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Ehyeh Asher Ehyeh





E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?

Daniel 4:35

E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

Êxodo 3:14


A cada ano se repetem algumas tragédias geradas pela natureza. São tsunamis, terremotos, inundações. Ou ainda algumas geradas pela ação ou omissão humana, como o incêndio na boate Kiss, assassinatos de trabalhadores, de jovens, de crianças. Nos defrontamos ainda com a fome, doenças.

Já viraram lugar comum os questionamentos sobre onde está Deus quando coisas como essas acontecem. Perguntas acerca da providência divina.

Se Deus é poderoso e bom, como pôde acontecer tamanha tragédia? Se Ele é onipotente e nada fez, resta-nos pensar que não é bom. Mas, se Ele é bom e nada fez que pudesse evitá-la, a conclusão óbvia é que não é onipotente? 

Diante dessas perguntas muitos cristãos costumam sair em defesa de Deus, criando teologias mirabolantes para explicar o que não precisa ser explicado. Ou caem no determinismo de uma relação de causa e efeito, entre pecado e castigo, numa linha meio fundamentalista, ou tendem a criar um Deus passivo e ausente da Sua própria criação, como alguém que criou personagens que seguem seus rumos sem que Ele interaja. Esses são os adeptos ou simpatizantes do Teísmo Aberto.

Segundo o Rev. Ewerton Tokashiki, pastor da IPB e professor do Seminário Presbiteriano Brasil Central : “Os teólogos adeptos do Open Theism têm usado como munição argumentos que questionam a chamada “concepção clássica de Deus”. Como este movimento de “reformar nosso entendimento de quem Deus é” ainda está desenvolvendo os seus tentáculos, não podemos generalizar todos os seus intérpretes, e esperar que todos tenham o mesmo raciocínio e conclusões. Mas o zigoto desta heresia está fecundado e precisa ser abortado.

Deus, simplesmente é Deus. A doutrina reformada reconhece a existência de um único Deus, Todo-Poderoso, que subsiste em três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

A confissão de fé de Westminster, um dos símbolos de fé da IPB nos diz no capítulo II – De Deus e da Santíssima Trindade:

I.             Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, - onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.

Deut. 6:4; I Cor. 8:4, 6; I Tess. 1:9; Jer. 10:10; Jó 11:79; Jó 26:14; João 6:24; I Tim. 1:17; Deut. 4:15-16; Luc. 24:39; At. 14:11, 15; Tiago 1:17; I Reis 8:27; Sal. 92:2; Sal. 145:3; Gen. 17:1; Rom. 16:27; Isa. 6:3; Sal. 115:3; Exo3:14; Ef. 1:11; Prov. 16:4; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; I João 4:8; Exo. 36:6-7; Heb. 11:6; Nee. 9:32-33; Sal. 5:5-6; Naum 1:2-3.

II.            Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda a vida, glória, bondade e bem-aventurança. Ele é todo suficiente em si e para si, pois não precisa das criaturas que trouxe à existência, não deriva delas glória alguma, mas somente manifesta a sua glória nelas, por elas, para elas e sobre elas. Ele é a única origem de todo o ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas e sobre elas tem ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas tudo quanto quiser. Todas as coisas estão patentes e manifestas diante dele; o seu saber é infinito, infalível e independente da criatura, de sorte que para ele nada é contingente ou incerto. Ele é santíssimo em todos os seus conselhos, em todas as suas obras e em todos os seus preceitos. Da parte dos anjos e dos homens e de qualquer outra criatura lhe são devidos todo o culto, todo o serviço e obediência, que ele há por bem requerer deles.

João 5:26; At. 7:2; Sal. 119:68; I Tim. 6: 15; At - . 17:24-25; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; Heb. 4:13; Rom. 11:33-34; At. 15:18; Prov. 15:3; Sal. 145-17; Apoc. 5: 12-14.

III.         Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho.

Mat. 3:16-17; 28-19; II Cor. 13:14; João 1:14, 18 e 15:26; Gal. 4:6.

  
TEMA: ENXERGANDO O EU-SOU NO MEIO DOS ACONTECIMENTOS DO NOSSO DIA A DIA.

Voltando a questão das tragédias, a cosmovisão dos homens em relação a Deus pode ser dividida em três formas de visões diferentes de Deus.


1.    DEUS É UM SER CRUEL E INDIFERENTE AO SOFRIMENTO HUMANO.

Nessa visão temos um Deus que embora seja soberano e poderoso se comporta de forma ausente e indiferente às necessidades da humanidade. Pressupõe-se que Deus tem o dever de cuidar da humanidade e não o faz, logo é responsável, tornando-se culpado de nossas calamidades.

Essa visão nos coloca vitimados por um Deus cruel.

As perguntas que devemos fazer:

a)   Deus gosta do sabor do sangue humano?
b)   Deus cuida de nós por dever, ou por graça?

Deus foi quem nos escolheu para um pacto de amor. João 3:16 nos diz que Ele amou o homem de tal maneira que enviou seu Filho. Deus jogou Sua ira sobre, Sua justiça, sobre Seu próprio Filho nos poupando assim.

Esta é a graciosa mensagem do Evangelho, não tolices medievais ressuscitadas nos dias de hoje que jogam culpa e mais culpa nos ombros da humanidade, como se Deus fosse um Senhor déspota a pisar e humilhar seus vassalos.

2.    DEUS É UM SER AUSENTE, TOLO E / OU INCAPAZ.

Nessa segunda visão Deus é visto como um tolo que simplesmente não sabe o que é melhor para a Sua criação, ou é incapaz de fazê-lo.

Diminuindo assim a Deus e nivelando-O a Sua própria criação. Retira de Deus seus atributos de Onisciência e Onipotência. Porque se Deus sabia e não agiu é porque não pode fazer tudo, e se pode fazer tudo e não fez é porque não sabia o que ia acontecer. Ou num jogo de palavras Ele decidiu não saber para não ter que fazer.

De uma forma ou de outra Deus seria assim incompetente para evitar as calamidades. E assim Deus deixa de ser Deus, já que há uma outra forma maior e mais poderosa do que Ele, sobre a qual Ele não tem controle. Ele passa a ser apenas um observador com ações limitadas e de limitada influência na história humana.

Tolos somos nós ao tentar assumir que podemos perscrutar toda a mente do Senhor.

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR.

Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,

Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.”
Isaías 55:8-11


3.    DEUS É UM SER METICULOSO E CUIDADOSO COM TODA SUA CRIAÇÃO E EM TUDO QUE FAZ.


A terceira e última visão sobre Deus é a que vem do ato de reconhecer que Deus é o Deus revelado na Bíblia, na Sua própria Palavra e mais nada além disso.

Toda criação está, e sempre esteve, sob seu meticuloso cuidado. Nada, absolutamente nada acontece fora do Seu querer. Todos os acontecimentos, mesmo as tragédias mais dolorosas fazem parte de seu propósito eterno.

Ao mesmo tempo que Deus cuida, Ele exerce juízo sobre Sua criação. 

Paulo declara: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Romanos 8:28

É o mesmo Deus que domina sobre tudo, inclusive, sobre o Mal: “Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.
Gênesis 50:20

Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.
Isaías 45:7

Pecadores não são coitadinhos inocentes, e Deus não é terrorista. Aqueles que querem enxergar apenas um Deus bonzinho e amoroso vão ter que encontra-lo fora da Bíblia. Ou tenderão a simplesmente adotar o universalismo. Os outros que desejam apenas um Deus vingador terão que explicar a paciência divina com a humanidade.

Vários dos países, e das pessoas, submetidas a essas tragédias não eram pessoas, nem nações inocentes. Eram pagãos, fortemente arraigados ao pecado e a idolatria. Não. Não estou afirmando aqui que as tragédias aconteceram por isso. Não me cabe afirmar isso, nem que sim, nem que não, e nem a nenhum de nós. O que queremos afirmar é que Deus pode, e a ordem do Seu próprio conselho, de acordo com Seus decretos divinos fazer acontecer tragédias.

Se assim não for, rasguem-se todas as páginas da Bíblia que falam sobre inferno. Como um Deus que não tem poder para agir sobre os vivos, terá poder para agir sobre mortos.

Se Deus releva o pecado da humanidade porque não fez o mesmo com Seus anjos caídos? Eles também não são Sua criação?

O teísmo aberto que quer criar um Deus limitado em sua ação, aproximando-o da Sua criação, tem que abandonar por completo a ideia de inferno e condenação eterna. E aí pergunta-se, para que então o sacrifício de Cristo na cruz.




CONCLUSÃO

Nos diz a Palavra: “A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo.

Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará.

Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao SENHOR, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?

Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.”
Isaías 40:25-28

Recriar a Deus não enxuga as lágrimas dos olhos dos que sofrem. Não há consolo em ouvir: Deus não quis ou não pôde fazer nada! Ou, Deus não previu este acidente.

Ouvir apenas que Deus está chorando comigo, porque não pôde fazer nada, não conforta, apenas aumenta a incredulidade e o desespero.

Se assim for, quem afinal governa o mundo? Deus não é impassível diante do sofrimento.

Na boca do profeta Ezequiel Ele diz: Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o SENHOR. Ao contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? 
Ezequiel 18:23.

Diz ainda Sua Palavra: “O Senhor consola os abatidos. É Ele quem ordena “aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra 
Salmo 46:10.

Da boca do próprio Jesus ouvimos: porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos 
Mateus 5:45.

Portanto ao ser confrontado com esses questionamentos sobre tragédias, lembre-se Deus não necessita de advogados. Não se intimide preocupado em que a pessoa possa não gostar do Deus da Palavra Revelada.

Apresente-o como Ele é. Soberano, Todo-poderoso, criador e mantenedor de tudo, amoroso e ao mesmo tempo justo. O Deus que se revelou a Moisés dizendo simplesmente:

 “Eu Sou o que Sou (Êx 3:15).




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