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Tolices que cantamos VII - Aquele que está feliz diga Amém!




Tem uma musiquinha, inha mesmo, muito simpatiquinha, inha mesmo, que volta e meia somos instados a dar uma cantadinha, inha mesmo.

Aquele que está feliz diga amém.
Aquele que está feliz grite aleluia.
Aquele que está feliz bata palmas
Aquele que está feliz cante comigo assim

Com Jesus no coração a gente é feliz
Com Jesus na condução tudo é muito bom

Jesus é alegria, euforia, companhia todo dia
Jesus é o motivo da minha alegria.


Muito bem vamos lá. Primeiro para mim existe uma confusão clara entre alegria, felicidade, euforia e regozijo no conceito apresentado por este música e na filosofia que está por trás dela.

Algumas definições podem variar de acordo com o dicionário:


Alegria - s.f. Forte impressão de prazer causada pela posse de um bem real ou imaginário;

Felicidade - sf (lat felicitate) Estado de quem é feliz; Ventura; Bem-estar, contentamento.  Bom resultado, bom êxito. 

Euforia - s.f. Sensação de bem-estar, de satisfação; 

Regozijo - s.m. Manifestação de contentamento.

Mas o mais importante é a idéia equivocada que existe por trás deste tipo de música que está diretamente casada com a venda de uma felicidade constante, permanente e inabalável daqueles que são crentes. Se voce tem fé fique alegre porque tenha certeza que alcançará a vitória. A frase não está errada, o problema é o conceito que fazemos de vitória. Vitória não é alcançar o resultado desejado e sim saber que este pouco importa diante da nossa salvação eterna.

Costumo dizer que felicidade é mais um estado de espírito, uma decisão, do que uma consequência daquilo que nos envolve. Muitos momentos de dores passamos, momentos em que mesmo duvidamos do cuidado de nosso Deus e precisamos dizer como o salmista, por que estás abatida ó minha alma? Por que te revolves dentro de mim? Sei que muitos ao ouvirem um lamento de um crente, se comportaram com uma postura para lá de orgulhosa como os amigos de Jó.

Frase do tipo: Aquele que está feliz diga glória a Deus, carece de fundamento e de amor cristão, fazendo-nos acreditar que o crente é imune a tudo e que se voce não está num estado de torpor feliz quase imbecil diante de suas dificuldades é porque está em pecado. Por que eu que estou com minha alma abatida não posso glorificar a Deus?

Um outro equívoco é sublimar alegria de tal forma a associa-la intrinsecamente e exclusivamente a salvação. Bobagem repetida pela grande maioria dos crentes que acham que estado de alegria e felicidade só existem dentro do mundinho gospel. Antes de atirarem a primeira pedra, saibam que esse discurso de que fora da igreja só existe dor e pranto é falso como uma moeda de dois reais.

A salvação não nos torna imediatamente super crentes blindados, apenas nos transforma em pecadores justificados, conscientes de nossos pecados e sujeitos ainda a nossa natureza humana que tem que ser subjugada dia a dia, cabendo a cada dia seu próprio mal. E a esperança sim nos dá capacidade de regozijo mesmo nas aflições, "porque estou bem certo que breve tempo de aflição não pode comparar-se a nossa eterna salvação" (Guilherme Kerr)



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