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Devocional: Efésios 1:3 a 2:10 - Escolhidos para glorificar.




Leia Efésios 1:3 a 2:10

Certamente Eleição e Predestinação são temas que geram debates, muitas vezes acalorados acima do recomendável no meio cristão. Muito do cerne desse debate está na dificuldade de entender e encaixar dentro de nossa lógica humana a Responsabilidade Humana ante a Vontade Decretiva Divina.

Os dois primeiros capítulos de Efésios trazem sem dúvidas uma grande densidade de textos bíblicos claros sobre a nossa eleição incondicional da parte de Deus:[1]

·      “... assim como nos escolheu ... antes da fundação do mundo.”- 1:4
·      “... nos predestinou para ele ... segundo o beneplácito de sua vontade”- 1:5
·      “... nos concedeu gratuitamente ...” – 1:6
·      “... desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito ...”- 1:9
·      “... predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” – 1:11
·      “... vos deu vida ...  estando mortos ... “ – 2:1
·      “Deus ... que nos amou ... estando mortos ... nos deu vida ...” – 2:4-5
·      “Pela graça sois salvos.” - 2:5
·      “... nos ressuscitou ... “ - 2:6
·      “... salvos mediante a ... dom de Deus ...” – 2:8

Não vai ser esse, no entanto, o foco principal de nossa devocional, mas devo deixar para vocês lá no fim do texto um vídeo do Rev. Augustus Nicodemus onde ele trata da questão de forma simples e objetiva e que penso ajudará bastante a todos o entendimento dos reformados sobre o assunto, com o qual eu concordo.

Mas partindo da premissa de nosso chamado, a partir do decreto eterno de Nosso Deus, sim, essa é minha visão que entendo como bíblica, a pergunta que queremos fazer é fomos escolhidos para quê?

Da mesma forma que esse texto de Efésios nos traz essa verdade da escolha divina, ele nos traz as razões para as quais Deus nos amou, nos escolheu, nos predestinou, nos chamou, nos regenerou, nos justificou e nos glorificará. Vejamos.

1.   “... para sermos santos e irrepreensíveis perante ele ...”

É necessário o  sacrifício feito por Cristo para nossa santificar e nos tornar dignos de estarmos na presença do Senhor, e para isso não pode haver qualquer traço de pecado em nós. Não queremos afirmar que não pecamos mais depois da conversão ou menos ainda que perdemos nossa salvação ao pecar, mas que somos integralmente justificados.  

Mas por outro lado essa condição nos obriga a buscarmos incessantemente agirmos como íntegros na busca dessa santidade e da irrepreensibilidade diante do Pai.

2.   “... para louvor da glória de sua graça ... sermos para louvor da sua glória ...”

Deus faz tudo, e as vezes é difícil para entendermos, para sua própria Glória, para o Seu próprio Louvor. Deus requer de nós gratidão e adoração.

3.   “... derramou abundantemente ... sabedoria e prudência ... pleno conhecimento dele”

Somos agraciados com a benção de termos nossa visão aclarada para andarmos com conhecimento, sabedoria e prudência em nossos caminhos.

4.   “... feitos herança ... selados pelo Espírito”

As Escrituras quando tratam de filhos trazem sempre duas verdades abençoadas e abençoadoras para Pais e Filhos. Os filhos são abençoados pelos pais retos e justos e recebem desses a herança da honra e da virtude dos mesmos. De forma similar os filhos retos e justos honram e glorificam seus pais ao serem notados com louvor. Assim deve ser nossa relação com Nosso Pai Celeste, a medida que somo honrados na herança, devemos refletir em nosso comportamento essa santidade que glorifica o Pai.

5.   Não sermos mais “... filhos da ira ...” nem andarmos mais “... segunda as inclinações da carne ...”

Não há nada que possamos fazer,  nem nada que possa nos afastar do amor de Deus, mas como Paulo nos ensina claramente, a Graça Divina abundou mas nós andaremos cada vez mais em pecado para que ela superabunde.[2] Somos eleitos para apresentarmos o fruto do Espírito Santo[3] que não é atingido pela Lei.

6.   Para “... andarmos nas boas obras ...”[4]

É uma consequência inexorável para um cristão o andar pelos bons caminhos, em buscar fazer o que é justo e certo, ser íntegro, honesto, fiel e verdadeiro. Não há como ser cristão sem essa busca constante, e não é ela que nos faz cristãos, mas como dito é uma consequência direta do ser cristão andar nas boas obras.

7.   Para “... nos assentarmos ... nos lugares celestiais”

Sim. Maravilhosa promessa, Deus nos elegeu para desfrutarmos das riquezas da glória e da graça vivendo eternamente nos lugares celestiais os Jesus foi preparar-nos lugar.[5] Lugar esse onde Deus nos mostrará ainda mais a “... riqueza da graça ... bondade ...”

Voltando um pouco a nossa eleição e predestinação, o mais importante é mantermos o foco de para quê fomos feitos filhos por adoção em Jesus Cristo.




[1]  Tabela extraída da Bíblia de Estudo de Genebra
A Graça salvadora de Deus (1.7)
Beneficio:
Bênçãos espirituais em Cristo nas regiões celestiais (v. 3); remissão dos pecados (v. 7)
Origem:
Escolha divina na eternidade (v. 4); o beneplácito da sua vontade (v. 5)
Propósito:
Sermos santos e irrepreensíveis (v. 4); convergência em Cristo (v. 10)
Privilégio:
Adoção na família de Deus por meio de Cristo (v. 5)
Preço:
O sangue de Cristo (v. 7)
Meios:
Pregação da Palavra, que conduz à fé em Cristo (vs. 12-13)
Garantia:
O Espírito Santo como penhor da nossa herança (vs. 13-14)
 [2] Romanos 5
[3] Gálatas 5:22,23 – “... amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio...”
[4] Não confundir boas obras como sendo exclusivamente ações assistenciais, isso faz parte, mas elas se referem de forma bem mais ampla a qualidade geral do caráter e integridade do cristão. “Boas obras são, contudo, consequência e evidência essenciais de vida com Deus (Tt 2.14; 3.8,14; Tg 2.14-26). Deus nos escolheu para fazer-nos santos filhos e filhas 11.4-5) e ele nos fez para sermos novos portadores de sua imagem 14 24). designados para uma vida em conformidade com o caráter de Deus 14.1-6.20).”- Bíblia de Estudo de Genebra
[5] João 14:1

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