A partir dessa postagem vou
entrar nesse assunto espinhoso da reportagem do Fantástico feito pelo Drauzio
Varella com o autonominada Suzy Oliveira, nascido Rafael Oliveira. Me perdoem
os ideólogos de gênero de plantão, mas vou tratar as pessoas não pelo que elas
se identificam mas na forma como nasceram. Da mesma forma que as pessoas tem o
direito de achar que são o que quiserem ser, eu tenho o direito de achar que elas
são o que são .
Espinhoso porque o assunto sempre
é tratado carregado de preconceitos de vários matizes e de uma carga de
ideologia fortíssima.
Vários aspectos e nuances podem
ser encarados nesse assunto. Claro que todos os pressupostos que tratarei aqui
estão envolvidos e submetidos a uma cosmovisão cristã reformada, e não teria
como ser diferente no meu caso.
Tratando no entanto do que muitos
considerarão a parte mais humanística do assunto. É muito claro que, talvez não
de forma proposital, a reportagem do Fantástico e mesmo o dr. Drauzio Varella, enveredaram
pela via ideológica arraigada de pintar e reforçar o lado humano de pessoas que
cometeram crimes, e que muitas vezes, se não a maioria das vezes, exagerarem em
colocar criminosos como vítimas da sociedade ou de um contexto maior que os
levou quase que por causas totalmente externas a cometerem crimes, mesmo os
mais hediondos como foi esse caso.
Já existe muito debate na mídia
sobre a forma no mínimo irresponsável jornalisticamente falando ou mesmo
canalha como a reportagem foi conduzida, omitindo, propositalmente ao que
parece, o crime cometido pelo Rafael Oliveira, isso fica claro em que os crimes
mais leves cometidos por outros presos foram citados . Uma análise bem ácida e
direta com a qual concordo totalmente pode ser vista aqui no programa Pingos
nos Is feita pelo Augusto Nunes e pelo Vitor Brown.
O Rafael Oliveira foi abandonado
pela própria família pelo crime que cometeu, ou crimes já que ele já tinha
cometido abuso contra menores da própria família. Ele não está preso por ser
homossexual.
Uma outra noção que precisa ser
mudada é essa que criminosos são apenas pessoas que se enganaram e precisam
apenas de amor, carinho e cuidado para sofrerem a ressocialização. Além desse argumento ser
falho por desconsiderar a própria natureza maléfica do homem, e o estado de
depravação total da raça humana, capaz dos crimes e pecados mais horrendos
(vide Romanos 1), entregues ao próprio pecado, ela em geral é seletiva e
subjugada pelo ideário progressista.
Não me recordo de nenhuma
tentativa de se criar empatia com o casal Nardoni por parte da mídia, ou mesmo
deixar como plausível a mudança de vida do Guilherme de Pádua, ou ainda com o
Bruno, ex goleiro. E olhe que esses últimos já cumpriram suas penas de acordo
com a justiça, pelo menos a parte da reclusão.
Existem estudos que defendem a
tese de que criminosos sexuais são sim doentes, porém incuráveis. Em determinados
estados americanos um criminoso sexual depois de solto passa o resto da vida em
condicional tendo que reportar regularmente seu endereço e trabalho sob pena de
ser recluso novamente. Algumas cidades obrigam até avisar a vizinhança de que é
um criminoso sexual.
Dito isso entramos na seara mais
ligada a visão cristã da questão. Logo se formaram dois blocos . Dos que se
aferram ao perdoar sempre, e dos que para certos crimes e pecados não há solução.
Tratando a pergunta inicial da
postagem, não há distinção no pecado perante Deus. Todos pecaram e estão
destituídos da glória de Deus. (Rm 3:23) No aspecto de possibilidade de
arrependimento e de regeneração não há pecado maior ou menor que impeça ou
facilite a ação divina. Deus salva e regenera quem ele quer, quando ele quer e
nas condições que ele quiser.
Porém também é inegável que a
punição dos pecados é proporcional às suas consequências e repercussões. Não há
até o momento qualquer indicativo de arrependimento do tal Rafael, Moisés e
Davi por exemplo se arrependeram dos seus atos criminosos. Porém mesmo assim
ambos arcaram com punições severas em suas vidas. O Rafael deve cumprir sua
pena. E ela deve ser penosa, muito penosa mesmo. Uma disciplina, ou punição ou
pena como queiram não é apenas um castigo ao criminoso, sim é também um castigo
e não meramente algo educacional. Ela é educacional mais ainda para os que
ainda não cometeram crimes, o receio de ser punido ajuda em muito a nossa
limitação auto imposta de não cometer certos atos. É de muito ingênuo pensar
que o que refreia nossa natureza é somente nossa consciência, nosso medo em
sermos pegos, desde a mais tenra infância, nos leva muitas vezes a refrear
nossos instintos.
Um eleito pode cometer crimes
terríveis. Sim. Moisés e Davi são dois bons exemplos. Não existe limites para o
mal da natureza que não seja uma ação do prório Deus de acordo com Sua Santa,
Boa e Agradável vontade.
A tradição católica nos encheu a
mente com o “bom” ladrão. Romanos não eram conhecidos por sua bondade nos
castigos aplicados, mas a morte por crucificação era destinada apenas a quem
eles consideravam como traidores e tendo cometido crimes graves contra a
sociedade. Não era uma pena tão comum assim pelo menos não naquele momento do
império Romano. O que aquele ladrão fez de positivo que conhecemos que não
tenha sido sua pública profissão de fé ali na cruz?
Criminosos podem sim se
converter, aliás eu sou um deles, eleito apesar de todos os defeitos e pecados
que cometi e cometo, porém pela graça e amado por Deus, não por méritos, mas
apenas pela Sua própria vontade, aqui estou.
O Rafael pode se arrepender e se
converter, creio que sim, merece ser tratado como ser humano mesmo que não
ocorra, penso que sim, mas não há a possibilidade de apagar seu crime,
sobretudo da memória da família daquele garoto assassinado de forma tão vil.
A mensagem do evangelho pode e
deve ser pregada ao Rafael, não nos cabe decidir quem é merecedor da salvação
(!?) . E se ele se converter, o que
implica inclusive voltar a ser Rafael e não mais Suzy, mesmo assim sua pena
deverá ser cumprida integralmente conforme manda a lei, e depois disso ser
solto e viver debaixo da graça com o perdão divino, isso não implica que as consequências
de seus atos não o perseguirão por toda a vida de alguma forma.
Se o Drauzio Varella o tivesse
abraçado e oferecido apoio de forma privada nada teria a comentar, na hora que
faz isso na TV em horário nobre merece todas as críticas que tem recebido, ali
ele não era médico e sim jornalista, e emprestou seu nome a uma ação,
deliberada ou não, ideológica, tentando minimizar um crime hediondo e cuspindo
na cara da família do garoto, imaginar que a equipe de TV toda não sabia de
qual crime o Rafael era condenado é de uma ingenuidade sem tamanho, a ideologia
não pode se sobrepor a empatia que a família do menino assassinado com tanta
crueldade merece.
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