“Se for possível, quanto estiver em vós,
tende paz com todos os homens.” - Romanos 12:18
È comum escutar um certo tipo de mensagem,
porém nos últimos dias tenho ponderado sobre uma questão quando escuto
afirmações do tipo: “Voces deveriam buscar o entendimento”, “o confronto não é
bom”, “ao invés de discutir vocês deveriam sentar e conversar”, “é muito ruim
vocês ficarem brigando” etc.
Não quero negar o sentido mais óbvio do
escrito de Paulo aos Romanos, porém quero ponderar sobre a pequena preposição
condicionante do início da frase.
Creio que muitos a encaram exclusivamente como
uma retórica na qual se afirma que sempre é possível buscar a paz, sobretudo se
a ofensa for contra você mesmo.
Entendo ser essa uma redução do contexto geral
no qual a frase está inserida, e muitas vezes usada por comodismo, visto que na
maioria das vezes é usada quando temos que assumir um posicionamento num
determinado conflito, e percebemos que qualquer um dos lados que escolhermos
nos trará dissabores, mesmo que as vezes o lado da justiça esteja clara, envolvemos
a idéia do perdão condescendente, mesmo que o lado que cometa a injustiça não
tenha manifestado seu arrependimento.
O contexto em questão relaciona uma série de
virtudes que pouco tem a ver com acomodação, além de claramente tratar da nossa
relação com os de fora.
Mas retornando a nossa pequena preposição ela
é uma condicionante, e nem sempre a possibilidade de entendimento depende de
nós. È por isso que buscamos muitas vezes justiça, não exercida por nossas
próprias mãos, mas exercida pelo poderes competentes quer sejam poderes da
sociedade civil ou poderes eclesiásticos.
O fato de buscarmos a justiça, não implica
necessariamente em falta de amor, caridade e perdão, nem sempre relevar é
possível, nem mesmo é o melhor. Se assim não fora não haveria o exercício da
disciplina, tudo deveria ser perdoado.
O posicionamento conciliador é importante, mas
não pode servir aos não envolvidos como uma fuga de após escutarem e analisarem
a questão, quando necessário buscarem a conciliação, mas demonstrando
efetivamente assumindo quais os aspectos justos devem ser considerados na
discussão. Assumir sempre uma posição superior, de falsa neutralidade nos
parece mais uma atitude de covardia e acomodação.
O confronte quase nunca é um caminho bom,
porém às vezes é o único possível a ser trilhado.
Comentários
Postar um comentário