Recentemente tivemos um estudo de lição sobre este
mandamento.
Infelizmente o foco foi quase que exclusivamente na
questão de roubarmos a Deus ao não darmos o dízimo. Já abordei em outros
momentos esta questão e até hoje acho que minhas idéias sobre o assunto são um
tanto quanto polêmicas.
Duvido que exista nas igrejas reformadas alguém que
abertamente combata a idéia do dízimo, muito pelo contrário, voce encontrará
sempre defensores ferrenhos.
Se voce é um assalariado então BINGO, pegue 10% de
seu caraminguá e deposite no gazofilácio e tudo resolvido.
O bicho começa a pegar mesmo quando falamos de
autônomos e empresários. Quanto seria sua contribuição? - Veja bem. Certamente
a frase começa inevitavelmente assim.
Não, de maneira alguma quero aqui fazer um exercício
de cálculo de como deve ser a contribuição de cada um, mesmo porque acredito
que a simples vontade de se perder tempo com esta discussão já denota uma
fraqueza ou um comportamento legalista sobre o assunto.
Alguém conhece um pastor que não defenda com unhas e
dentes o dever da contribuição? Eles estão certos em defender essa idéia. Porém
duas perguntas, onde está em vários deles o mesmo vigor em defender mudança de
comportamento em outras áreas? E quantos deles cumprem com suas obrigações
sociais e tributárias, recolhendo seu INSS e declarando seu IRRF?
Alguém pode estar pensando, mas um erro não anula o
outro. Corretíssimo. E nem é isso que estou abordando. O que estou querendo
chamar a atenção é para o fato de muitas coisas que simplesmente esquecemos por
conveniência ou interesse.
Qual o sentido da palavra usada GANAV no original?
O sentido bíblico envolve muito mais do que
simplesmente questões materiais. A mesma palavra é usada na história do engodo
de Jacó a Labão, no episódio das ovelhas malhadas.
Em Genesis é usada novamente quando Jacó fugiu escondido sem dar
conhecimento a Labão. É usada quando Raquel levou os ídolos de seu pai na
mesma fuga. E é usada também em Jeremias ao citar profetas que
falavam de falsas revelações ao dizer que furtavam as palavras de Deus.
Se entendemos que os Dez Mandamentos são o resumo da
Lei no Pentateuco e que em outras partes desta Lei o verbo furtar (ganav) se
refere explicitamente a furto de objetos (Êx 22.1, 7, 12), engano e falsidade
(Lv 19.11) e rapto de pessoas (Dt 24.7), supõe-se que o oitavo mandamento
abranja todos esses sentidos.
Portanto, o oitavo mandamento proíbe não apenas o
furto no sentido mais comum em nossa linguagem, mas também a mentira, a
falsidade, o engano, a desonestidade e o seqüestro.
No livro o Caçador de Pipas de Khaled Hosseini (um
ótimo livro quem não leu aproveite a dica e leia, não veja o filme, leia o livro) tem uma passagem onde o
personagem principal Amir se lembra de algo que seu Baba (Pai) ensinava sobre
roubo.
É muito ilustrativo para nós, quando ele fala sobre o
conceito do que é roubar. Para ele uma pessoa quando mente, está roubando do
interlocutor a chance de saber a verdade. Quando voce chega atrasado a um
compromisso, voce está roubando o tempo do outro. Quando voce não cumpre uma
promessa está roubando a esperança de alguém.
Existem muitas maneiras de furtar além de apenas não
contribuir para o sustento da igreja. Furtamos ao mentir, ao não estender a mão a um necessitado, ao não consolar os que choram, ao nos atrasarmos, ao
nos omitirmos quando nossa ação é necessária, ao colarmos nas provas, ao
sonegarmos imposto, ao não pagarmos salários dignos, ao não devolvermos o que
nos foi dado a mais ...
Voce provavelmente já está acrescentando mais itens a
essa lista acima.
Cada vez mais penso em o quanto temos sido impostores
em nossa caminhada cristã.
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