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Os Maravilhosos e Absolutos Atributos de Deus!




Sobre os atributos de Deus temos muitas referências bíblicas, porém em nenhum local da Bíblia encontraremos uma lista completa e clara destes atributos nem um arrazoado sobre como eles se manifestam de forma exata, porém podemos tecer algumas conclusões com um olhar completo sobre a Palavra.

Não é nosso objetivo aqui fazer um tratado sobre os atributos, mas apenas declarar alguns princípios que de certa forma ajudem a nortear o estudo e o entendimento que se faça de cada um deles.

Inicialmente tratemos que é impossível ao homem ter uma compreensão completa do Ser de Deus, conhecemos apenas o que ele nos revelou, existe certamente muito mais em Deus do que aprouve a Ele nos revelar nas Escrituras. Essa é outra questão, apenas na Bíblia podemos encontrar informações que nos revelam um pouco do Ser de Deus e isso é revelado exatamente nos Seus atributos.

Ao invés dessa visão parcial causar desconforto devemos ter em mente que Ele certamente nos revelou tudo o que de fato precisaríamos saber.

Voce não encontrará uma lista única dos atributos de Deus, nem na Bíblia, nem em nenhum compêndio de teologia. O que segue abaixo é uma lista que não se pretende completa. Notem no entanto que os atributos comunicáveis não os são na sua plenitude aos homens, mas de forma parcial os exercemos visto que somos embotados pelo pecado.

Os atributos incomunicáveis de Deus

1- Asseidade: significa que Deus é auto-existente, e não necessita de nada nem ninguém para continuar a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém fora de si mesmo para ser o que é. Obviamente a asseidade de Deus está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).

2- Eternidade: significa que Deus sempre existiu, Ele não foi criado por ninguém e está acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2). Ele não tem começo nem fim, e existe sem sucessão de momentos, ou seja, para Ele não existe passado, presente e futuro, pois seu presente é sempre a própria eternidade.

3- Unidade: significa que Deus é um e que todos os atributos dele estão inclusos em seu ser o tempo todo. A doutrina da Trindade não contradiz esse principio, pois as três Pessoas distintas formam um único Deus, ou seja, sua essência é indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5).

4- Imutabilidade: significa que Deus não muda jamais, ou seja, tanto Seu ser como Suas perfeições não sofrem qualquer alteração, e Ele não muda, de forma alguma, os Seus propósitos e promessas (Tg 1:17). Aqui é importante entender que qualquer tipo de alteração que as Escrituras pareçam sugerir é apenas figuras de linguagem para que nós, humanos, possamos compreender de forma mais didática o relacionamento dele conosco.

5- Infinitude: significa que Deus é infinito em seu ser e não sofre qualquer tipo de limitação. O tempo e o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a qualidade da infinitude seja um dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por parte dos homens. Geralmente os estudiosos entendem que a infinitude de Deus também aparece revelada através de outros atributos, como a onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.

6- Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Sua presença é infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda plenitude do Seu ser (Sl 139).

7- Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap 1:8).

8- Onisciência: significa que Deus conhece todas as coisas de modo completo e absoluto. Seu conhecimento é infinito e não está sujeito a qualquer limitação. Ele não precisa pedir nenhuma informação, bem como nunca possui dúvidas (Sl 139; 147:4).

9- Soberania: significa que Deus controla todas as coisas, pois Ele próprio é soberano e supremo sobre tudo e todos. Ele é quem governa o universo e conduz a História segundo os seus propósitos eternos. Também é importante saber que a soberania de Deus não anula a responsabilidade humana, e nem a responsabilidade humana descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).

Os atributos comunicáveis de Deus

10- Amor: a Bíblia declara explicitamente que “Deus é amor” (1Jo 4:8). O amor, como um dos atributos de Deus, deve ser entendido, sobretudo, pelo aspecto do que os escritores do Novo Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor profundo e incondicional, que ao mesmo tempo em que revela grande afeição, também revela cuidado, zelo, correção e abnegação.

O apóstolo Paulo escreveu que o amor de Deus é derramado no coração dos cristãos genuínos (Rm 5:5). Certamente a maior manifestação do amor de Deus foi enviar Jesus, seu Filho, para morrer por pecadores. Esse ato imerecido é designado como graça (Ef 2:4-8). Aqui mais uma vez vale ressaltar que o atributo do amor não anula os atributos da santidade, justiça e retidão.

A própria obra de Cristo no Calvário deixa isso muito bem claro, pois se por um lado vemos seu infinito amor ao enviar seu próprio Filho, por outro vemos que esse ato serviu para satisfazer a sua justiça e santidade. Se Ele fosse mais amor do que justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter perdoado os pecadores sem precisar sacrificar seu próprio Filho.

Logo, não existe qualquer base bíblica ou fundamentação lógica para dizer que os demais atributos de Deus estão sujeitos e subordinados ao seu atributo do amor, resultando, como já foi dito, na heresia do universalismo, ou, em alguns casos, no próprio aniquilacionismo.

11- Bondade: esse atributo está diretamente ligado ao atributo do amor, enfatizando a benevolência de Deus para com suas criaturas. A bondade de Deus também implica na realidade de que tudo o que Ele faz é essencialmente bom e legítimo, mesmo que o homem não compreenda (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5; 119:68; At 14:17).

12- Misericórdia: a misericórdia é outro atributo que também está ligado ao atributo do amor, e revela a compaixão e piedade Deus para com os miseráveis e angustiados (Ef 2:4,5). Na verdade, além da misericórdia e bondade (citada acima), existem várias outras características de Deus que estão relacionadas ao atributo do amor, como por exemplo, a benevolência, a benignidade e a longanimidade.

Através do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, percebemos que muitos dos atributos comunicáveis de Deus são compartilhados com os cristãos através do fruto gerado pelo Espírito Santo.

13- Sabedoria: significa que Deus é infinitamente sábio, de modo que Ele próprio é a fonte da sabedoria. O profeta Daniel entendeu isso ao dizer que “dele são a sabedoria e a força” (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33). Além disso, devemos entender que a sabedoria de Deus é completamente superior à sabedoria dos homens (Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17).

14- Justiça: significa que Deus é plenamente justo e perfeito em sua retidão. Não há injustiça em Deus, e dele não provém nenhum tipo de desigualdade. Ele sempre é correto, e seus juízos são perfeitos (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31). Muitos estudiosos também detalham o atributo da justiça em outras características específicas, como a retidão e a equidade.

15- Santidade: significa que Deus é completamente separado do pecado, e totalmente comprometido com sua honra. Ele nunca está relacionado a qualquer coisa impura ou qualquer comportamento indigno (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap 4:8). O atributo da santidade em Deus exige que os pecadores estejam separados dele, a menos que estes sejam justificados pelos méritos de Cristo, sendo feitos nele santo.

16- Veracidade: significa que Deus, e tudo o que provém dele, é necessariamente verdadeiro, infalível e absolutamente confiável (Hb 10:23), de modo que Ele é o próprio Deus verdadeiro (Jo 17:3). O atributo da veracidade também expressa a fidelidade de Deus, ou seja, tudo o que Ele revelou de si mesmo é genuíno, e por ser fiel, Ele nunca fará nada que afronte a sua própria natureza ou contradiga sua palavra.

17- Liberdade: significa que Deus não precisa de nada nem ninguém para fazer o que quer, ou seja, Ele é completamente livre para executar sua vontade (Mt 11:26; cf. Is 40:13,14) de acordo com a perfeição de sua natureza, ou seja, apesar de ser completamente independente e livre, isso não significa que Ele seja livre para pecar, mentir, deixar de ser Deus ou mesmo morrer, pois trais coisas contrariam seu próprio ser.

18- Paz: esse atributo de Deus nos revela que nele próprio, ou em qualquer uma de suas ações, não há nenhum tipo confusão ou desordem. Gideão entendeu essa qualidade de Deus quando declarou “O Senhor é paz” (Jz 6:24).

Erros na interpretação dos atributos de Deus

Muitas pessoas por falta de conhecimento destes atributos fazem considerações a respeito do caráter de Deus que chegam a afrontar a perfeição de seu Ser.

Um desses erros está exatamente na tentação de superlativizar um ou mais atributos em detrimento de outros. Um exemplo muito comum é ênfase que se dá ao amor de Deus de tal forma que passam a ideia que este atributo se sobrepõe em importância e ação a outros atributos como a justiça. Apresentam não como se Deus não fosse totalmente justo, poucos se atrevem a isso, mas apresentam uma justiça mesmo total, como se possível fosse, subordinada ao Seu amor.

Essa ênfase em alguns atributos mais do que a outros pode nos levar a heresias por conta do falso entendimento do Ser de Deus.

A Bíblia nos demonstra que todos os atributos de Deus são plenos em Seu Ser. Todos são absolutos. A verdadeira doutrina bíblica é a de que Deus é todo amor e é todo justiça.

Talvez a compreensão sobre isso fosse melhor se usássemos os atributos de Deus como substantivos e não como adjetivos. Deus é AMOR, não apenas amoroso, DEUS é JUSTIÇA, e não apenas justo. Com isso queremos dizer que Deus precede, aliás como em tudo posto que é eterno, aos conceitos. Deus não é amoroso porque age com amor, Ele é a própria definição de amor. Deus não é justo por age de forma justa, Ele é a própria definição de justiça. Deus precede as definições. Tudo que Deus faz é amoroso, é bondade, é justiça, etc, independente de nossos conceitos humanos sobre isso. Uma questão que causa incomodo mas que claramente a Palavra nos ensina que é assim, é que o vaso criado para ira e para perdição não pode reclamar de assim ter sido feito (Romanos 9).

Os atributos de Deus se complementam ao invés de se excluírem mutuamente. O homem continua sendo homem mesmo que não tenha alguns de seus atributos humanos. Deus, diferente disso, não poderia ser Deus se lhe faltasse um de seus atributos, pois Ele é perfeitamente expresso em cada um deles.

Um exemplo muito prático sobre essa questão do equidade dos atributos em Deus é essa aparente paroxismo entre amor e ira. Muitos rebatem o equilíbrio se apegando ao amor demonstrado por Deus para com os seus. Isso na verdade diminui o sacrifício de Cristo na cruz, o que o amor de Deus fez não foi anular a sua santa e justa ira, mas direciona-la para o Deus encarnado, Jesus, o Cristo, o Cordeiro Perfeito imolado por nós. A ira santa e justa de Deus não foi retida, mas aplicada cabalmente como Ele mesmo decretou. Esse tipo de compreensão que devemos ter ao estudar os atributos de Deus.




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