Me deparei por esses dias com essas duas postagens na minha time line. Existem outras tantas rolando, sempre passando a ideia de que Jesus era um defensor de criminosos.
Vou tratar disso mais a frente, mas o que me surpreende é ver alguns cristãos maduros repetindo a exaustão esse mesmo mantra.
Existe um tendência a crentes trazerem suas ideologias políticas e a tentarem defender como bíblicas. Primeiramente quando Jesus é testado em relação aos impostos ele deixa bem claro que apesar de sabermos que Deus tem poder e senhorio sobre tudo, essas questões administrativas não eram a missão de Jesus. Portanto pare de tentar achar na Bíblia alguma defesa para comunismo, socialismo ou capitalismo, mesmo porque na época de Jesus não existia nada disso, o modelo econômico da época era o da livre iniciativa de economia familiar. E o regime político trafegava entre o imperial com nuances que iam do ditatorial a leve liberdade. Nada de democracia ou república como se percebe hoje, apesar que mesmo esse conceito de democracia hoje em dia em bem fluído.
Mas voltando a questão principal, será que Jesus defendeu mesmo bandidos? Sem nem mesmo precisar nenhuma grande exegese não encontraremos nenhuma passagem que dê a menor margem a se pensar nisso. Se não vejamos. As principais passagens que alguns acham para defender essa estapafúrdia ideia são a parábola do Bom Samaritano, o evento da mulher adúltera e o ladrão na cruz.
Na Parábola do Bom Samaritano Jesus estava mostrando a falta de amor ao próximo por parte de líderes religiosos apegados ao legalismo. Impossível achar qualquer brecha para entender o personagem como um bandido. Aliás os malfeitores são bem delineados, tendo saqueado o homem, batido nele e o deixado para morrer.
No evento da Mulher Adúltera de fato temos uma pessoa que segundo a lei mosaica deveria ser apedrejada até a morte, mas também ali fica claro que Jesus estava condenando a hipocrisia e o falso moralismo das pessoas que a trouxeram, além de saber que aquilo era um teste contra ele próprio, como o texto deixa bem claro. Importante lembrar que o homem pego em adultério também deveria cumprir a mesma pena, e ele sequer é trazido, reforçando a questão do falso moralismo.
Ainda nesse evento não vemos Jesus tecendo qualquer comentário sobre a vitimização da mulher adúltera, tentando de alguma forma justificar o ato dela, muito pelo contrário em uma sentença direta e objetiva ele diz "não peques mais", não existe margem alguma para entender que Jesus defendeu-a, e sim que ele não a condenou a morte e que sim Ele condenou a falsa moralidade dos que a acusavam.
O Ladrão na Cruz foi salvo, mas não porque Jesus achou motivos para defende-lo, mas por ele ser um eleito, ter feito sua profissão de fé e ter assim sido regenerado e justificado, mas mesmo assim, ele mesmo reconheceu que estava pagando as consequências de seus atos, e não se escorando em algum aspecto de sua vida. Vale lembrar que o outro ladrão ao que tudo indica morreu em pecado mesmo e permaneceu condenado.
Claro que todo mundo sabe que essa discussão veio na esteira do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco. Condenável sob qualquer aspecto. Aliás, condenável como quase todos os 60 mil mortos no Brasil anualmente. Esse fato gerou de imediato um movimento dos partidos de esquerda, PSOL, PT e PCdoB tentando capitalizar essa morte num ideário de crucificação da PM, que depois migrou para a PF e respingaria na intervenção militar.
Não gosto de tratar, acho que nunca fiz isso, de ideologias políticas aqui, mas nesse post é inevitável.
Em seguida surge um movimento de pessoas que se classificam como de direita tentando jogar lama na morta como se isso justificasse o assassinato dela, mesmo que seja verdade.
Pessoalmente acho deplorável ambas posições, principalmente porque não se sabe ainda, se é que saberemos ao certo como tantos outros casos, quem são os autores materiais e intelectuais de tal ato. Mas é importante ressaltar que a mídia está dando uma ênfase maior a esse assassinato do que a outros tantos.
Sinceramente, não concordo e acho perniciosas as posições adotadas pelo partido de Marielle, a qual sinceramente nem conhecia até este evento, mas mesmo que ela como o programa do PSOL e de outros partidos de esquerda defendam por razões que não vou tratar aqui essa bestialidade de glamourizar bandidos, mesmo assim o assassinato dela é brutal, trata-se de um crime hediondo, horroroso que deve ser punido exemplarmente, quem quer que seja o autor.
Concluindo o que me incomoda é ver, como disse mais acima, cristãos antigos, tentarem usar a Bíblia e o próprio Jesus para defender posições ideológicas, mesmo que tentem dizer que essa não é razão. Vender a Palavra em nome de uma ideologia qualquer que seja é pecado, mesmo que se não admita.
E não meu irmão, as Sagradas Escrituras não tem qualquer comunhão com Marx, Engels, Gransci, nem com ideologias fascistas, comunistas, socialistas, bolivarianas. Leiam por favor o pensamento econômico de Calvino, possivelmente o melhor tratado da cosmovisão correta sobre trabalho e economia.
Mas isso é papo para muitas horas, mas principalmente, parem de pecar, tentando distorcer a Bíblia em nome de uma ideologia.
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