e comodismo do culto virtual está se enraizando na alma de todos? Espero que não.

Não dá para pastores, presbíteros e outras lideranças não buscarem de forma ativa uma maneira de termos as igrejas novamente reunidas. 

Fico mesmo curioso, e temeroso, em pensar que venha uma proibição defintiva de reunião dessas igrejas permitindo que elas continuem virtualmente apenas, o que essa subserviência dócil faria?

Por quanto tempo mais iremos suportar a situação?

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