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A pulverização das denominações ao
mesmo tempo que ampliou as estatísticas de evangélicos na participação percentual
no Brasil, trouxe um outro fenômeno bem forte, a quantidade dos desigrejados,
aqueles que se declaram cristãos mas resistem a se associar a uma igreja, como
os multigrejados, que são aqueles que pulam de uma igreja para outra com
extrema facilidade, dentro ou não da mesma denominação.
a) 4 milhões que se
declaram evangélicos, mas não têm vinculação eclesiástica, 10% do total de
evangélicos.
b) 62% dos desigrejados são egressos de denominações neopentecostais;
c) 63% dos respondentes declararam que voltariam a se vincular a uma comunidade que não apresentasse os vícios e malversações que os afastaram da comunhão;
d) 29% dizem que não pretendem manter vínculo com outra igreja novamente;
e) 5,6 anos é o tempo médio de conversão dos desigrejados.
b) 62% dos desigrejados são egressos de denominações neopentecostais;
c) 63% dos respondentes declararam que voltariam a se vincular a uma comunidade que não apresentasse os vícios e malversações que os afastaram da comunhão;
d) 29% dizem que não pretendem manter vínculo com outra igreja novamente;
e) 5,6 anos é o tempo médio de conversão dos desigrejados.
Não queremos aqui tratar de uma
análise de verdadeira conversão ou não, isso é caso de foro íntimo e que mesmo
partindo da ideia de que pelos frutos conhecereis seria-nos impossível determinar
regras sobre isso.
Vamos, no entanto, tentar analisar
as principais razões dadas por aqueles que se declaram desigrejados.
a.
Casos de despotismo,
b.
Dinastia familiar,
c.
Acepção de pessoas,
d.
Intrigas,
e.
Disputas,
f.
Coação,
g.
Manipulação,
h.
Constrangimento,
i.
Humilhação,
j.
Ofensas,
k.
Ameaças,
l.
Mentiras,
m.
Enriquecimento ilícito por parte das lideranças
pastorais
3. A igreja verdadeira não tem templos;
4. Segundo
Cristo se três estiverem reunidos em nome dEle ali estará a Igreja;
5. No
tempo de Jesus todo seu ministério era improvisado sem estruturas e sem
sistematizações.
Ao contrário do que possa parecer
isso tudo não é uma novidade surgida apenas no final do século XX. Se buscarmos
na história temos defensores do desigrejamento desde o século II.[ii]
É inegável que muitos dos
problemas enfrentados pela igreja cristã no decorrer dos séculos, tais como
corrupção, mundanismo, proximidade com poderes temporais, fascínio pela riqueza
e, principalmente, pela política, tiveram, sim, sua fonte e origem em meio a um
processo de institucionalização, em que, gradualmente, perdeu-se a dimensão e
horizonte proféticos. Mas não dá para jogar na conta da institucionalização
todos os problemas. É um erro desconsiderar a pecaminosidade do coração humano.
Além disso há legados importantes
deixados e que só existem exatamente pelos processos institucionalizados, sem
os quais dificilmente o cristianismo sobreviveria. As heresias foram combatidas
sobretudo através da sistematização dos ensinos e doutrinas bíblicas. Não há
como negar a sistematização clara usada por Paulo e João na maioria de suas
cartas. E a instituição conciliar se apresenta claramente no relato do concílio
de Jerusalém.
O próprio Credo Apostólico que
tanto nos diz sobre o ensino do evangelho só foi possível pela instituição, sem
falar no próprio cânon bíblico.
Uma outra linha de argumentação
dos desigrejados é uma observação platônica e idealizada da igreja primitiva
como se essa não tivesse problemas. Nos relatos temos pecados e disputas entre
irmãos em Corinto, desavenças em Colossos, falsos pastores na Galácia e em
Éfeso, falsos mestres espalhados pela igreja, brigas entre senhoras, lembram de
Sintique e Evódia? Portanto essa visão um tanto exagerada da comunhão absoluta
da igreja primitiva dos primeiros anos não passa de uma distorção da realidade.
Nos parece, no entanto, que o
principal motivo, aquele real no processo de desigrejamento tem muito mais a
ver com a vontade, ou falta dela, de enfrentar as questões da vida no dia a
dia. Parte muito mais de uma vontade de viver “seu” cristianismo com as próprias
regras.
Segundo Augutus Nicodemus[iii]
em ótimo artigo sobre o assunto vemos que se não há no NT uma ordem direta
sobre a estrutura da igreja, há no entanto itens claros que são aplicáveis a
instituição.
1) Jesus fixou clara qual a base
de sua igreja e em momento algum vemos o incentivo a livres-pensadores.[iv]
2) Jesus instituiu o processo
disciplinar, inclusive com a possibilidade de expulsão da comunidade, o que só
faz sentido se ela existir de forma organizada. (Mt 18.15-20).
3) Seguindo orientação de Jesus os
apóstolos criaram igreja, instituíram lideranças.[v]
4) A igreja primitiva produziu declarações
e confissões de fé;[vi]
5) A igreja se reunia
regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20).
Voltando ao ponto vemos os desigrejados
mais como pessoas que são enganadas por si mesmos:
1) Porque é impossível manter
sozinhos a disciplina da comunhão, afastando-se aos poucos da saudável convivência
com a Palavra e com Deus;
2) Porque demonstram amar, mesmo
que filosoficamente, a ideia do cristianismo, mas não enxergam como são
incapazes de vive-la;
3) Condenam a intolerância e
falta de misericórdia da igreja, e nisso se condenam por não exercerem a
tolerância e misericórdia em suas vidas.
Como diz Marcos Botelho em seu
artigo: “Viver em comunidade não é uma proposta apenas para nos sentirmos
melhor, mas para enxergarmos no outro que não somos quem gostaríamos de ser.
Nessa experiência semanal de frustração o Espírito de Cristo nos transforma em
pessoas melhores, mais parecidas com Ele.”[vii]
A Igreja de Cristo enquanto
instituição é imperfeita, posta que composta por justificados ainda não
plenamente santificados e glorificados, e claro por joio ainda não separado do
trigo e assim continuará até que seja plenamente glorificada quando do retorno
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Se assim, nós reformados, assim a
entendemos, também declaramos que precisamos da comunhão de uns com os outros
na igreja militante até que nos tornemos a igreja triunfante. Não podemos ser
cristãos sem ela. “Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião
individualista dos livres-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar
cativos seus pensamentos à obediência de Cristo.”[viii]
[i]
FERNANDES, Carlos. “Desigrejados, fenômeno que cresce”. Cristianismo
hoje. Niterói, edição 37, ano 7, 2013. p. 23. Informações
complementares quanto à pesquisa aplicada pelo BEPEC poderão ser encontradas
nos sites: www.bepec.com.br ou www.genizahvirtual.com.br.
[ii]
OLSON, Roger. História da Teologia Cristã. São Paulo: Vida,
1999.p.30.
[iii]
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2013/09/os-desigrejados.html
[iv]
Mt 16.15-19; 1 Pd 2.4-8; 2 Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10;
Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15
[v]
Mt 28.19-20; At 6.1-6; At 14.23; 1 Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14; 1Tm 3.1;
5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14
[vi]
Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11;
[vii]
http://ultimato.com.br/sites/marcosbotelho/2013/07/01/um-recado-aos-desigrejados/
[viii]
Idem iii
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