Construi esse post a partir de algumas perguntas que me foram propostas
O que são desigrejados?
Toda rotulagem envolve um certo
risco de simplificação demasiada mas, por outro lado é necessária para algumas
explicações.
No meu entender existem alguns
fios condutores que são comuns aos que costumamos classificar como
desigrejados:
1. Em
geral condenam a instituição igreja do ponto de vista de organização humana;
2. Combatem
ferozmente o pastorado sobretudo se envolver remuneração;
3. Refutam
qualquer ideia de dízimo;
4. Não
acreditam na autoridade da igreja para disciplinar os membros sobretudo com
afastamento temporário da comunhão;
5. Alguns
defendem interpretações literalistas de textos específicos enquanto outros
defendem um liberalismo interpretativo;
6. Rejeitam
a existência de locais de culto tais como os chamados templos.
Quais as razões?
Na maioria dos casos quando
investigado lá no fundo a principal razão que faz nascer um desigrejado está
ligado ou a decepção ou a mágoa sofrida ao se aproximar de uma igreja institucional,
ou uma total rejeição a submissão a uma autoridade eclesiástica, ou a
dificuldade de conviver em comunidade onde existem diferenças de pensamento, ou
ainda a não aceitação de doutrinas que os confrontam em seus comportamentos.
É possível permanecer na fé?
Aí já vamos entrar numa questão
bem mais complexa. Não me atreveria a taxar os desigrejados como não eleitos,
da mesma forma que não taxo 100% dos igrejados como eleitos e salvos. Cada caso
é uma situação específica que precisa ser analisada individualmente.
Pode-se até afirmar que boa parte
dos desigrejados de fato não querem compromisso algum e sim viver de acordo com
os próprios padrões rejeitando toda e qualquer submissão, o que por si só depõe
contra eles. Por outro lado a Bíblia afirma que não devemos deixar de nos
congregar, o risco é grande, e mesmo nos pergunta de forma retórica como uma
brasa pode continuar acesa estando fora do braseiro. No entanto nem toda igreja
institucional é de fato um braseiro.
A igreja tem culpa?
Em muitos casos sim, como concluímos
o parágrafo anterior, existem igrejas que nada tem de braseiros. É muito comum
líderes usarem uma frase de efeito tipo se achar uma igreja perfeita não entre
porque ela deixará de ser perfeita. Essa é uma daquelas afirmações que
são plenamente verdadeiras mas que no entanto trazem intrínsecas uma desculpa
para não combater idiossincrasias que nada tem de positivo na convivência cristã,
e a acomodação de líderes em não enfrentar problemas claramente existentes
dentro do rebanho.
Por outro lado temos hoje em dia
verdadeiras empresas, lucrativas, usando e abusando da boa fé, ou mesmo da
falta de capacidade de pensar de muitos. Aproveitando-se da ignorância de
muitos lançam tentáculos que só buscam extorquir financeiramente. Ou ainda
aquelas igrejas e líderes que lançam pesadas obrigações de comportamento
anulando a graça e judaizando os membros.
Mas mesmo igrejas tradicionais e
mais centradas muitas vezes contribuem, em geral as maiores em mebresia, ao
fomentarem clubes de afinidades internamente, muitas vezes impenetráveis e que
excluem qualquer diferente, em qualquer sentido que for.
Em defesa da igreja
Não vamos encontrar na Bíblia uma
instituição claramente definida, no entanto existem diversas indicações que
existia sim uma instituição já organizada ainda na contemporaneidade dos apóstolos.
Existe a inegável realidade da igreja local organizada com cultos,
liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições e etc. (At
2:46,47; 1 Co 14:6; 6:1-6; 13:1-2; Ef 4:11-12; Hb 13:17; 1 Co 16:1; Rm
15:26; 2 Co 9:1-13; Hb 7:8; Lc 11:42).
Concluo defendendo a ideia do
igrejamento, mas não sem reconhecer que as instituições em muitos momentos tem
contribuído para que pessoas se afastem ou mesmo sejam afastadas da convivência
por usos e costumes, ou mesmo erros doutrinários. Sendo um fenômeno que cada
vez mais se alastra urge a verdadeira igreja espiritual mas manifestada na
forma física de instituições gastar tempo e esforço em entender os motivos e
trabalha-los.
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